Kuma Kuma Kuma Bear Volume 3 – Capitulo 58

A Ursa Constrói uma Casa na Capital Real

Gran acabou decidindo nos levar em sua carruagem até o terreno que eu havia comprado, e Ellelaura veio junto para vê-lo. Já que eu não conhecia muito bem a capital real, isso foi útil.

– Fico feliz que estejam aqui, mas vocês dois não deveriam estar trabalhando?

– Ah, já terminei o que precisava fazer, então não se preocupe – disse Gran.

– Sim, meu trabalho também está sob controle. Encontrei Lorde Gran bem quando terminei, e estávamos conversando – explicou Ellelaura.

Havia vários guardas postados próximos à carruagem dele.

– Hmm, aconteceu alguma coisa agora?

– Lorde Gran, é o senhor mesmo. Então estava com a senhorita Yuna — e também a Lady Ellelaura?!

Um dos guardas pareceu surpreso com a presença de Ellelaura.

– Oh, Ranzel? – disse Ellelaura. – O que está fazendo aqui?

– Eu ia relatar o incidente com os bandidos de ontem para Lorde Gran, então estava a caminho da propriedade dele. Vi a carruagem e decidi esperar aqui.

Ah! Agora me lembrei. O cara de cabelo vermelho era o chefe da guarda com quem Gran estava conversando quando entregamos os bandidos. Ele com certeza era o de patente mais alta naquela hora.

– O incidente com os bandidos, ah. Foram aqueles que a Yuna capturou, certo?

– Então, do que se trata esse relatório?

– Gostaria que tanto o senhor quanto a senhorita Yuna fossem comigo até a delegacia da guarda, Lorde Gran, se possível.

– Não me importo, mas… – Gran olhou para mim.

Não era como se a Fina fosse ficar com úlcera se atrasássemos a mudança por um dia.

– Por mim tudo bem. E você, Fina?

– Sim.

– Ellelaura, me desculpe, mas parece que vamos até a delegacia – disse Gran.

– Tudo bem. Irei com vocês. Yuna é hóspede de Cliff, então serei sua acompanhante enquanto estiver na capital.

Não lembro de tê-la nomeado minha acompanhante, mas ter uma pessoa influente junto poderia ser útil. Quando chegamos à delegacia da guarda, fomos levados para uma sala.

– Então, o que vocês precisam de nós?

– Primeiro, localizamos a base secreta dos bandidos Zamon, bem como o número total deles. Parece que estão numa caverna nas montanhas a oeste daqui. Restam cerca de trinta deles. Também parece que ainda mantêm algumas mulheres em cativeiro.

– Nesse caso, precisamos resgatá-las imediatamente.

– Sim, mas há um pequeno problema.

– Problema?

– Sim. Muitas pessoas estão reunidas na capital para a celebração do aniversário do rei, e por isso, soldados, cavaleiros e guardas estão todos encarregados da segurança. Não temos ninguém disponível.

– Então por que não enviar um pedido à guilda dos aventureiros?

– Concordo, Lorde Gran, mas precisaríamos da permissão da Yuna.

Todos olharam para mim.

– Minha?

– Ah, por causa do direito ao tesouro dos bandidos? – disse Gran, como se acabasse de se lembrar.

Alguém pode me explicar o que está acontecendo também, por favor?

– Sim, exatamente. Yuna já capturou vinte e cinco membros do grupo dos bandidos, mas ainda não temos controle do esconderijo. Como não dá para colher nada dos bandidos como fazemos com monstros, os aventureiros que ajudam na captura ou derrota têm direito aos equipamentos, armas ou tesouros que os bandidos possuíam.

– Em outras palavras, se emitirmos uma missão, quem aceitá-la poderá pegar os tesouros?

– Só conseguimos essas informações porque a senhorita Yuna os capturou. No entanto, não podemos emitir uma missão arbitrariamente. Precisamos primeiro da aprovação da senhorita Yuna e decidir a compensação a ela.

– Parece um incômodo.

– Não tem jeito. Mas, mocinha, se você eliminasse os bandidos, esse problema desapareceria.

– Parece um incômodo – repeti.

– Yuna… – Fina parecia chocada ao me olhar. Não me olhe assim. Se é um incômodo, é um incômodo. Viemos até a capital para passear, e agora estou sendo envolvida com bandidos?

