Kuma Kuma Kuma Bear Volume 3 – Capitulo 55

a Ursa Chega à Capital Real

Todos estavam acordados quando cheguei com a gaiola. Fina e Noa estavam no Kumayuru, esperando. Será que estavam prontas para fugir sozinhas, se precisassem?

– Vocês já estão de pé?

– Não dava pra dormir sabendo que bandidos estavam vindo!

– Sim, isso mesmo. Claro que não poderíamos dormir com a possibilidade de sermos atacados por bandidos!

Gran também estava acordado. Um velhinho como ele devia era estar na cama.

– Yuna, nunca pensei que você fosse sair sem dizer uma palavra – disse Noa.

– Yuna, acho que dessa vez você exagerou… – disse Fina.

Capturei os bandidos, então por que parecia que eu é que estava em apuros aqui?

– Hã… Por onde eu começo? – disse Marina, ecoando o pensamento óbvio de todos. – Por ora, pode nos contar o que fez com os bandidos?

Todos os olhos se voltaram para mim, e começou o interrogatório. Por que isso está acontecendo?, pensei.

– Como podem ver, capturei os bandidos, então só os coloquei numa gaiola.

– Como você conseguiu capturar tanta gente sozinha?

– Usei magia de terra.

– E essa gaiola?

– Usei magia de terra.

– E por fim, esse urso?

– Precisava de algo pra mover a gaiola, então improvisei.

Pelos olhares e suspiros a cada resposta, parecia que eu estava deixando todos exasperados.

– Quanto mais você fala, mais dá vontade de rir – disse Marina, parecendo esgotada. – Bom, e o que pretende fazer com esses bandidos?

– Sei lá, o que vocês acham? Levamos eles para a capital? Matamos aqui mesmo?

– Eles não são os bandidos de Zamon, são? – Elle, a maga, falou atrás de Marina, observando o grupo.

– Bandidos de Zamon? – Lembrei deles dizerem algo assim.

– Eles são um grupo que tem aterrorizado essa região.

– Tá brincando. Você capturou os bandidos de Zamon sozinha?

– Eles são tão importantes assim?

– Ouvi dizer que são um grupo horrível que rouba todo o dinheiro e pertences das vítimas, e abusa das mulheres que encontram.

Era possível que o alvo deles fossem Marina e as outras mulheres. Por outro lado, só de imaginar que talvez quisessem a Fina ou as meninas…

– Então devemos matá-los? – sugeri.

– Sei que vai dar trabalho, mas devemos entregá-los aos guardas da capital e forçá-los a revelar a localização do esconderijo. Eles podem ter mulheres sequestradas lá, e não sabemos onde é, nem quantos guardam o local. Conseguir essas informações de forma confiável levará tempo, e estamos no meio de uma missão de escolta. Acho melhor seguirmos para a capital e deixarmos o resto para as autoridades.

O plano da Marina era perfeito. Não tinha objeções. Provavelmente ela e seu grupo queriam salvar as mulheres o quanto antes, mas decidiram isso ao avaliar suas capacidades e a situação. Eu também não ia deixar Noa e Fina para trás pra ir ao esconderijo. Seria um baita incômodo, mas levaríamos os bandidos à capital.

– Bom, decidimos o que fazer. Ainda está escuro, então voltamos a dormir?

– Você consegue dormir numa situação dessas?

– Depois de ver todos esses bandidos, nem dá vontade de dormir.

– Eu também não consigo, Yuna.

– Yuna…

– Naturalmente, também não sinto que poderia dormir.

Ninguém estava do meu lado. Eles teriam que dormir perto dos bandidos no dia seguinte de qualquer jeito, e ainda faltavam horas para o amanhecer. O que fariam se não fossem dormir?

– Bem então – disse Gran –, que tal partirmos mais cedo? Se os cavalos mostrarem sinais de fadiga, podemos parar para descansá-los.

E assim, acabamos retomando nossa jornada para a capital real no meio da noite. Bom, eu ia dormir em cima do Kumakyu.

Quando o sol nasceu, decidimos tomar café da manhã para dar um descanso aos cavalos. Isso causou uma revolta nos bandidos.

– Dá comida pra gente!

– É, isso mesmo!

– Vocês não vão morrer por ficar uns dias sem comer.

– Tá de brincadeira!

Joguei água nos bandidos barulhentos para silenciá-los. Havíamos confiscado todas as bolsas mágicas com armas e tudo, então mesmo que tivessem comida, não podiam alcançá-la agora. A única coisa que receberam foi a água que o mago deles criou.

Por volta do meio-dia, alguns dias depois da captura dos bandidos, o muro da capital real apareceu no horizonte. Várias estradas convergiam naquele ponto, todas cheias de carruagens. Seguindo instruções de Gran, nossa carruagem parou.

– Se formos além daqui, chamaremos atenção – disse ele.

– Yuna, desculpe, mas pode esperar aqui? Vamos chamar os guardas.

Gran, Marina e os outros me aconselharam a não entrar na cidade com o golem de urso, a menos que eu quisesse causar um alvoroço. Decidimos que eles iriam buscar os guardas enquanto eu esperava.

Desfiz o golem e desmontei a gaiola. Com fome e amarrados, os bandidos não tinham forças para fugir. Recolhi Kumayuru e Kumakyu, e agora era só esperar Gran e os outros voltarem.

– Esse muro é mesmo enorme.

