Kuma Kuma Bear Volume 4 – Capitulo 87

A Ursa é Secretamente Odiada

IMBECIS! Imbecis insuportáveis por toda parte!

— Que porcaria é essa?! — rosnei para os meus subordinados reunidos na sala. — Por que a guilda dos aventureiros está cheia de… — eu até estremeci ao ter que falar com aqueles idiotas — …carne de lobo?!

— Acho que é porque alguém matou os bichos? — respondeu um dos meus subordinados.

— Que resposta iluminada do novo maior idiota da cidade. Você tem o cérebro no lugar? Cem lobos em um ou dois dias? Não seja ridículo!

Rodeado por tolos, juro.

— Senhor, talvez tenham sido aqueles aventureiros que apareceram outro dia?

Realmente, tinha vindo um grupo de aventureiros à cidade uns dias atrás. Um grupo de quatro pessoas. Dois espadachins e dois magos. Eram de alto nível, mas tiveram a audácia de me recusar. E pior — o líder do grupo saiu da cidade levando as três beldades com ele.

Talvez fossem eles que entregaram os lobos para a guilda dos aventureiros, mas recebi relatórios dizendo que saíram da cidade há uns dias. Quem poderia ter preparado tanta carne de lobo?

— Se os aventureiros voltarem — disse um dos idiotas —, quer que os capturemos?

— E qual de vocês é capaz de capturar um grupo inteiro de aventureiros Rank C, hein? Pensa antes de falar!

Eles eram mesmo uns inúteis. Se isso fosse possível, eu já teria mandado capturá-los desde o início. Estávamos nessa situação justamente porque nenhum deles conseguia fazer algo tão simples. Mas nem isso eles conseguiam entender.

— Apenas… descubram como a guilda dos aventureiros conseguiu tanta carne de lobo! Saiam da minha frente! — rugi, e eles fugiram apavorados.

O que eu fiz pra merecer esse bando de ineptos babões?

— Maldição — murmurei. — Esse fim de mundo miserável…

Eu só ia ficar mais um mês. Cinco anos atrás, eu era funcionário da guilda do comércio numa cidade grande. Quando me ofereceram um cargo de mestre da guilda, fui tolo o suficiente pra aceitar — e acabei preso nesse buraco fedendo a peixe. Trabalhei duro por cinco anos, mesmo assim. E sim, estava desviando fundos bem debaixo do nariz dos cidadãos, mas o que eles iam fazer com isso?

Aí apareceu a lula gigante.

Não dava pra mandar navios ao mar, não dava pra pescar, e aquele prefeito patético arrumou as malas e fugiu. Pra piorar, os moradores mais ricos começaram a abandonar a cidade. Como eu ia ganhar dinheiro sem minhas vaquinhas leiteiras?

Contratei uns aventureiros quebrados pra se passarem por bandidos e impedir que mais moradores fugissem. Mesmo que alguns tentassem contratar aventureiros pra ajudar na fuga, com os rumores dos bandidos, quase ninguém tentava mais. A única estrada de saída estava bloqueada pelos bandidos, e o kraken estava no oceano. A única saída era cruzar a cadeia de montanhas — mas quem seria burro o suficiente pra tentar?

Deixei um grupo seleto de pescadores pescar um pouco perto da costa e mantive todos sob controle. Fazia de conta que dividia os peixes, mas aumentava os preços lá em cima. Com fome? Então venha até mim e pague! Os miseráveis da cidade recebiam só migalhas, o suficiente pra evitar motins.

Se tentassem fugir, os bandidos roubariam tudo. Fugir e perder seus bens ou ficar e perdê-los do mesmo jeito. Eu só precisava de mais um mês. Aí eu sumiria desse fim de mundo miserável.

Mas então a guilda dos aventureiros começou a distribuir carne de lobo de graça.

Se eu não fizesse algo, meu fluxo de caixa ia secar de vez. Sem falar que os cidadãos podiam se voltar contra mim. Eu só precisava descobrir quem era o fornecedor da carne…

Naquela noite, meus capangas trouxeram as informações que eu esperava.

— Tem uma coisa… estranha. Um urso — disse um deles.

Ah, um urso era estranho? Que diabos ele estava falando?

— Tá me achando com cara de idiota?

— N-não, é que… tem uma garota com roupa de urso.

Tinha que estar de brincadeira.

— Descobri que ela chegou sozinha outro dia.

— Sozinha? E passou pelos bandidos?

Será que tinha guarda-costas? Achei que os caras atacariam qualquer garota andando sozinha, mas talvez o fato de ela estar sozinha tenha feito com que passasse despercebida.

— Dizem que ela veio pelas montanhas.

— Ha! Uma garotinha de roupa de urso subiu as montanhas? Você tá bêbado?

— Eu ouvi isso do próprio guarda do portão! Segundo ele, ela ajudou alguns moradores que tentavam atravessar as montanhas. No dia seguinte, várias pessoas viram um urso na costa. Também viram ela indo até a guilda dos aventureiros.

Segundo o relatório, a garota de roupa de urso foi até a guilda e simplesmente despejou toneladas de carcaças de lobo no depósito deles.

Hmmm. Se ela realmente fosse forte o suficiente pra cruzar as montanhas sozinha, então derrotar lobos seria moleza — mesmo sendo só uma garota. E se ela tinha tanta carne, devia ter uma bolsa de itens de primeira.

Será que ela era uma aventureira de ranking alto? Talvez Rank B… no mínimo, Rank C. Que recurso valioso alguém assim seria! E talvez eu conseguisse mais carne de lobo com ela também. Agora, qual seria o próximo passo?

Cocei o queixo, pensativo.

— Me conte mais sobre essa garota.

— Tem uns treze anos e usa uma fantasia de urso fofinha demais…

Ah, ele se expressou mal.

— Repita. Com mais inteligência dessa vez.

— Ela… deve ter uns treze?

— Tá tirando com a minha cara? Tá dizendo que… uma pirralha cruzou a montanha sozinha com uma pilha gigante de lobos mortos?

— N-não?

— Não?

— Quer dizer, sim…

Treze anos?! O que ele achava que eu era? Como uma criança dessas atravessaria uma montanha? Era tão difícil assim verificar as informações?

Mas com o tempo, recebi ainda mais relatos sobre… ursos.

Segundo meu vigia na guilda dos aventureiros, ainda tinha um monte de carne por lá. Ele disse que viu os funcionários esquartejando carcaças no depósito e carregando a carne. Mesmo que a garota-urso fosse invenção, a carne de lobo era real.

Eu precisava de clareza. Precisava de boas informações.

— Já investigaram onde essa tal… “garota-urso” está hospedada?

— Sim, está na estalagem do Deigha.

— Ah, aquele brutamontes idiota. Isso complica um pouco, mas não é como se eu fosse deixar isso de lado.

— Vamos reunir uns quatro ou cinco aventureiros e fazer uma emboscada.

Atacaríamos a garota-urso no meio da noite. Se ela tivesse mais carne, seria nossa. Se não tivesse, eu a entregaria para os bandidos e… bem, daí em diante já não seria mais problema meu, não é?

Muito bem, então… Mas…

…nenhum dos aventureiros que foi até a estalagem voltou.

 

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