Kuma Kuma Kuma Bear Volume 3 – Capitulo 60

A Ursa Consegue Batatas

Acordei na Casa da Ursa na manhã seguinte. Voltamos para lá ontem à noite, depois do jantar na casa da Ellelaura.

– Yuna, tem certeza?

– Está tudo bem.

Durante o jantar, Fina prometeu sair com a Noa. Elas também falaram sobre convidar a Misa, então parecia que as três iam passear pela capital real.

– Aqui – eu disse – esta é a sua mesada. Vocês três provavelmente vão a vários lugares. Vou te dar mais que o normal, então use com o que quiser. E, claro, não precisa devolver.

Entreguei o dinheiro para a Fina.

– Mas…

Ela hesitou em pegar o dinheiro.

– Eu fui quem te convidou para a capital real, então não se preocupe com isso. Você não quer causar problemas para as outras duas por não ter dinheiro, né?

– Tá bom… Eu vou aceitar, mas vou trabalhar duro para te pagar de volta.

– Não precisa se preocupar com isso. Você já está trabalhando duro no açougue, então considere isso como um bônus.

– Um bônus?

Fina inclinou a cabeça, como se não tivesse entendido o que eu disse.

– Você sempre se esforça muito, então é como um pagamento especial por isso. Então não se preocupe. Apenas gaste e se divirta.

– Obrigada, Yuna.

Fina colocou o dinheiro em sua bolsa sem fundo e saiu de casa. Agora que ela tinha saído, decidi fazer meu próprio passeio turístico pela capital.

Enquanto caminhava pela cidade, recebi os olhares de sempre.

– Um urso?

– Aquilo é um urso?

– Mamãe, o que é aquilo?

– Que fofinho.

– Está acontecendo algum tipo de evento?

Era constrangedor, mas não tinha outra opção além de sorrir e “bear-it” (suportar). Eu queria que o deus que me trouxe para esse mundo tivesse me dado roupas que não chamassem tanto a atenção. Tinha tantas outras opções, como os equipamentos legais que eu usava no jogo. Por que tudo precisava ser de urso? Se eu fosse um cara, isso seria completamente fora de questão.

Enquanto andava pela capital, inventei mentalmente novos xingamentos para o deus que me mandou aqui.

Eventualmente, cheguei a um lugar que parecia uma praça. Havia panos estendidos no chão com todo tipo de mercadoria em cima. Talvez houvesse algo incomum por ali? Os vendedores pareciam surpresos sempre que eu parava para olhar seus produtos, mas ninguém me olhava com maldade.

– Isso é…

Parei.

– Hm? Que garota bem vestida. Seja bem-vinda – disse fracamente um homem na casa dos trinta.

Havia vegetais enfileirados na loja. Um deles me chamou a atenção.

– São batatas?

– Isso mesmo. Quer comprar, senhorita?

Finalmente! Eu tinha encontrado a humilde batata.

– Quero todas.

– Perdão? Senhorita urso, por mais impopulares que esses tubérculos sejam, não é como se você pudesse comprá-los todos com o dinheiro que deve estar carregando.

Ele parecia um pouco irritado.

– Quanto custa?

– Certo. Seria mais ou menos isso. Se puder pagar, vendo tudo para você.

Ele me passou o valor de forma brusca.

Mas eu respondi:

– Fechado!

– Como eu disse…

Tirei um pouco mais que o valor especificado e entreguei ao homem.

– Sério?

Ele olhou para o dinheiro e depois para mim, surpreso.

– Tem certeza disso?

– Vou levá-las.

Eu podia cozinhar no vapor, fazer salada de batata, batata chips ou fritas para um lanche da tarde—dava para fazer mil coisas. No momento, eu estava com muita vontade de comer batata chips com sal.

– Se for comer, tome cuidado. Se tiver azar, pode te fazer vomitar ou dar uma baita dor de barriga.

– Sim, por causa do veneno.

Os brotos são venenosos.

– Batatas são gostosas, mas pouca gente compra por causa disso.

– É, as partes que brotam ou ficam verdes são venenosas. Se tiver cuidado para evitar essas partes, dá pra comer de boa.

– Sério?

– O quê?

– Isso que você acabou de dizer.

– É, ué?

Era conhecimento comum lá de onde eu vim.

– Já ouvi dizer que elas causam mais dor de estômago quando começam a brotar. Mas como a senhorita sabe disso?

– Onde eu cresci, todo mundo sabe disso.

– Existe um lugar assim? Ninguém por aqui sabe disso, então não vendo muitas.

Talvez por isso não vendessem em Crimonia?

– O senhor poderia me dizer de qual vila é? Da próxima vez, vou até lá para comprar.

– Eu agradeceria muito, mas é bem longe.

Peguei um papel e pedi que ele desenhasse um mapa. Aqui era a capital real, e talvez aqui fosse Crimonia?

– Parece que é perto de Crimonia.

