Kuma Kuma Kuma Bear Volume 4 – Capitulo 88

A Ursa é Atacada na Estalagem

Depois de me despedir da Yuula após o passeio pela cidade, voltei para a estalagem.
Machoman preparou um jantar caprichado e, olha, fiquei empanturrada.
A comida estava ótima, mas — admito — eu ainda estava meio chateada por não conseguir comer frutos do mar, mesmo com o oceano bem ali do lado.
Talvez eu pudesse pescar um pouco fora da cidade? Não que eu soubesse como fazer isso, mas havia a chance de conseguir puxar algo usando magia.

Mas, sinceramente, eu preferia derrotar o kraken eu mesma. Só que… como?
Na minha caminhada pelo porto, a situação parecia crítica. Todo mundo estava exausto, e ninguém podia sair para o mar.
Bandidos tomavam conta da única estrada, e havia pouca comida.
Qualquer coisa que fosse pescada na costa estava sendo controlada pela gananciosa guilda comercial.
Talvez eu pudesse ir a guilda dos aventureiros amanhã e perguntar à Atola sobre os bandidos?

Se eu conseguisse derrotar esses bandidos, talvez ajudasse um pouco na questão da comida, né?

Ah, tanto faz. Por enquanto, eu só queria dormir.
Kumayuru e Kumakyu estavam dormindo, encolhidos ao meu lado em forma de filhotes.
Invocá-los assim nas estalagens se mostrava bem útil — eles podiam dormir na cama comigo.

– Acordem se algo acontecer, tá bom?

Dei uns tapinhas nas cabeças deles e fui dormir entre os dois.

Pat pat pat pat.
Algo macio bateu no meu rosto.
Pat pat pat pat.
Afastei com a mão.

Senti um cobertor macio.
Um cobertor?

Agarrei ele e abracei apertado.
Mmm, tão quentinho. Tão macio!

Mas… algo cobria meu rosto?
Algo que eu não conseguia afastar.
Comecei a sufocar, até que finalmente acordei.

– O quê?!

Quando levantei, Kumayuru estava grudado no meu rosto. Kumakyu estava nos meus braços.

– Não conseguiram dormir?

Reclamei com eles, e eles responderam com um som suave, olhando para a porta.

– O quê? Tem alguém aí?

Eles fizeram o mesmo som de novo.
Deigha não acordaria eles sem motivo.

Olhei ao redor, incerta, e decidi usar detecção.
Havia pessoas se movendo dentro da estalagem. Quatro delas.
Bem tarde para ficarem andando por aí, não acha? E esse lugar nem estava cheio.

O sinal se aproximava lentamente da escada.
Seriam os aventureiros Rank-C de quem falaram outro dia?
Eles não tinham ido embora?

Os sinais pararam na frente do meu quarto.
No meu quarto.

Eu não tinha feito nada para alguém querer me matar…
Se alguém tivesse que lidar com conspirações e esfaqueadas nas sombras, devia ser o mestre da guilda, não eu.
Achei que ainda era um pouco nova demais para tentarem me assassinar.

Saí da cama para lidar com eles e aumentei o tamanho dos ursos.
A porta estava trancada. O que será que planejavam fazer?

Clac.
Destrancaram a porta, sem problema algum.
Será que tinham uma chave reserva? Ou usaram magia?

A porta se abriu devagar e, adivinha?
Você não precisa ter pena de ninguém que invade o quarto de uma garota de quinze anos no meio da noite.
Corri até a porta e acertei um soco de urso direto no rosto de quem entrou.
O cara voou contra a parede do corredor e — BAM — apagou na hora.

Saí no corredor com o impulso do soco e vi três deles ali parados.
Só esperando para levar porrada.

Usei magia de luz. Queria ver os rostos deles.

– O que foi isso?!

Os três ficaram chocados com a luz. Estavam armados com facas.
Sem dúvida, isso era um assalto.

– Ei! Isso é serviço de quarto? Tá meio tarde, hein?

– Foi você quem entregou os lobos para a guilda dos aventureiros, mocinha?

Eles sabiam disso?

– E se fui?

– Só vem com a gente – disse um, com dentes tão amarelos que era até impressionante. – Sem brigar, beleza? A gente não quer ser violento.

Um dos brutamontes riu.

– E se eu disser não?

– E por que acha que pode?

