Kuma Kuma Kuma Bear Volume 3 – Capitulo 63

A Ursa Vai ao Castelo

Comecei construindo um forno de pedra no meu quintal exageradamente grande. Lembrei de como se fazia um, com base no que tinha visto na TV, enquanto o construía. Magia era realmente útil nessas horas. Se eu errasse, podia consertar facilmente. Após alguns testes e erros, finalizei meu forno inaugural.

Enquanto eu fazia o forno de pedra, deixei as duas preparando a massa de trigo para mim. Com a massa pronta, pude preparar os recheios: batatas, frango, pimentões, tomates e o queijo que comprei mais cedo. Coloquei os ingredientes e levei ao forno. Agora era só esperar assar.

O queijo derreteu e um cheiro delicioso se espalhou.

-Isso já deve ser o suficiente.

Tirei a pizza bem na hora certa. O queijo estava derretido e escorrendo—tinha uma aparência deliciosa.

-Isso é a tal “pizza”?

-Cheira muito bem.

Cortei a pizza, coloquei em pratos e entreguei para as duas.

-Está quente, então cuidado para não se queimarem — avisei, e preparei minha porção. Parecia deliciosa. Não havia por que me segurar, então fui direto. O queijo esticava. Estava quente, mas extremamente gostosa. Esse era o sabor de casa de que eu sentia falta. Eu sentia falta de poder pedir isso por telefone e receber em trinta minutos.

Quando Fina e Noa me viram saboreando, começaram a comer também.

-Está quente! Mas é gostoso!

-Muito bom mesmo.

-Não é? Dá até para se perguntar por que ninguém come isso se é tão delicioso.

-Essa parte que estica é o queijo? Então é isso que acontece quando ele derrete.

-As batatas estão tão macias e gostosas também.

-Isso porque queijo combina muito com batata.

Queria tentar fazer outros tipos de pizza, mas não tinha os ingredientes. Queria uma de frutos do mar—com lula, camarão pequeno e mexilhão. Linguiça e bacon também seriam ótimos. Por enquanto, teria que me contentar com esse tipo único. Também, não dava pra comer tudo sozinha mesmo se eu fizesse todos esses sabores. Estava com dúvidas se conseguiríamos terminar essa pizza enorme só com duas crianças pequenas e eu.

-Se esfriar, perde a graça. Comam logo.

Enquanto nós três comíamos pizza, ouvi alguém correndo de longe. Shia apareceu; usava o uniforme. Será que a família Fochrosé tinha o hábito de correr por todo lado?

-Shia, por que está aqui?

-A academia liberou mais cedo, e parecia que você não tinha voltado pra casa. Achei que estivesse aqui e vim correndo. Então, o que estão comendo?

Provavelmente nunca tinha visto isso antes.

-Isso se chama pizza.

-“Pizza”, é?

-É tipo uma comida onde você estica a massa bem fina, coloca vários ingredientes por cima, depois queijo, e assa — minha explicação talvez não fosse a mais precisa, mas servia pra quem era novata.

-Você quer um pouco, irmã Shia? Está muito gostoso — disse Noa.

Entreguei o resto da pizza para Shia.

-Come-se isso com as mãos?

-Normalmente sim, você segura com as mãos e come. Mas se preferir, posso pegar um garfo.

Talvez nobres não gostassem de comer com as mãos. Mas Noa parecia estar comendo com as mãos sem problemas.

-Tudo bem. Vou comer assim mesmo.

-Está quente, então cuidado.

Shia levou habilmente o queijo escorrendo até a boca e deu uma mordida.

-É muito bom…

Shia se juntou a nós, e a pizza sumiu. Tinham bons apetites.

-Que pena que não podemos comer isso com a Lady Misa.

Agora que ela comentou, Misa não estava com elas hoje.

-Não tem como evitar. Ela saiu com a família hoje.

Então era por isso que não estava por perto.

-Se quiserem comer mais, posso assar outra. Que tal?

-Quero sim, um pouco mais.

-Eu também, por favor.

-Eu também.

Pelo jeito, as três ainda tinham espaço no estômago. Diante dos pedidos, decidi assar outra pizza com os mesmos ingredientes. Se estavam assim, talvez as crianças do orfanato também gostassem.

Cortei a nova pizza assada e dividi entre as três.

-Cuidado para não se queimarem.

As três responderam com um alegre “Sim!” e começaram a comer. As duas pizzas grandes desapareceram completamente dentro dos nossos quatro estômagos. Claro, ficamos bem cheias no final. Pensei em fazer pizzas menores da próxima vez.

Na manhã seguinte, Ellelaura veio até a casa da ursa.

-Bom dia. O que a traz aqui tão cedo?