– Senhorita Ursa, conhece Crimonia?

– Conheço. Moro lá.

– É mesmo? Bem, se você realmente quiser comprar de mim, posso levar até Crimonia.

– Tem certeza?

Isso seria uma grande ajuda. Eu queria que os órfãos provassem.

– Sim! Eu não vendo muito aqui na capital, mas Crimonia é perto da minha vila, então me pouparia o trabalho.

– Fechado. Nesse caso, quando for até Crimonia, pode levar para o orfanato? Vou avisá-los com antecedência.

– Para o orfanato?

– Tem alguém que conheço lá. E aqui está o pagamento adiantado.

Entreguei o mesmo valor de antes.

– Tem certeza? E se eu não aparecer?

– Se isso acontecer, vou até sua vila buscar pessoalmente.

– Era brincadeira. Eu juro que vou entregar. Meu nome é Zamoru.

– Eu sou a Yuna.

– Bem, o que vai fazer com estas? Se quiser levar para algum lugar, posso ajudar.

– Está tudo certo. Eu mesma guardo.

Comecei a guardar o monte de batatas no meu armazenamento de urso. Já estava imaginando os lanches que elas virariam.

– A senhorita é impressionante, Senhorita Ursa.

O homem me observava maravilhado enquanto eu guardava tudo.

– E quando quer que eu entregue em Crimonia?

– Vou ficar aqui até a comemoração de aniversário terminar, e mesmo que eu volte pra casa logo depois, ainda faltam três semanas. Então em mais ou menos um mês seria bom.

– Entendido. Com certeza estarei lá.

Deixei o homem e continuei passeando pelas barracas. Comi espetinhos de carne deliciosos e qualquer coisa que parecesse incomum, e comprei em grandes quantidades qualquer ingrediente que passasse no teste do paladar. Não examinei cada item que vendiam ali, mas com certeza não vi molho de soja, missô ou arroz. Queria sushi com molho de soja—até polvo ou lula serviriam, grelhados de preferência—mas decidi que conseguir batatas já era suficiente por hoje. Talvez fizesse chips e fritas ao chegar em casa.

Embora ainda fosse um pouco cedo, resolvi voltar.

Quando cheguei à Casa da Ursa, Fina ainda não tinha voltado. Bem, pensei, acho que vou preparar uns chips pra mim.

Fui até a cozinha, peguei algumas batatas, fatiei fininho e fritei no óleo. Fizeram sons ótimos enquanto fritavam até ficarem crocantes. Coloquei num prato e salpiquei sal por cima. Estavam prontos meus tão desejados chips de batata salgados.

Fiquei um pouco desapontada por não conseguir fazer outros sabores, mas coloquei um chip na boca.

– Delícia.

Ah, como eu sentia falta do sabor dos chips. Como fiquei com sede, peguei algo para beber. Fina chegou em casa enquanto eu ainda estava comendo.

– Bem-vinda – cumprimentei. Croc croc. Fina parecia um pouco abatida. – Se divertiu?

– Sim, foi divertido.

Então por que ela parecia tão cansada? Será que foram a tantos lugares que ela ficou exausta?

– Yuna, quero devolver isso.

Fina tirou a bolsa de dinheiro que eu tinha dado.

Ela me contou que a Noa aparentemente pagou tudo, então ela não precisou usar nada. Devo agradecer à Noa quando a encontrar.

– Você pode precisar depois, então fique com ela – falei. Croc croc.

– O que você está comendo, Yuna?

Croc croc.

– Chips de batata.

– Chips… de batata?

Fina inclinou a cabeça, confusa.

– Quer provar?

– Sim, obrigada.

Ofereci o prato para Fina.

Croc croc…

– Estão deliciosos.

– Que bom que gostou.

Fina pegou mais um.

– Pode comer à vontade. Tem bastante.

– Muito obrigada. Estavam vendendo isso?

– Estavam vendendo batatas, então comprei algumas e fiz os chips.

Ao ouvir isso, Fina recuou a mão, surpresa.

– Fina, você sabe o que são batatas?

– Não sei muito, mas ouvi faz muito tempo que tem que ter cuidado ao comer.

– Tem que tomar cuidado para não comer os brotos ou as partes verdes. Fora isso, está tudo bem.

– É mesmo?

– Se você comer as partes brotadas, pode ter dor de barriga. Ou pior, se tiver azar. Então tem que prestar atenção – expliquei, e Fina me olhou com reverência.

Munch munch. Croc croc. Ah, era exatamente o que eu queria. Agora estava com vontade de comer chips sabor consomê, mas não tinha como fazer isso aparecer do nada. Fina me observava comer, então estendeu a mão e pegou mais alguns.

– É fácil de fazer, então serve bem como lanche.

As duas juntas, acabamos com o prato rapidinho. Mostrei à Fina como fazer chips de batata e depois preparei batatas fritas para o jantar. Como esperado, também foram um sucesso.

 

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