O homem puxou a faca.
Ele claramente estava pensando em lambê-la.
Demais até pra eles.

O alvo deles não parecia ser eu, e sim os lobos.
A informação deve ter vazado, de algum jeito. Que saco.
Já era tarde, e eu queria dormir.

Decidi resolver isso rapidinho e voltar pra cama.

– Ok, vamos… vamos acabar com isso logo.

– Manda ver, garotinha!

Os homens avançaram com suas facas.

Soco de urso, soco de urso, soco de urso.
Presenciem o poder da minha técnica secreta: o soco de urso (que era só um soco comum com meus ursos de pelúcia).

Os homens desabaram no corredor com sons altos e seguidos.
Talvez altos demais? Não queria acordar o Sr. Macho e família.

Antes de apagar os caras de vez, perguntei:

– Quem mandou vocês? E pra onde iam me levar?

– Não que a gente fosse contar…

Tá vendo? Chato.

Chamei meus ursos.
Kumayuru e Kumakyu voltaram ao tamanho normal, mal passando pela porta até o corredor.

– U-URSOS! – os homens gritaram, se arrastando pelo chão.

– Pois é – falei para o Kumayuru. – Triste, né? Eles não querem falar. Vão ter que comer eles.

Kumayuru e Kumakyu se aproximaram dos homens caídos.

– E-ESPERA!

– Acho que vocês não deviam esperar – falei.
Kumayuru pressionou um deles e deu uma lambida enorme.

– EU FALO! EU FALO, SÓ NÃO ME COMAM!

– É mesmo? Tem quatro de vocês, então…

Contei nos dedos, franzindo a testa.

– Não vejo problema se comerem um. O que vocês acham?

– Cwooom?

Kumakyu fez seu melhor também, se encostando em dois deles e impedindo que corressem.

Que sorte a do cara que eu apaguei.
Tomara que estivesse sonhando com algo legal.

– Por favor!

– Por favor? Quer dizer que vai responder minhas perguntas?

O homem começou a chorar enquanto Kumayuru o mantinha preso.

– Quem deu a ordem… foi o mestre da guilda comercial…

– A guilda comercial? Mas eu nem fiz nada com eles.

– É… mas você entregou um monte de lobos para a guilda dos aventureiros!

– Como sabem que fui eu? Eu pedi para manterem segredo.

– A gente não é burro! Investigamos e vimos que você apareceu na guilda bem quando chegou toda aquela carne de lobo!

Ops.
Não é como se eu tivesse ido escondida a guilda. Era questão de tempo até descobrirem.

– Quando perguntamos pro dono da estalagem, soubemos que você também dividiu comida com ele. E também sabemos que deu comida pro casal que cruzou a montanha!

Nem me passou pela cabeça que eu precisaria cobrir minhas pegadas assim. Ugh.

– Então, vocês iam roubar os lobos que eu tinha?

– Isso também, mas a gente queria aquele saco de itens poderoso seu…

Os lobos e o saco de itens, então.

– Já deu, né? Contamos tudo! Agora pode soltar a gente?

– Hein? Eu só disse que os ursos não iam comer vocês. Não disse que vocês estavam livres.
Kumayuru, Kumakyu, sentem em cima deles até de manhã.
Se tentarem fugir, podem comer.

Sr. Macho e família pareciam continuar dormindo, então não vi motivo para contar nada até o dia seguinte.

– Cwoooooom.

– Vai deixar a gente aqui a noite toda?

– Ah, e pessoal? Conseguem ficar quietinhos? Se ficarem, entrego vocês vivos para os guardas. Se não…

Os homens se calaram e, finalmente — finalmente — eu podia dormir um pouco.

– EEEEEIIIIIII, URSOS?!

Acordei com uma comoção no corredor.

– A menina urso está bem? Menina urso!

Ouvi alguém me chamar e, sonolenta, lembrei dos eventos da noite passada. Ah, certo.

Esfreguei os olhos e saí do quarto.

– Senhorita, está tudo bem?! O que esses ursos estão fazendo na minha estalagem?

Machoman levantou os punhos, pronto pra… o quê?
Ele não ia lutar contra os meus ursos, né?

– Esses ursos são minhas invocações. São amigáveis.

– Suas invocações? Dá pra fazer isso? E quem são esses esmagados embaixo deles?

Os rostos dos homens estavam cobertos de baba de urso.

