Kuma Kuma Kuma Bear Volume 3 – Capitulo 65

A Ursa Desenha um Livro Ilustrado

EU PRECISAVA PENSAR sobre o que seria a história. Claro, uma história com tema de urso cairia bem, já que a garotinha não queria me largar (eu, o urso). Mas será que eu conhecia algum livro ilustrado que tivesse ursos? O único que me veio à mente foi aquele urso que aparecia no conto do Kintaro. O outro era só aquela música “O Urso Foi Passear…”.

Tentei lembrar de coisas da minha infância, mas percebi que não dava pra recordar algo que eu nunca conheci. Só me restava criar uma história baseada em algo próximo e querido para mim.

Comecei desenhando uma garotinha.
Lady Flora me observava ao lado. Talvez estivesse admirando o fato de eu estar desenhando, já que permanecia quieta. Baseei a garotinha na Fina. É mais fácil desenhar quando se tem uma musa.

— Ela se parece exatamente com a Fina, não é?
— Bem, é porque isso realmente aconteceu com ela.
— Sério?

Fina, a modelo da história, estava mais afastada, tomando um chá que a criada lhe ofereceu. Imagino que uma plebeia normalmente não estaria acostumada a receber chá de uma criada. Queimando várias folhas de papel, finalmente cheguei na parte em que o urso (eu) aparecia.

— Mas que urso adorável.

Desenhei um urso em estilo mangá (fazendo meu papel). Bem, não era exatamente eu, mas sim um urso de verdade, bem fofinho.

Gostaria de ter canetas coloridas, mas achei que estava indo muito bem só com preto e branco. Talvez da próxima vez eu procurasse por lápis de cor.

— Uau…

Os olhos de Lady Flora brilhavam enquanto olhava o desenho do urso.

— De qualquer forma, é a primeira vez que vejo desenhos tão fofos assim.
— É mesmo?
— Conheço muitos artistas, mas nunca vi desenhos como esses.

Terminei de desenhar a cena do encontro da garotinha com o urso.

— O que acontece com a garotinha? — perguntou Lady Flora.

— Espere pra ver quando eu terminar de desenhar.

— Então apresse-se — depressa!

Continuei desenhando as próximas cenas. Depois disso, desenhei várias folhas com as cenas da garotinha voltando pra casa e o urso retornando à floresta. E assim, o livro ilustrado ficou pronto.

— Terminei…

Levou só algumas horas para desenhar o que era praticamente uma obra-prima. Bom, considerando que não sou autora profissional de livros infantis, acho que me saí bem. Organizei as folhas e entreguei para Lady Flora.

— Isso é pra mim, ursinha?
— Fico feliz se você ler, sim.
— Obrigada, ursinha.

Ela segurou o livro com alegria.

— Que bom para você, Lady Flora. Vou mandar encadernar para que as folhas não se soltem.

Lady Flora ficou completamente imersa no livro ilustrado. O mais importante é que ela estava feliz. Dessa vez, não usei nenhuma habilidade de urso — só minhas próprias mãos e talento. Foi a primeira vez que senti que minhas habilidades pessoais realmente foram úteis neste mundo.

Enquanto espreguiçava e alongava os ombros, alguém bateu na porta. Uma criada entrou.

— Lady Flora, está na hora da refeição.
— Então, vamos indo também?

Ellelaura se levantou. Fiz o mesmo.

— Você já vai embora, ursinha?

Quando Ellelaura disse que estávamos indo embora, Lady Flora agarrou minhas roupas.

— Uhh… Lady Flora, eu volto outra vez.
— Vai mesmo?
— Ficarei na capital por um tempo, então voltarei sim.
— Tá bom, entendi.

Sua pequena mão soltou minha roupa.

— Fina, vamos. Não dá pra continuar pálida desse jeito pra sempre.

— Y-Yuna?

Fina finalmente voltou à realidade. Parecia que estava em outro mundo até agora. Se ela soubesse o conteúdo do livro ilustrado, provavelmente desmaiaria. Melhor deixar ela no escuro.

Deixamos Lady Flora e saímos do castelo. No fim, os únicos lugares que conseguimos visitar foram o campo de treino dos cavaleiros e o quarto da princesa, mas já foi o suficiente para mim. Não sei dizer se Fina aproveitou.

Quando voltamos à Casa da Ursa, Noa estava sentada na frente da porta.
Assim que nos viu, se levantou com um olhar furioso.

