COMO LADY NOIR me convidou para sair, estou indo passear com Lady Noir e Lady Misana. Tentei convidar a Yuna, mas ela recusou. Será que vou conseguir lidar com isso? Ughhh, estou nervosa.
Estava remoendo esses pensamentos sentada no sofá, esperando a hora de sair, quando Yuna colocou dinheiro sobre a mesa. Disse que eu precisaria de dinheiro para passear pela capital e que era para levar comigo.
Ela tinha razão — talvez gastássemos com alguma refeição. Já tinha recebido dinheiro da mamãe, mas Yuna insistiu que, como foi ela quem me convidou para a capital, pagaria por tudo.
Só que ela me deu muito dinheiro. Acho que é porque confia em mim, mas mesmo assim, foi demais. Disse que eu podia usar como quisesse, mas eu não conseguiria gastar tanto assim.
Queria dizer: “Yuna, pode pegar de volta. Isso está estranho.” No fim, não consegui recusar e acabei aceitando. Pretendo gastar o mínimo possível.
Ao sair da casa da Yuna, fui sozinha para a residência de Lady Noir. Quando cheguei, a criada fez uma reverência e me cumprimentou com muita educação. Eu também me curvei automaticamente e respondi. Nunca me acostumo com isso, por mais que aconteça.
– Fina, seja bem-vinda.
– B-bom dia, Lady Noir.
– Assim que Misa chegar, partiremos.
Não demorou muito até Lady Misana chegar.
– Minhas queridas Noa e Fina, bom dia.
– Lady Misana, bom dia.
– Misa, bom dia. Então, vamos? – disse Lady Noir. Mas eu ainda me perguntava para onde iríamos. Mesmo com o dinheiro que Yuna me deu, não queria ir a um lugar caro.
– Querida Noa, para onde vamos? – perguntou Lady Misana.
– Sei de um lugar, mas vocês gostariam de ir a algum em especial?
Não soube o que dizer. Eu nem conhecia a capital, então não sabia onde gostaria de ir. Para mim, só caminhar pela cidade já seria ótimo. Mas, se tivesse que escolher, queria ver o castelo. Não por dentro, claro, só de perto. Só que fiquei com vergonha de dizer isso.
– Nenhuma de vocês tem algum lugar em mente?
– Na verdade, onde você estava pensando em ir? – perguntou Lady Misana.
– Isso é segredo.
Lady Noir não queria revelar seu destino. Quando a vi sorrindo, fiquei nervosa. Espero que não seja um lugar que me dê dor de estômago.
– Já vim à capital muitas vezes. É sua primeira vez aqui, não é, Fina? Gostaria de visitar algum lugar? – perguntou Lady Misana.
O que eu deveria fazer?
As duas me encaravam, então resolvi confessar:
– Gostaria de ver o castelo de perto…
– O castelo?
– Sim, esperava poder vê-lo quando viesse para a capital.
Falei honestamente, e Lady Noir pensou por um momento antes de assentir.
– Nesse caso, vamos ver o castelo primeiro.
– Tem certeza?
– Já disse antes: estamos fazendo isso para ficarmos mais próximas como amigas. Então podemos ir.
– Claro, estou de acordo também.
– Certo, vamos.
Lady Noir segurou minha mão e a de Lady Misana e começou a correr. O castelo já era visível de longe, mas de perto era simplesmente gigantesco. Era ali que o rei morava? Será que havia príncipes e princesas também? Queria muito vê-los, mas como sou plebeia, jamais teria essa chance.
Ouvi dizer que durante o desfile daria para ver o rei e a rainha de longe.
Se eu visse, seria uma boa história para contar para mamãe e Shuri. E, claro, para o papai também.
Havia muitas pessoas como eu ao redor, admirando o castelo.
– Tem muita gente mesmo – comentou Lady Noir. Ela não olhava para o castelo, e sim para as pessoas à volta.
– É por causa da celebração de aniversário. Tem gente vindo de longe também.
Ou seja, havia muitos como eu. Ouvi uma família conversando ao lado:
– Mamãe, como é o castelo por dentro?
– Quem sabe? Aposto que é um lugar lindo.
– Queria tanto ver…
Eu também estava curiosa para ver o interior, mas não podia entrar. E por causa da festa, havia muitos guardas. Nem dava para chegar perto do portão.
– Já que não podemos entrar, que tal contornarmos o castelo?
Achei a ideia encantadora, mas será que podia mesmo? Queria ver o castelo de todos os ângulos possíveis.
– Já que não podemos te guiar por dentro, queremos garantir que se divirta, Fina.
Lady Noir estava sendo atenciosa. Ela era mesmo gentil. Lady Misana também concordou, e me levaram para contornar o castelo inteiro. As duas me contavam o que havia lá dentro.
– O campo de treinamento fica depois daquele muro.
– Tem até um jardim muito bonito lá dentro.
As duas eram muito gentis. Sempre achei que aristocratas fossem mandões, mas elas não eram assim. Ou talvez fossem exceções?
Depois disso, Lady Noir e Lady Misana falaram sobre o que havia em outros pontos e como a paisagem era bonita vista do alto. Assim terminamos nosso passeio ao redor do castelo.
– Lady Noir, Lady Misana, muito obrigada. Foi muito divertido. Vou contar tudo à minha família quando voltar.
– Queria tanto poder te mostrar o castelo por dentro.
– Não se preocupe. Foi maravilhoso. Vocês me contaram tantas coisas que parecia que eu realmente estive lá dentro.
Era isso que eu sentia de verdade — como se tivesse entrado no castelo através das explicações delas.
– Se é assim, então ótimo. Nesse caso, para onde vamos agora? – perguntou Lady Noir.
Mas eu já estava satisfeita com o castelo, então olhei para Lady Misana.
– Estou um pouco cansada, Noa.
Eu me movo bastante todos os dias, então nem estava tão cansada, mas Lady Misana estava.
– Entendo. Nesse caso, que tal irmos descansar na praça central leste?
Não sabia se era perto ou não, mas apenas segui Lady Noir. Quando chegamos à praça, havia muito mais pessoas.
Precisava tomar cuidado para não me perder. Se me separasse, com certeza me perderia. Eu lembrava mais ou menos como voltar, mas só mais ou menos. Não queria deixá-las preocupadas.
Quase esbarrei em alguém e acabei me separando um pouco de Lady Noir. Tentei correr para alcançá-la, quando ela se virou, pegou a mão de Lady Misana, e então segurou a minha.
– Lady Noir?
– Seria ruim se você se perdesse.
Lady Noir puxou minha mão.
A mão dela era muito quente.
Quando ela fez isso, sorri.
– Ah, e não me chame de Lady Noir. Me chame de Noa. Todos os que são próximos de mim me chamam assim.
– Nesse caso, pode me chamar de Misa também.
Mal podia acreditar no que estavam dizendo. Não se chamam as pessoas por apelidos a menos que se seja íntimo. Se elas me deixaram chamá-las assim, será que queriam dizer que consideravam uma plebeia como eu sua amiga?
– Lady Noir, Lady Misana…
– Não, é Noa.
– Isso mesmo, é Misa.
As duas sorriram, esperando que eu dissesse algo.
Aparentemente, eu precisava chamá-las pelo nome.
– L-Lady Noa, Lady Misa…
Fiquei um pouco envergonhada, mas quando falei, elas pareceram felizes.
– Prazer em te conhecer, Fina.
– Fico muito feliz em te conhecer, Fina.
– S-sim!