Isekai wa Smartphone to Tomoni – Capítulo 39

O Grande Rio Gau e Acessórios

Capítulo 39 – O Grande Rio Gau e Acessórios.

— Mano, isso não é um rio… é um mar! — exclamei, olhando a imensidão de água à minha frente.

Era só água, água e mais água, até onde a vista alcançava. No horizonte, dava pra ver uma faixa de terra bem de leve. Me lembrou quando era criança e vi Hokkaido do cabo Oma, em Aomori. Se for parecido, esse rio deve ter a largura do Estreito de Tsugaru.

Depois de seis dias de viagem, finalmente chegamos a Canaan, a cidade mais ao sul do Reino de Belfast. Agora, íamos pegar um navio até Langley, uma cidade do outro lado, já em Mismede.

Como Canaan é o ponto de conexão entre Belfast e Mismede, a cidade tava cheia de subumanos: ferinos tipo cães e gatos, alados com asas de pássaros nas costas, cornígeros com chifres na testa, e até draconídeos com escamas e caudas grossas. Pelo jeito, humanos e subumanos convivem de boa por aqui.

Chegamos ao cais — que mais parecia um porto — e vimos vários barcos. Eram todos pequenos ou médios, nada de navios gigantes. Pareciam veleiros simples, com poucas velas. Pelo que explicaram, tinha magos de vento a bordo, então o trajeto até o outro lado levava só duas horas. Por isso, barcos simples davam conta.

Deixamos as carroças em Canaan e embarcamos. Do outro lado, teríamos carroças parecidas esperando por nós. Deixei os trâmites do navio com Olga-san, Garun-san e os outros de Mismede, e fiquei olhando os vendedores ambulantes que montavam suas barracas perto do cais.

— Olha, ali tão vendendo bijuterias — apontou Alma.

— E aqui tem tecidos de seda… Tem de tudo, né? — disse Yumina, observando as mercadorias.

Como é a última cidade de Belfast, fazia sentido ter tantas lojinhas de lembranças.

— Touya-san, olha ali… — disse Yumina, apontando.

Seguindo o olhar dela, vi Lyon-san parado na frente de uma barraca de acessórios, com cara de quem tava escolhendo entre broches, anéis e colares. Ele não tinha ido mandar uma carta pro palácio? E, peraí, esses acessórios são todos femininos. Hmm, saquei.

— Lyon-san, comprando lembrancinha pra família? — perguntei, me aproximando.

— Hã? Touya-dono!? É, bem, sabe, pra minha mãe… isso, pra minha mãe! Tô pensando em levar um presentinho — respondeu ele, todo atrapalhado.

— Sei… — falei, segurando o riso.

Tava na cara que não era pra mãe dele. Mas, por consideração, resolvi não zoar.

— Tem bastante acessório legal, né? Alma, escolhe um. Vou te dar de presente, uma lembrança de Belfast — ofereci.

— Sério!? — exclamou Alma, empolgada.

Ela escolheu um broche em forma de uvas, com ametistas representando os bagos. Me lembrou a fábula da raposa e as uvas.

— Ficou ótimo em você, Alma — comentei, enquanto pagava o vendedor.

— Ehehe, valeu! — respondeu ela, sorrindo de orelha a orelha.

Aproveitei pra pescar uma informação que Lyon-san provavelmente queria.

— Será que Olga-san gosta desse tipo de broche? — perguntei.

— Hmm, minha irmã prefere coisas com flores. Ela ama as flores de Élius, sempre compra algo com esse tema — disse Alma, apontando pra um enfeite de cabelo com flores tipo cerejeiras, simples mas elegante.

Lyon-san abriu um sorrisão. Bingo.

— Bom, a gente vai indo. Lyon-san, não demora, hein? O navio sai em breve — avisei.

— Sim, já vou! — respondeu ele, ainda meio nervoso.

Quando olhei pra trás, vi Lyon-san comprando o enfeite de cabelo com flores de Élius e pedindo pra embrulhar.

— Boa jogada, Touya-san — disse Yumina, me elogiando.

— Tô ligado que você percebeu — respondi, rindo. Alma, por outro lado, parecia não ter captado a indireta.

— Mas, sabe, eu também queria um presentinho ali — disse Yumina, com um tom meio brincalhão.

— Desculpa, falha minha — admiti, coçando a nuca.

— Tudo bem. No futuro, um anel no meu dedo anelar esquerdo já vai me deixar bem feliz — disse ela, se agarrando ao meu braço com um sorriso radiante.

Mano, o preço desse “presente” é alto demais! Pensei nisso enquanto voltávamos pro navio.

— Chegamos rapidinho, né? — disse Elsie, descendo do navio.

— Só duas horas de viagem, de gozaru — completou Yae.

As duas carregavam uma caixa com o espelho que seria entregue ao rei de Mismede. Alma e Yumina desceram com as bagagens, seguidas por Kohaku. Por último, desci carregando Lindsey nas costas.