-Ouvi das minhas filhas que você fez uma comida deliciosa por aqui.

Deve ser a pizza de ontem, né?

-Não é algo que se coma no café da manhã.

Ela veio tão cedo por causa disso?

-Não dá pra comer de manhã?

-Acho que até tem gente que come, mas normalmente não é comida de café da manhã.

É pesada para a manhã.

-Isso é lamentável. Minhas filhas nem jantaram ontem. Quando perguntei, falaram de uma coisa deliciosa chamada pizza na sua casa, e descreveram como algo divino. Fiquei arrasada de ser a única que não provou.

De todo jeito, não parecia que eu poderia recusar. Ia acabar comendo pizza pelo segundo dia seguido.

-Ahh, tá bom. Que tal se eu fizer no almoço?

-Sério? Nesse caso, até a hora do almoço, que tal eu te mostrar o castelo?

-O castelo?

-Isso. Outro dia, Fina disse que queria ver por dentro do castelo. Mas normalmente não dá pra entrar sem ser convidado. Como estarei lá, vocês podem entrar. Então, vamos fazer um passeio pelo castelo de manhã e comemos pizza à tarde.

Não pareciam existir muitas oportunidades assim. Eu sabia que Fina queria ver também, então aceitamos. E foi assim que Fina e eu acabamos indo ao castelo.

A estrutura gigante se erguia diante de nós. Dois soldados com longas lanças estavam de guarda na entrada do castelo. Fina estava tensa, segurando forte minha pata de ursa. Ellelaura não disse nada, mas fiquei me perguntando se era certo eu entrar com essa roupa. Se fôssemos barradas na entrada, eu podia pedir pra deixarem só a Fina entrar.

-Bom dia, Lady Ellelaura. Quem são essas damas? — embora falasse de modo educado, o olhar dele dizia que não confiava em mim. Bem, era o trabalho dele.

-São minhas convidadas. Pensei em mostrar o castelo por dentro. Algum problema com isso? — disse Ellelaura ao guarda, como se o intimidasse.

Em resposta, o guarda deu um passo para trás.

-Nenhum problema. Só estou fazendo meu trabalho. Podem passar.

O guarda saudou e nos deixou entrar. Era só isso mesmo?

-Tem algo que vocês queiram ver?

Ellelaura sorriu ao nos encarar. Talvez fosse assustadora quando ficava brava?

-Nada em especial, por mim.

Eu nem sabia o que havia no castelo, afinal.

-Eu também não. Já estou feliz só por estar aqui.

Parecia que Fina já queria voltar pra casa só de passar pelos portões. Devia querer muito conhecer, mas estava nervosa por se sentir deslocada.

-Então vamos andar por aí.

-Você tem certeza de que devíamos ter vindo sem avisar a Noa?

Quando saímos da casa da ursa, perguntei sobre a Noa. Igual da última vez, havia chance dela ficar emburrada por termos saído com a Fina e não com ela.

-Tudo bem. A culpa é dela por dormir até tarde. Será que o Cliff tá mesmo educando ela? Preciso perguntar da próxima vez que o vir.

E assim, as três andaram pelo castelo sem rumo. Se fosse descrever em palavras, o castelo era grande, bonito e… bem, um castelo. Sim, isso não dizia nada.

Cada vez que passávamos por alguém, eles se curvavam para Ellelaura. E então ficavam surpresos ao me ver. Eu ainda não sabia qual era o cargo dela. Pelo menos sabia que trabalhava no castelo. O marido dela, Cliff, administrava um território, então eu pensava que a esposa de um lorde normalmente ajudaria com isso.

-O que você faz no castelo, Ellelaura?

-Meu trabalho? Assuntos variados.

-Assuntos variados?

-Comando os cavaleiros, processo documentos, consulto com o rei, essas coisas. Na verdade, queria ir morar com o Cliff, mas o rei, o chanceler, os cavaleiros e outros não me deixam ir. Então, estou trabalhando aqui enquanto Shia estuda na academia. Mas quando Noa entrar na academia, provavelmente terei que continuar aqui de novo.

Não entendi bem qual era a posição dela, mas talvez Ellelaura fosse alguém super importante? Era por isso que todos se curvavam? Se eu perguntasse mais, poderia me meter em encrenca, então preferi não me intrometer.

-Bem, que tal vermos como está o treinamento dos cavaleiros?

Atravessamos um pátio no centro do castelo e chegamos a uma área de treino espaçosa, cheia de soldados armados praticando com espadas e lanças. Quando Ellelaura apareceu, um cavaleiro veio até nós.

-Lady Ellelaura, o que a traz aqui? É uma inspeção?

-Só vim ver se não estavam matando tempo. Pode voltar ao treino.