– Ah, são bandidos. Me atacaram no meio da noite, então capturei eles.

– Te atacaram?

– Aparentemente, foi por ordem do mestre da guilda comercial.

– O mestre da guilda comercial fez o quê?

– Enfim, gostaria de entregar esses homens para os guardas.

– Não sei se você deveria.

– Por quê?

– Desde que o prefeito fugiu da cidade, a guilda comercial está controlando os guardas. Se vai entregar pra alguém, que seja para a guilda dos aventureiros.

Pedi para o filho do Sr. Macho avisar a guilda dos aventureiros.

Enquanto isso, mandei os ursos de volta e pedi ao Sr. Macho para amarrar os homens.
Depois de um tempo, o filho voltou com funcionários da guilda.

– O que você está fazendo aqui, Atola?

Atola apareceu com os funcionários.
Dessa vez, ela vestia um casaco leve, diferente da roupa reveladora de antes.
Imagino que não dava para sair na rua com aquela roupa. Devia ser frio, né?

– Claro que eu viria ao saber que você foi atacada. Agora… quem são essas pessoas?

Ela sorriu de canto.

– Quem seria burro o suficiente para atacar a Yuna?

Apontei para os prisioneiros.

– Eles.

– Eles?

– Eles.

– Tá brincando. — Ela estreitou os olhos para um deles.
– Droi? Você é aventureiro. Sério?

– Mestra da guilda…

– Que decepção miserável você é.

– Eu…

– O resto você me conta na guilda dos aventureiros.

Ela ordenou que um dos funcionários o levasse embora.

– Você não se machucou, né, Yuna?

– Estou bem. Tenho guardas.

– Guardas?

– Mas a situação deles é meio… complicada. Te apresento depois.

Ela assentiu.

– Certo. Sabe por que atacaram você?

– Parece que foi por causa da carne de lobo. Disseram algo sobre a guilda comercial ter mandado.

– Ha. — Não foi um riso.
– Parece que sua caridade incomodou. Mas não imaginei que atacariam tão cedo. Por enquanto, vou investigar os homens que você capturou.

Por mim, tudo bem.

– Atola, estava pensando em capturar os bandidos. Pode me contar mais sobre eles?

– Capturar os bandidos? Tipo… todos eles?

– Sim. Não posso derrotar o kraken, mas bandidos eu consigo.
Se eles forem embora, vocês poderão usar as estradas, certo?

– Yuna, é perigoso ir sozinha.

– Você viu minha carta da guilda, não viu?

Atola respirou fundo. Pensou um pouco.

– Os quatro aventureiros que chegaram à cidade outro dia foram atrás dos bandidos — disse por fim.
– Tentei impedir, mas eles disseram que iam verificar.

Talvez fossem os aventureiros que estavam hospedados aqui?
Disseram que não estavam mais por perto.
Isso parecia urgente.

Perguntei à Atola tudo que podia sobre os ladrões.

Eram mais de vinte. Usavam máscaras, então ninguém sabia quem eram.
Não atacavam quem tinha guarda, mas atacavam os indefesos.

Ninguém havia lutado contra eles, então ela não sabia quão fortes eram.
Eles observavam as pessoas das montanhas.

Apesar de tudo isso, ninguém sabia onde ficava o esconderijo deles…
Mas eu tinha recursos que ela não tinha.

– Eles têm reféns?

– Mulheres, talvez. Só deixaram homens mortos.

Ah. Perfeito.
Assim posso destruir todos sem dó.

Se fosse só roubo, talvez.
Mas assassinos e sequestradores… esses não têm perdão.

– Vou sair agora mesmo – declarei.

– Yuna, não seja imprudente.

Atola parecia preocupada comigo.
Bom pra ela, acho.
Mas eu tinha trabalho a fazer.

Antes de sair, ela se virou e disse:

– Você fica bem fofa com essa roupa de urso branca também.

Tinha esquecido que ainda não tinha me trocado, desde que o Deigha me acordou gritando.

Por algum motivo, eu sempre fico meio envergonhada quando as pessoas me veem com essa roupa branca, mesmo sendo praticamente igual.
Acho que é como ser vista de pijama.

Antes de partir, pedi ao Deigha para preparar um café da manhã reforçado que me desse energia para o dia inteiro.
Eu ia precisar.

 

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