— Desculpa, Touya-san… — murmurou ela, envergonhada.

— Relaxa, não tem problema — respondi.

Lindsey passou mal uma hora depois de subir no navio. Ficar lendo livro durante a viagem não ajudou. Tentei usar [Recuperação], mas não funcionou. Achei que enjôo fosse um estado anormal, mas parece que não. Estranho. Ela aguenta o balanço da carroça, mas o do navio não? Conheço gente assim no meu mundo, então deve ser normal.

Ao descer em Langley, já estávamos em Mismede, o reino dos subumanos. Não é que a paisagem mudou drasticamente em duas horas, mas, comparado a Canaan, aqui tinha bem mais subumanos que humanos. As barracas de rua eram quase todas de subumanos, e a diversidade era impressionante.

— Essa cidade é maior do que eu imaginava — comentei.

— Deve ser porque ainda tá perto de Belfast — respondeu Lindsey, ainda nas minhas costas.

Seguimos Olga-san pelas ruas, observando a cidade, até chegarmos a três carroças idênticas às que deixamos em Canaan.

— E aí, Touya-san? A Lindsey tá mal, então que tal descansarmos hoje e partirmos amanhã? — sugeriu Olga-san, preocupada.

— Não, já tô melhor. Descer do navio ajudou — disse Lindsey, descendo das minhas costas.

Elsie se aproximou dela, com um sorrisinho.

— Podia ter ficado mais tempo nas costas do Touya, sabe, Lindsey? — sussurrou.

— O-o que você tá falando, mana!? — exclamou Lindsey, com as orelhas vermelhas de vergonha.

Tava na cara que ela tava envergonhada de ficar sendo carregada.

— Então, partimos em uma hora. Vou mandar uma carta pro rei ferino — disse Olga-san.

— Eu vou junto! Nunca se sabe o que pode acontecer! — ofereceu Lyon-san, apressado.

— Certo, então vem comigo, Lyon-dono — respondeu Olga-san, com um sorriso.

Os dois saíram juntos, e a cena era tão fofa que me fez entender aqueles tios que adoram arrumar casais.

— Touya-dono, não tem cidades grandes por um tempo. Melhor comprar o que precisar agora — sugeriu Garun-san, o capitão ferino lobo de Mismede.

Combinamos de nos encontrar em uma hora e fomos às compras. Levei Kohaku e, junto com Yumina, comprei comida de emergência, folhas de chá e outras coisas pequenas nas barracas. De repente, senti algo estranho e olhei ao redor, tentando captar alguma coisa.

— Que foi? — perguntou Yumina, notando meu comportamento.

— Tive a sensação de que alguém tava nos observando… Mas acho que foi impressão — respondi.

— Talvez tenham olhado pro Kohaku-chan. Ele chama atenção — sugeriu Yumina.

Em Mismede, tigres brancos são sagrados. Não podem ser mortos nem presos. Se eu tivesse colocado uma coleira no Kohaku, provavelmente seria linchado. Ele tem que parecer estar conosco por vontade própria, o que é meio chato.

— Não, mestre. Alguém realmente estava nos observando. Não era eu, mas vocês. Agora, sumiram completamente — disse Kohaku, por telepatia.

Olhei ao redor de novo. Quem será? Melhor ficar de olho.

Comprei uns dez frutos estranhos (pareciam peras, mas eram laranjas e cheiravam a maçã) e voltei pro grupo. Fui o último a chegar.

— Todo mundo aqui? Então, bora partir — disse Olga-san.

Os guardas subiram nas carroças da frente e de trás. Nós fomos pra do meio, com Elsie e Yae na boleia. Quando íamos entrar, notei um enfeite de cabelo com flores tipo cerejeiras brilhando na cabeça de Olga-san.

— Nossa, que enfeite legal. Ficou ótimo em você — elogiou Yumina.

— Sério? Obrigada — respondeu Olga-san, com um sorriso tímido.

Aposto que Lyon-san deu o enfeite quando saíram juntos. Mandou bem, Lyon!

— Queria que meu crush me desse um enfeite assim. Um presente desses mostra o valor de um homem. Claro, um abraço ou uma atitude que demonstre carinho seria ainda melhor… — disse Yumina, olhando pra mim.

— Beleza, hora de partir! — cortei, subindo na carroça rapidinho.

Yumina deve ser do tipo que guarda rancor. Dar um presente só pra Alma e nada pra ela foi vacilo. Mas abraçar? Isso eu não consigo. Talvez eu deva comprar algo pra ela… Mas, pera, se der só pra Yumina, vai parecer que tô tratando ela diferente. E se for interpretado como presente de namorado? Melhor dar algo pras quatro, como agradecimento pelo dia a dia. Assim ninguém se sente de lado.

Na carroça, peguei o smartphone e comecei a procurar imagens de acessórios pra fazer algo pras meninas com [Modelagem].

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