Kuma Kuma Kuma Bear Volume 2 – Capítulo 39

A Ursa Vai Caçar a Serpente

Minha conversa com Cliff e o Guildmaster me atrasou, mas finalmente cheguei até o quadro de missões.

Quadro de Missões Rank D
.Professora de espada (somente mulheres).
.Eliminar orcs.
.Materiais completos de lobo-tigre.
.Duzentos cristais de mana de goblins, sem limite de tempo.
.Coletar erva Melmel.
.Eliminar macacos de pedra na montanha Hoelle, número desconhecido.
……………….

Nada ali me chamava a atenção.

Professora de espada (somente mulheres). Ursas contavam? Tudo que eu sabia de esgrima era do jogo. Ensinar outra pessoa parecia um saco. Eliminar orcs não parecia divertido. Já tinha derrotado lobos-tigre antes, e não conseguia extrair cristais de goblins, então isso era impossível. Não saber quantos macacos de pedra havia era um problema. Não queria pegar missões sem saber quanto tempo levaria.

Se não tivesse sido capturada por tanto tempo, talvez houvesse outras, mas não dava pra fazer nada quanto a isso agora.

Decidi dar uma olhada no quadro de Rank C.

Quadro de Missões Rank C
.Materiais de wyvern.
.Escolta para uma certa pessoa, sigilo absoluto.
.Escama de sereia.
.Aniquilação do grupo de ladrões Zamon.
.Coleta da flor Histori.
.Eliminar cobra d’água, inclui materiais.
.Eliminar tigre de fogo, inclui materiais.
……………….

As missões de Rank C pareciam legais, mas eram coisas sem local definido ou muito distantes. Fiquei surpresa ao ver que sereias existiam. Talvez fosse legal ver uma algum dia.

Justo quando estava pensando em voltar pra casa, já que não tinha nenhuma missão interessante que eu pudesse fazer em uma viagem de um dia, percebi um alvoroço na recepção.

– Por que não?
– Não é que você não possa fazer. Só estou dizendo que levaria tempo.
– Então não vai dar tempo. Minha mãe, meu pai e todo mundo na vila vai morrer.

Um garotinho chorava e implorava para Helen.

– Como eu disse, não temos aventureiros capazes de derrotar uma Víbora Negra. Mesmo se chamarmos um agora, só chegariam amanhã.
– Mas minha mãe e meu pai…

O menino caiu em prantos.

– O que houve?
– Yuna.

Fui até os dois.

– Parece que uma Víbora Negra apareceu na vila desse garoto.
– É uma cobra?
– Sim. É maior que uma víbora comum. Se for um exemplar fora do padrão, pode ter uns cem metros. Parece que vários moradores foram devorados. O garoto cavalgou até a cidade, mas mesmo que encontre um aventureiro capaz de derrotá-la, eles ainda estão fora e não voltarão por vários dias.

Uma Víbora Negra, hein? Olhei para o garoto chorando.

– Então que tal eu ir?

Não tinha nada melhor pra fazer, mesmo.

– Você quer só… ir? Não é como se fosse um passeio pelo bairro. As versões grandes são monstros de Rank B.
– Mas se não formos rápido, a vila estará em perigo, certo?
– Sim, mas…
– Se ficar perigoso, eu dou o fora. Vai ficar tudo bem. Helen, pelo menos pode preparar a papelada pra chamar os aventureiros? Eu posso ganhar tempo.
– Você acha que eu sou idiota?! – gritou o garoto. – Não tem como alguém vestida de forma tão estranha quanto você conseguir derrotar a Víbora Negra.

Era válido. Normalmente, ninguém acreditaria que uma garota de pijama de urso pudesse derrotar um monstro assim.

– Uhh, nesse caso, eu vou na frente de todo mundo e vou coletar informações.
– Coletar informações?
– Vou coletar informações e entregar para os aventureiros que você chamar, Helen. Se soubermos o tamanho e onde ela está, tudo vai mais rápido, certo?

O garoto assentiu levemente diante da minha mentira improvisada.

– Então, Helen, onde fica essa vila?
– É uma viagem de um dia e meio a sudeste, assumindo que se tenha um cavalo rápido.

