Kuma Kuma Kuma Bear Volume 3 – Capitulo 54

A Ursa captura os ladroes

Acordei no meio da noite quando Kumakyu se mexeu.

– Kumakyu?

Esfreguei os olhos. Fina estava dormindo tranquilamente ao meu lado. Usei minha habilidade de detecção, tomando cuidado para não acordá-la.

Havia pessoas a certa distância que não estavam lá quando verifiquei antes de dormir. Se o Kumakyu está reagindo a eles, pensei, significa que apareceram agora? Observei por um tempo, mas não pareciam se mover. Talvez estivessem apenas acampando, como nós?

– Kumakyu, me avise se eles se moverem.

Voltei a dormir. Kumakyu não reagiu mais e, quando acordei na manhã seguinte, o grupo ainda estava no mesmo lugar onde eu os detectei na noite anterior.

O café da manhã foi leve e partimos ao nascer do sol. Mantive minha habilidade de detecção ativa para evitar outro ataque de monstros. Meu radar detectou pessoas nos seguindo. Quando parávamos para descansar, eles paravam. Quando voltávamos a andar, eles nos seguiam. O sinal deles sempre mantinha a mesma distância atrás de nós.

Definitivamente era suspeito, mas o que significava? Não havia muitos motivos amigáveis para alguém seguir os outros. Uma possibilidade era que estivessem usando a gente como guarda-costas. Se aparecesse uma ameaça pela frente, nós lidaríamos com ela. Se algo viesse por trás, eles podiam correr e jogar os monstros em cima da gente. Outra possibilidade era que estivessem nos perseguindo. Esse grupo podia ser a equipe de reconhecimento, esperando o momento certo para atacar—ou esperando reforços.

Ainda não sabia qual era o caso.

A carruagem parou, e parecia que havíamos encontrado o local para acampar naquele dia. Quando ativei meu radar novamente, nossos seguidores misteriosos também haviam parado, claro. Era melhor informar os outros.

– Marina, tem um momento?

– O que foi?

Marina olhou para mim enquanto montava o acampamento. Contei sobre as pessoas nos seguindo e o que eu achava disso.

– Embora seja verdade que às vezes as pessoas seguem uma carruagem na frente, normalmente dizem algo antes e fazem um acordo para viajarem juntos. Às vezes o grupo da frente até cobra por isso, então há casos em que os outros ficam a certa distância para evitar pagar.

– Então você acha que está tudo bem?

– Não posso afirmar. Talvez estejam apenas observando. Mas como você sabe disso?

– Meus ursos me avisaram – não mencionei a habilidade de detecção. – E agora, o que fazemos?

– Eu gostaria mesmo de ver quem são, mas provavelmente seria inútil.

– Inútil?

– A aparência deles não vai nos dizer nada. Yuna, sei que você é forte, mas podemos contar com seus ursos como parte do nosso poder de ataque?

– Eles estão protegendo a Noa e a Fina, então vocês não vão poder contar com eles para lutar.

Marina balançou a cabeça.

– Podemos pedir que suas invocações protejam Lady Misana e Lorde Gran? Isso nos permitiria lutar com mais liberdade.

Verdade—seria difícil proteger os protegidos enquanto lutamos ao mesmo tempo. Do meu ponto de vista, eu lidaria com o ataque sozinha; só queria deixar Marina e seu grupo cientes da situação. Ser emboscado era bem diferente de uma luta visível.

– Tudo bem. Direi a eles para protegerem a Misa e o Gran também. Seria melhor se todos estivessem dentro da carruagem.

Marina agradeceu e voltou para o grupo.

Depois do jantar, começamos a nos preparar para dormir. Marina avisou a todos durante a refeição; disse para Noa, Misa e Fina se abrigarem na carruagem se algo acontecesse.

– Yuna, será que realmente vamos ser atacadas?

– Não se preocupem – disse. – Se algo acontecer, esses dois vão proteger vocês.

Kumayuru e Kumakyu resmungaram suavemente em resposta.

– Além disso, vocês não acham que eu posso ser derrotada, né?

Noa e Fina sabiam mais sobre minhas habilidades do que Marina e os outros.

– Então podem dormir tranquilas.

– Yuna, por favor, não se esforce demais – disse Fina.

– Vai ficar tudo bem. Como a Marina disse, talvez sejam só viajantes normais nos usando de forma sorrateira como escolta.

Acariciei a cabeça da Fina para acalmá-la. Noa e Misa estavam observando; pareciam com inveja, então acariciei as cabeças delas também. Um pequeno preço a pagar para acalmá-las.

– Vamos sair cedo amanhã, então podem ir dormir.

– Sim, Yuna. Boa noite – disse Fina.

– Boa noite, Yuna – disse Noa.

– Boa noite – disse Misa.

Elas adormeceram nos braços de Kumayuru e Kumakyu. Marina e os outros pareciam meio ansiosos, então decidi confiar a vigília aos ursos e dormir um pouco. Afinal, não sabíamos se realmente seríamos atacados, e sono era importante.

Algo me cutucou. Quando abri os olhos, Kumakyu estava ali, me empurrando para acordar.

– Kumakyu?

O plano voltou à mente aos poucos. Ah, é mesmo, pensei, poderíamos ser atacados. Ativei o radar. Sim, lá estavam eles. Um grupo começava a se formar. Dez, vinte—talvez uns vinte e cinco. Não era um pouco demais para enfrentar quatro aventureiros?