O cavaleiro se curvou e voltou obedientemente ao exercício.

-Yuna, o que acha?

-Como assim?

-Acha que conseguiria vencer esses cavaleiros?

Como ela podia perguntar isso com todos ali na frente?

-Não conseguiria — respondi, ao menos.

Todos os cavaleiros lançavam olhares sutis para Ellelaura.

-Parece que ficaram bem interessados em você, Yuna.

Aparentemente, não era Ellelaura que estavam olhando—era eu. Bem, alguém como ela trazer uma pessoa com roupa de ursa e uma garotinha já chamava atenção.

Enquanto eu observava, Ellelaura soltou algo absurdo:

-Yuna, quer treinar com eles?

Queria saber o quão fortes eram, mas se eu ganhasse aqui, iriam me odiar com certeza. Se fosse no jogo, tudo bem, mas aqui eu vivia de verdade. Não queria isso. Então só tinha uma resposta possível:

-Terei que recusar respeitosamente.

-Que pena.

Talvez ela tivesse me trazido aqui só pra ver isso? Normalmente ninguém traria garotas a um lugar desses. Até Fina estava quieta. Sugeri irmos para outro lugar. Ellelaura parecia desapontada, mas nos guiou a outro local. Quando virei para voltar ao castelo, vi uma garotinha correndo em minha direção.

-É um urso!

Ela se agarrou à minha cintura com um poomf. Uhm, quem é essa? Devia ter uns quatro ou cinco anos. Usava roupas ocidentais bonitas.

Roupas bonitas num castelo. Será que…?

-Ora ora, se não é a Lady Flora. O que faz por aqui? — disse Ellelaura.

Lady Flora? Será?

-Eu estava andando pelo castelo. Todos disseram que viram um urso, então fui procurar.

“Urso” devia ser eu.

-Por que tem um urso no castelo?

-Este urso está fazendo um tour pelo castelo — respondeu Ellelaura. Por que ela também estava me chamando de “urso”?

-Sério? Então vou mostrar meu quarto.

A mãozinha dela segurou minha pata de ursa. Eu não sabia o que fazer. Lancei um olhar de socorro para Ellelaura.

-Bem, parece que vamos ser guiadas agora.

-Ellelaura?

-Não dá pra recusar um convite da princesa, claro.

Eu sabia. Era a princesa. Mas isso era mesmo certo? Estávamos falando do quarto da princesa. Queria recusar, mas não podia. Podia um aventureiro entrar num lugar desses? Eu só conhecia esse tipo de coisa por mangás e romances, mas normalmente era proibido, né?

-Ellelaura, não acha isso problemático? Ela é a princesa. Nós somos plebeias.

Ao meu lado, Fina congelou e ficou pálida. Sua mente provavelmente travou depois da chegada de alguém tão inacessível.

-Eu estarei com vocês, então tudo bem. Assumo toda responsabilidade.

-Urso, vem comigo pro meu quarto?

Ela me lançou aquele olhar pidão. Sem saída. Eu não podia sacudir a pequena mão segurando minha pata de ursa.

-Tá bom, tô indo. Mas não chora.

Afaguei gentilmente sua cabeça com minha outra mão. Já tinha feito, mas… seria mesmo certo acariciar a realeza? Como Ellelaura não falou nada, devia estar tudo bem. A princesa Flora parecia feliz puxando minha mão. Fina ainda estava pálida enquanto nos seguia. Ellelaura vinha atrás com um sorriso.

O rei não ia aparecer do nada, né?

E assim, acabamos indo para o quarto da princesa. Não sei como descrever aquilo além de… magnífico.

Embora chamasse de magnífico, não era tipo dourado, com vasos caríssimos ou quadros de renome mundial. Tinha um tapete bonito. Uma cama com dossel. Um colchão que parecia macio. Mesas e cadeiras de alto padrão. Esse tipo de quarto.

Era ótimo termos vindo até ali, mas… o que deveríamos fazer agora?

-Lady Flora, o que faremos? Quer que leiamos um livro ilustrado?

-Livros ilustrados são chatos.

O livro que Ellelaura trouxe era uma história de princesa e príncipe. Quando olhei, pensei que as ilustrações não eram nada fofas pra um livro ilustrado. Eram desenhadas de forma realista.

-Ellelaura, tem papel e algo pra desenhar por aqui?

-Tem sim, mas por quê?

-Vou desenhar um livro ilustrado.

Quem nunca teve vontade de ser mangaká ao menos uma vez? Não que esse fosse meu objetivo, mas houve uma época em que tive tempo de sobra para desenhar.

-Yuna, isso aqui serve?

Ellelaura trouxe papel e material para desenhar. Peguei e comecei a criar um livro ilustrado.

 

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