Mesmo de longe, dava pra ver que era imenso. Fina também parecia maravilhada por ver algo tão grande pela primeira vez.

– Nunca pensei que chegaria tão longe de casa. Meu pai morreu quando eu era pequena, minha mãe ficou doente, e só conseguir comida já era difícil… Eu realmente achei que nunca viria à capital real. Tudo isso é por sua causa, Yuna. Mais uma vez.

– Ainda teremos coisas divertidas pela frente. Vamos aproveitar a capital, certo?

– Sim!

Enquanto conversava com Fina sobre os planos, a carruagem do Gran retornou. Vi cerca de uma dúzia de guardas montados atrás dele.

– Srta. Marina, esses são os bandidos de Zamon? – Os guardas olharam para os prisioneiros amarrados. Marina desceu da boleia da carruagem.

– Sim, são eles – disse ela.

– Estou impressionado que capturaram tantos.

– Bom, aquela garota teve papel fundamental nisso.

– A garota com roupa de urso que vocês mencionaram, certo?

Eles me olharam com desconfiança, mas talvez por aceitarem a explicação de Marina e Gran, não fizeram mais perguntas. Carregaram os bandidos na carruagem dos guardas. Como estavam exaustos, não resistiram.

Um pouco afastado, Gran conversava com alguém que parecia o chefe dos guardas.

– Ranzel, podemos nos retirar? Estamos cansados da longa viagem e gostaríamos de descansar.

É. Eu também queria entrar logo na capital real.

– Sim, claro. Agradecemos a colaboração.

– Se precisarem saber de algo, por favor me procurem.

Gran estava respondendo todas as perguntas que normalmente fariam a mim. Ele me devia a vida, então disse que isso era o mínimo. Parecia um cara legal. Será que havia mais nobres decentes nesse mundo do que imaginei?

– Muito bem – disse o guarda –, vou providenciar entrada prioritária na capital.

– Ficarei muito grato.

Eu estava pronta para seguir a pé, mas Gran me chamou para subir na carruagem. Agradeci, mas não sabia se caberia com esse macacão. Marina e dois de seu grupo estavam na boleia, então me acomodei entre Fina e Noa. À nossa frente estavam Misa, Gran e Elle. Mesmo apertadas, Fina e Noa não reclamaram; pareciam bem felizes por estarem ao meu lado. Com nove pessoas a bordo, seguimos rumo à entrada da capital real.

Guardas montados nos guiaram direto até a frente da fila. Fiquei um pouco culpada pelas pessoas que ainda esperavam. Ao chegarmos na entrada, os guardas pediram que tocássemos nossos cartões da guilda e de residente no painel de cristal para verificação.

Para isso, era necessário descer da carruagem. Quando eu desci, causou alvoroço imediato nas pessoas ao redor.

– Um urso?

– Aquilo é um urso?

– Que roupa é essa?

– Você realmente chama atenção, Yuna.

Eles não precisavam comentar, né? Toquei meu cartão da guilda no painel de cristal, e ao confirmar que eu não tinha ficha criminal, voltei à carruagem. Talvez tenha sido engraçado, porque Fina e os outros estavam rindo de mim.

– Yuna, está tudo bem. Sua roupa é fofa.

Eu nem sabia o que responder a uma garotinha de dez anos me chamando de fofa.

Quando todos voltaram, a carruagem voltou a se mover. Gran teve a gentileza de nos levar até a casa da mãe da Noa.

– Onde fica sua casa, Noa?

– No distrito da alta sociedade. Fica um pouco longe daqui.

A carruagem seguia a um trote leve. A capital parecia muito movimentada, pelo que dava pra ver da pequena janela. Fina também olhava para fora, boquiaberta. Ver a expressão dela me fez ficar feliz por tê-la trazido.

– Pessoas de todo o reino estão vindo para a comemoração do aniversário do rei.

– A capital já tem muitos moradores, mas você verá ainda mais gente chegando – disse Marina da boleia.

Aos poucos, a carruagem seguiu por ruas mais tranquilas. As construções mudaram, e mansões elegantes se tornaram mais frequentes.

– Yuna, já consigo ver. É lá a casa da minha mãe.

Era do tamanho da casa do Lorde de Crimonia. Quem seria a mãe da Noa? Ela não estava com a família e disseram que trabalhava no castelo. Tentei perguntar para Noa, mas tudo que ela sabia era onde a mãe trabalhava.

A carruagem parou em frente à mansão.

– Bem então, Noir – disse Gran –, se tiver um tempo enquanto estiver na capital, venha visitar Misa.

– Não vai se encontrar com minha mãe?

– Provavelmente ela não estará em casa nesse horário. Irei cumprimentá-la mais tarde, quando tiver o relatório completo dos guardas.

– Queridas Noa, Fina, querida Yuna, por favor venham me visitar.

– Claro que vamos.

– Se possível – disse Misa –, gostaria de brincar com o Kumayuru e o Kumakyu.

– Pode incluir eles na brincadeira, sim.

– Eu vou!

Agradecemos à Marina e aos outros e descemos da carruagem.

– Você nos ajudou muito. No começo achei que era só uma garota esquisita – disse Marina, rindo, mas não de forma zombeteira. – Se precisar de algo, nos avise. Se pudermos ajudar, ajudaremos.

Ela puxou as rédeas e a carruagem partiu lentamente.

 

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