– Nesse caso, devo reunir alguns soldados? – Ellelaura, que estava ouvindo em silêncio, veio ao meu resgate.

– Lady Ellelaura?

– Tem certeza?

– Tudo bem. Vai ser uma boa experiência real para os soldados, e tenho certeza que alguns estão cansados de apenas fazer patrulhas.

– Mas não estão defendendo a capital?

– Vai dar tudo certo. Não se preocupem. Só preciso mexer em alguns papéis.

Ela disse como se fosse fácil, mas será que podia mesmo?

– Entendido. Nesse caso, Ellelaura, deixaremos isso com você.

– Está tudo bem para você, Yuna?

– Não entendo tudo que está acontecendo, mas tudo bem.

– Estou preocupada com as pessoas que ainda estão em cativeiro, então enviarei os soldados imediatamente – disse Ellelaura, olhando para mim. – Preciso voltar ao trabalho. Certifique-se de voltar para casa, ok?

– Eu voltarei.

– E por favor, aceite isso, senhorita Yuna.

Espadas sujas, armaduras e um monte de outras coisas estavam alinhadas diante de mim.

– Esses eram os itens que os bandidos que você capturou estavam carregando. Como disse antes, agora pertencem a você.

Estavam todos imundos. Eu realmente não queria esse monte de tralha.

– Seria possível vocês darem fim nisso?

– Entendido.

Revendo os pertences dos bandidos mais uma vez, algo chamou minha atenção: as bolsas mágicas que eles usavam. Pelo que ouvi, a capacidade varia de uma bolsa para outra…

– Eu posso ficar com essas bolsas também?

– Sim, pode levar qualquer coisa que eles estavam carregando. Verificamos o conteúdo, mas todas estavam vazias. Parece que planejavam usá-las para guardar o que roubassem.

– Qual é a maior?

– Esta aqui. O chefe dos bandidos Zamon estava com ela, então é uma das maiores.

Então aquele sujeito mais barulhento devia ser o líder.

Peguei a bolsa. Era do tamanho de uma bolsa de mão. Parecia igual às outras. A menor era pequena o suficiente para caber no bolso de uma calça.

– Posso levar todas?

Eles me entregaram todas as bolsas e guardei agradecida no Armazém Urso. Fora isso, meu trabalho estava feito, então agradeci Gran por me acompanhar.

– Foi um prazer. Se você não os tivesse capturado, provavelmente estaríamos mortos.

Terminei tudo o que precisava, mas ainda tinham outras coisas para discutir com Gran. Eu não me importaria em esperar, mas acabamos indo embora antes dele.

Deixamos a delegacia e fomos até o terreno que comprei na guilda comercial. Pelo menos eu tinha um mapa, então sabia onde era, mas a capital era tão grande que tinha até carruagens circulando como ônibus. Não fazia ideia de qual levar. Como não estava com pressa, decidimos ir andando até o local.

– Está bem, Fina? Não está cansada?

– Estou, um pouco… Mas tem muita gente.

– É mesmo. Bastante gente – embora, considerando que é a capital real, não é de surpreender. Pode ser também por causa do aniversário do rei.

– Yuna, posso segurar sua mão? Assim não nos perdemos.

– Você quer segurar minha mão…? – Olhei para minha luva de urso. – Tudo bem assim?

Segurei a mão da Fina com a boca da luva de urso.

– Sim, muito obrigada.

Fina parecia feliz.

Chegamos ao terreno que comprei.

– Este é o lugar certo?

Conferi o mapa e os arredores.

– Sim, acho que é aqui.

– Não é meio enorme?

– É grande.

O local indicado no mapa era vasto. Cerca de quatro vezes maior que o terreno onde construí a Casa Urso em Crimonia. Ou seja, caberiam quatro Casas Urso lado a lado ali – não que eu tivesse tantas sobrando. As casas ao redor também estavam bem afastadas umas das outras. Para ter certeza, conferi os nomes no mapa.

– Yuna, você realmente comprou um terreno tão grande?

– Parece que sim.

Nunca teria imaginado que seria tão grande. Por ora, tirei a Casa Urso que fiz para a capital real. Era grande, diferente da Casa Urso móvel, mas quando coloquei no terreno, parecia pequena. Ficou estranha. Bem, já era estranho, afinal era uma casa em forma de urso.