Me perguntei se um dia e meio era longe. Não fazia ideia de quantas horas um cavalo podia correr por dia. Obviamente, não as 24.

– Você vai mesmo?
– Não tenho nada melhor pra fazer.
– Por favor, espere um momento. Vou confirmar com o Guildmaster.

Helen saiu da recepção e foi até a sala do Guildmaster. No entanto, ele voltou com ela logo em seguida.

– Vai caçar uma Víbora Negra?
– Só vou dar uma olhada. Se parecer que posso derrotá-la, eu derroto. Se não, eu fujo e trago informações para os aventureiros que a Helen chamar.
– Helen, quais aventureiros são esses?
– Seria o grupo Rank C do One-Eyed Rush.

Que tipo de apelido de adolescente edgy era “One-Eyed Rush”? Não queria ser chamada de algo assim, mas queria ver quem eram. Será que usavam tapa-olho ou algo do tipo?

– Um Rank C de um olho só, hein. Não sinto muita confiança em mandar só um grupo. Se puder arrumar outros, por favor, faça.
– Entendido.
– Nesse caso, vamos, Yuna.

Soou como se o Guildmaster tivesse dito algo estranho.

– Vamos?
– Vou também. Já fui aventureiro. Não vou te atrapalhar.

Nada tranquilizante.

– E como pretende chegar lá?
– Vou a cavalo. Devemos chegar amanhã.
– Nesse caso, eu vou na frente. Minhas invocações não devem levar nem um dia.
– É mesmo?
– Tenho duas, então se eu alternar entre elas, provavelmente.

Não tinha certeza, mas…

– Vá na frente então. Mas não faça nenhuma loucura até eu chegar.
– Pode deixar.

No momento em que tentei sair da guilda, o garoto me parou.

– Espere. Pode me levar com você?
– Você só vai atrapalhar.
– Eu guio o caminho. Isso deve economizar tempo.

Analisei ele de cima a baixo. Parecia leve. Acho que estaria tudo bem se fosse só o peso de uma criança.

– Ok. Não faremos paradas.
– Não me importo. É pela vila. Não posso ficar esperando aqui sozinho.
– Nesse caso, não podemos perder tempo, garoto.
– Me chamo Kai.
– Eu sou Yuna. Vamos, Kai.

Saímos da cidade, e eu invoquei Kumayuru. Kai ficou surpreso.

– Sobe. Estamos com pressa, não estamos?
– Moça, o que é isso? E o que é essa roupa?
– Isso não importa agora, importa? Sua família está esperando, não está?

Kai assentiu e montou em Kumayuru. Subi atrás dele.

– Olhe para frente e guie o caminho direitinho.
– Certo.

Kumayuru correu, seguindo as direções de Kai. Era mais rápido que um cavalo e com fôlego de sobra. Depois de correr por três horas, desmontamos e fizemos uma pequena pausa para comer.

– Vamos acabar em cinco minutos.

Tirei pão e suco do armazenamento do urso e entreguei para Kai. Ele agradeceu e devorou o pão.

– Falta quanto?
– Estamos mais ou menos na metade, talvez um pouco menos.

Nesse caso, chegaríamos em cerca de três horas. Depois da refeição, trocamos para Kumakyu. Mesmo tendo cavalgado até a cidade de manhã cedo, Kai guiava a gente pacientemente.

– Se tiver um trecho reto por um tempo, você devia dormir um pouco.
Kai balançou a cabeça.

– Estou bem. Não conseguiria dormir mesmo. Perderíamos tempo se a direção estivesse minimamente errada. No começo, achei que uma garota esquisita como você não ajudaria em nada, mas se consegue invocar ursos assim, deve ser especial. Talvez consiga ajudar todo mundo a escapar, mesmo que não derrote a Víbora Negra. Por isso quero chegar logo. Mesmo que eu chegue lá, não serei útil. Acho que meu papel é garantir que você não se perca e te levar até perto da vila, pelo menos.

Kai era maduro demais. Entre a Fina e esse garoto, o que tinha com as crianças desse mundo?

– Nesse caso, faz bem seu trabalho e me mostre o caminho.
– Por favor, salve todos na vila, moça.
– Vou fazer o que puder.

Kumakyu avançava firme em direção à vila.

 

Comentar

Options

not work with dark mode
Reset