— Onde vocês estavam?!
— No castelo.

Respondi de forma simples e expliquei como foi a manhã.

— Mãe! Por que sai sem me avisar? Me leve junto da próxima vez!
— Mas você não acordou — respondeu Ellelaura calmamente. — Além disso, decidimos ir ao castelo só depois que cheguei, então não dava pra te chamar.

— Poderia ter voltado até a casa ou feito alguma coisa… Não me deixem de fora!
— Então, é melhor você acordar cedo.

— Ugh… tá bom. Mas, me acorde de verdade da próxima vez!
— Eu acordo, se você não disser “só mais um pouquinho” no sono.

Noa ficou vermelha e se calou.

— Mas… como você sabia que estaríamos aqui?
— Surilina disse que você saiu resmungando sobre pizza, mãe. Eu soube na hora pra onde tinha ido. Mas quando cheguei, não tinha ninguém por aqui. Eu também quero comer pizza de novo!

— Então, vou preparar uma. Me ajuda?

Fui até o forno de pedra e comecei a preparar a pizza. Na verdade, os ingredientes que deixei prontos ontem ainda estavam no Armazém Urso, então era só medir, colocar os ingredientes e assar. Com o forno esquentando e tudo pronto, coloquei a pizza para assar.

— Nossa, que cheiro delicioso.
— Eu queria comer algo assim todos os dias.
— Vai acabar engordando.
— Isso engorda?!

— Sim. Tem muito óleo. No máximo, umas duas vezes por mês. E se comer muito, vai enjoar — então é melhor com moderação.

Embora… com ingredientes diferentes talvez não enjoe. Eu precisava procurar mais ingredientes na capital. A busca por arroz, shoyu e missô continuava…

A pizza terminou de assar. Tirei do forno, cortei em quatro porções e servi nos pratos.

— Então, vou comer.

— Tá quente, cuidado — avisei a Ellelaura, que estava provando pela primeira vez. Não seria bom se ela queimasse a boca.

— Ah! Está quente! Mas é muito gostosa.

Ela saboreou enquanto o queijo se esticava.

— Sim, está deliciosa — disse Fina.

Enquanto todos comiam, comecei a preparar outra pizza. Ontem, com quatro pessoas, mal conseguimos comer duas inteiras. Hoje também éramos quatro, mas com uma adulta no grupo, duas pizzas seriam o ideal.

— Yuna, posso ajudar — disse Fina, com a boca meio cheia.

— Pode continuar comendo, Fina. Eu cuido disso rapidinho.
— Mas…
— Não se preocupe.
— Tá bom…

Fina parecia um pouco culpada, mas não precisava. Preparei a segunda pizza e comi junto até ela ficar pronta. Duas pizzas foi a medida ideal com um adulto presente. No fim, Ellelaura também aprovou a pizza.

— Realmente estava meio gordurosa. Acho que quero comer algo mais leve agora.
— Nesse caso, que tal um pudim pra limpar o paladar?
— Eu quero! — gritou Noa, levantando a mão.
— Pudim? O que seria isso?
— É uma sobremesa doce e gostosa — Noa começou a explicar no meu lugar.

Era mais fácil mostrar. Tirei pudins do Armazém Urso.

— Isso é pudim?
— Um para cada uma.

Minha reserva de pudins estava quase no fim. Comi vários durante o caminho até a capital. E também usei vários em refeições recentes. Meus ovos também estavam acabando. Talvez eu voltasse para Crimonia pra reabastecer.

— O que é isso? A pizza estava ótima, mas esse pudim é maravilhoso! Acho que as pessoas comprariam se você vendesse.
— Se tivesse uma loja, eu compraria todos os dias.

Mãe e filha me elogiaram ao mesmo tempo. Abrir uma loja poderia funcionar se tivéssemos mais galinhas, mas… quantas aves tínhamos mesmo? Como deixava isso nas mãos da Liz e da Tiermina, não fazia ideia. Quando voltasse para Crimonia, teria que perguntar.

Parece que Ellelaura e Noa queriam mais pudim, mas meu estoque estava curto, então elas teriam que resistir. Não seria bom exagerar também.

— Yuna, obrigada por hoje — disse Ellelaura.

— A visita ao castelo também foi divertida pra mim. Muito obrigada.

E era verdade. Conhecer o interior do castelo foi divertido, mesmo que quase tenha feito a Fina desmaiar. Só não esperava que acabasse indo parar no quarto da princesa.

 

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