Saí de perto do Kumakyu sem acordar a Fina. Pedi ao Kumakyu que protegesse todos caso os inimigos invadissem o acampamento. Mas eu não pretendia deixá-los chegar até aqui.

– Eles ainda não chegaram, né?

Marina e os outros haviam se aproximado.

– Vocês ainda estão acordados? – Eu esperava que eles se revezassem na vigília.

– Não dava pra dormir depois que você disse que poderíamos ser atacados.

– Tem um grupo grande se reunindo ali.

– Devemos acordar todos e colocá-los na carruagem?

– Deixe-os dormir. Eu vou.

– Sozinha…?

– Vou ficar bem. Se alguém passar por mim, cuidem deles.

– Eu vou com você.

– Marina?!

Os outros aventureiros ficaram chocados.

– Você só vai me atrapalhar – disse, sem rodeios. Ela realmente seria um fardo.

– Tem certeza que vai ficar bem sozinha?

– Com certeza.

Duvidava que tivessem alguém mais forte do que um rei goblin ou uma víbora negra.

– Certo. Então por favor, cuide disso.

– Pode deixar. Fiquem de olho em todos.

Olhei para onde Fina, Noa e Misa estavam aconchegadas com meus ursos. As três dormiam como anjinhos. Confiando sua segurança às patas dos meus fiéis ursos, corri para a escuridão, seguindo o sinal da minha habilidade de detecção.

Conseguia enxergar tudo à minha volta. Será que o traje de urso tinha ganhado visão noturna e eu nem percebi? Havia algumas pessoas adiante, agrupadas no escuro e segurando suas espadas com força. Mesmo no meio da noite, não tinham acendido nenhuma fogueira. Eu conseguia até ouvir a conversa maluca deles.

Definitivamente eram bandidos, o que significava que eu estava liberada para atacar antes que eles tentassem qualquer coisa contra a gente.

Avancei contra o grupo desprevenido. Meus sapatos de urso não faziam barulho e meu traje preto se fundia com a escuridão. Preparei um feitiço.

– O que é aquilo?

Quando me notaram, já era tarde demais. Lancei rajadas de ar nos bandidos, tomando cuidado para acertar os montados sem ferir os cavalos. Os cavalos não tinham culpa, afinal. Forcei o grupo a se juntar com o primeiro ataque e então conjurei barras de terra ao redor deles. Por fim, lacrei o topo com uma tampa de pedra improvisada. A gaiola estava pronta.

– Não conseguimos quebrar isso! Magos à frente!

Vários bandidos conjuraram feitiços, mas os ataques ricochetearam nas barras e causaram caos dentro da própria gaiola.

– Para com a magia! A gente vai morrer!

– Isso dói! Que diabos está acontecendo?

– Alguém, acenda uma luz!

– Boa noite, bandidos!

Eles só perceberam mesmo que eu estava lá quando comecei a falar.

– Um urso?

– Que roupa é essa?

– Foi você quem fez isso, pirralha?

– Solta a gente!

– É aquela urso que andava montada num urso…

Um deles parecia já saber sobre mim. Devia ser parte do grupo que nos seguia. Fiquei surpresa por terem decidido atacar mesmo assim. Talvez achassem que podiam lidar comigo, já que tinham alguns magos no grupo.

– Acha mesmo que pode fazer isso com a gente e sair viva?!

Esses caras são burros? Achavam mesmo que podiam lutar comigo dentro de uma gaiola? Lancei um feitiço de água neles para calá-los.

– Da próxima vez que abrirem a boca, vai ser fogo.

– Cale a boca! Acha que pode fazer isso com o clã de bandidos Zamon…?!

– Fogo.

Joguei uma bola de fogo na gaiola.

– Quente! Quente! O que você pensa que está fazendo?!

Os magos dentro da gaiola usaram água para apagar o fogo.

– Eu disse que se abrissem a boca de novo, ia ser fogo. São burros?

– Sua… maldita…

Eles pareciam ter muito a dizer, mas ficaram calados dessa vez. Usei um feitiço de terra para levantar a gaiola uns cinquenta centímetros do chão. Alguns bandidos perderam o equilíbrio e caíram, causando um barulho, mas eu os ignorei. Em seguida, coloquei rodas na parte de baixo da gaiola para que ela pudesse ser movida. Não me preocupei com o conforto deles, então não adicionei molas para amortecer os solavancos da estrada.

Agora só faltava algo para puxar a gaiola. Pensei nos cavalos, mas todos haviam fugido. Refleti por um instante e logo tive uma ideia. Seria chamativo, mas era minha única opção.

– Venha, urso!

Criei um golem de urso de terra, como fiz com os ursos de fogo e água para derrotar os lobos-tigre e a víbora negra. Tinha uns três metros de altura.

– Um urso!

– O que é essa coisa?!

Os bandidos estavam em alvoroço dentro da gaiola.

– O que vai fazer com a gente?

– Solta a gente daqui!

Eles estavam barulhentos demais. Ladrões eram idiotas em qualquer mundo. Às vezes aparecia um líder esperto, mas esse grupo parecia um bando de capangas. Joguei outra bola de fogo para silenciá-los, e como antes, um dos magos correu para apagá-la como se sua vida dependesse disso.

– Da próxima vez que abrirem a boca, vão ter que engolir.

Conjurei uma bola de fogo para dar ênfase, e eles me encararam em silêncio. Será que ainda não tinham entendido a situação? Em todo caso, ficaram quietos, então ordenei que o golem de urso puxasse a gaiola de volta para a carruagem. Se demorasse demais, Marina e os outros podiam começar a se preocupar.

 

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