– É meio pequena.

– Sim.

Talvez eu devesse fazer uma Casa Urso maior da próxima vez? De qualquer forma, entramos.

– É igual à sua casa em Crimonia, não é?

– Basicamente. Eu não me sentiria em casa se fosse diferente.

Eu não estava cansada graças às botas de urso, mas Fina com certeza estava exausta de tanto andar, então fizemos uma pausa e tirei suco de frutas gelado.

– O que faremos agora?

– Você não está cansada, Fina?

– Estou, um pouco…

– Então, depois de descansar, vamos voltar à casa da Noa?

– Sim, mas espero que a Lady Noir não esteja brava.

– Bom, saímos sem avisar, mas foi culpa dela por não ter se levantado.

Depois de descansarmos um pouco na Casa Urso, voltamos para a casa de Ellelaura.

– Yuna! Por que me deixaram para trás?!

Quando voltamos, Noa nos recebeu furiosa.

– Não foi de propósito. Esperamos um bom tempo depois do café da manhã, mas você não acordava.

– Hmph…

– Então, quando você acordou?

– Um pouco antes do meio-dia…

Ela respondeu, envergonhada.

– E está me culpando?

– Vocês podiam ter me acordado.

– Se ainda estivéssemos viajando, eu teria acordado você, mas como dormiu tanto, seu corpo provavelmente precisava descansar.

– Ugh, tá bom. E onde vocês foram, afinal?

– Fomos à guilda comercial comprar um terreno.

– Você comprou um terreno? Yuna, vai morar na capital?!

A voz dela subiu de surpresa.

– Não vou morar aqui. Pretendo vir de vez em quando, então comprei para fazer uma casa.

– Acho que normalmente as pessoas não constroem casas só porque estão viajando de vez em quando…

Bem, eu precisava disso para montar o Portal Urso.

– Isso quer dizer que você não vai mais ficar conosco?

– Eu só não me sinto confortável em um quarto de aristocrata.

Não podia dizer que era a Fina quem não se sentia à vontade.

– Mas eu vou ficar tão sozinha…

– Vamos visitar você, e você pode vir até minha casa quando quiser. É perto, então podemos nos ver sempre.

– Quer dizer que você já construiu a casa?

Normalmente seria uma pergunta estranha, mas Noa me conhecia.

– Construi uma casa do mesmo tamanho da de Crimonia.

– Isso quer dizer que Fina também não vai mais ficar aqui…

– Sim, já que vim com a Yuna.

– Mas vou ficar sozinha se vocês, Kumayuru e Kumakyu forem embora…

Pude ver a decepção no rosto de Noa, mas não era como se fosse um adeus para sempre. Além disso, todas nós morávamos em Crimonia, então poderíamos nos ver sempre.

– Ainda não vamos embora, então não fique tão triste. Ainda precisamos ver a Ellelaura.

Acabamos ficando mais um dia na casa deles.

Ellelaura chegou em casa por volta da hora do jantar.

– Mãe, bem-vinda de volta – disse Noa.

– Estou de volta.

– O que você estava fazendo com todo mundo?

– Ouvi o que aconteceu quando me deixaram para trás. Não acredito que foram até a guilda e ainda se envolveram com os bandidos. Queria ter ido também.

– Tudo o que fiz foi ouvir.

– Odeio ficar de fora.

Quando contei o que aconteceu hoje, ela ficou contrariada.

– Ellelaura, muito obrigada por hoje.

Ela já tinha feito tanto por mim.

– Não se preocupe. Só escrevi uma carta de apresentação. E os bandidos Zamon estavam nos causando problemas também.

Ainda assim, eu era grata.

– Então, como era o local?

– É tranquilo e quase sem movimento, então é ótimo.

Ainda não esperava que fosse tão grande, no entanto.

– Bom, isso é ótimo.

– E os bandidos?

– Enviei as tropas logo depois, então acho que serão derrotados em poucos dias.

Ótimo, pensei. Parece que mandaram a equipe de ataque mesmo.

Jantamos por conta dos Fochrosé e, naquela noite, Noa acabou dormindo no mesmo quarto que a gente.


 

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