Kuma Kuma Kuma Bear Volume 4 – Capitulo 78

A Ursa Abre a Loja

Com o nome da loja decidido, Milaine ia providenciar uma placa pela guilda comercial… ou pelo menos era o plano, até alguém mencionar que uma loja chamada “Bear Lounge” precisava ter uma placa ursa. Como a minha casa de urso, ela tinha que transmitir uma grande energia de urso à primeira vista.

— Quer que eu faça isso também? — (Como sempre, né?)

— Se pedirmos pra um artesão, vai demorar. Você não pode fazer, Yuna?

Hmm. Eles já sabiam que eu podia criar uma casa toda temática de urso.

— Já tem um prédio aqui, então não dá pra fazer igual à minha casa exatamente.

— Vamos deixar os detalhes com você, Yuna. Nenhum de nós sabe exatamente o que você consegue fazer com sua magia.

E foi assim que me encarregaram de deixar a loja com “cara de urso”. Mas isso queria dizer o quê, exatamente? O exterior já existia, e eu não ia demolir tudo só pra começar de novo. Que saco.

Depois da reunião, todos voltaram aos seus afazeres — Milaine e Tiermina foram à guilda comercial negociar a placa e os uniformes; Morin e Karin voltaram à cozinha para limpar; Miru e as outras crianças levaram os pães que treinaram fazer de volta ao orfanato; Helen foi pra casa e a empregada Lala veio buscar a Noa. No fim, só Fina e Shuri ficaram comigo.

— Agora que você está fazendo a loja, vai poder comer pudim sempre que quiser! — exclamou Fina.

— Nem tanto. Depende de quantos ovos a gente tiver.

Como eu precisava vender ovos para a guilda comercial em intervalos fixos, Tiermina e Milaine cuidariam disso. Fina também sabia fazer pudim sozinha, então não precisava vir até a loja.

— Ei, meninas? Como vocês acham que uma loja de urso seria?

— Ursos! — gritou Shuri, pulando.

Fina assentiu.

— Que tal decorar com enfeites de urso?

Enfeites de urso, hein? Eu fiz a casa de urso, então dava pra criar algo assim com magia.

Primeiro, coloquei duas estátuas de urso na entrada. Concentrei mana nos meus fantoches de urso e imaginei o formato. No meu mundo, existem aquelas figuras bonitinhas tipo Nendoroid, com cabeças grandes, cerca de dois quintos do tamanho do corpo.

Usei barro como material. Para dar um pouco de cor, juntei tonalidades diferentes de terra com magia. Não era um arco-íris maravilhoso, mas melhor que “Cor de Terra Pura”. E bum! Nasceram estátuas fofinhas no estilo Nendoroid de urso.

— I-Isso é tão fofo.

— Ursos!

As duas correram pra cima das estátuas encantadas.

— Acham que ficou bom?

— Sim! É tão fofo que vou explodir!

As testadoras estavam empolgadas! Coloquei os ursos fofinhos no segundo andar e na frente da loja. Mas, hmm… as estátuas eram legais, mas olhando de novo pra fachada, ainda não dava pra saber que tipo de loja era. Como as pessoas saberiam que vendíamos pão de urso?

Voltei à frente do prédio e fiz um urso gigante segurando um enorme pão. Coisa normal de padaria.

Depois de decorar o lado de fora, fui ao jardim. Decidimos por um café ao ar livre; todo mundo concordou que comida tinha um gosto melhor ao ar livre.

Fui criar ursos pro jardim também, variando um pouco. Fiz um urso encostado em uma árvore, um urso socando o ar, uma mamãe urso com seu filhote… Ah, e um urso dormindo fofinho era obrigatório.

Uau. Será que virei artista? Isso conta?

Shuri correu e se agarrou ao urso dorminhoco.

— Shuri, vai sujar a roupa — disse Fina, puxando a irmã de volta.

— Mas é urso — apontou Shuri.

Ela não queria sair de lá, mas como eu terminei de preparar o terraço, levei as duas pra dentro.

— Vai fazer ursos pra dentro da loja também? — perguntou Fina.

— Ehh. Por que não? Onde seria bom?

A loja tinha várias mesas, e não dava pra colocar no meio dos corredores.

— Não precisa fazer muito grandes. Talvez uns pequenos?

Boa ideia. Observei o interior da loja e olhei para as mesas. Talvez ali? Me aproximei de uma e invoquei uma estátua pequena, estilo chibi Nendoroid, no centro.

— É um mini urso — maravilhou-se Shuri. Ela se aproximou e cutucou a estátua.

— Shuri — avisou Fina. — Sem tocar.

— Mas… é tão fofo…

Talvez fofo até demais. Não queria que alguém levasse os ursos embora, então usei um pouco de magia pra fixar a estátua na mesa.

— Não vai sair, não importa o quanto mexer — avisei. Shuri puxou e nada aconteceu. Isso deve evitar roubos de ursos, certo?

Coloquei mais estátuas fofinhas em outras mesas: um urso em pé, um lutando, um dormindo, um correndo, um monte de ursos empilhados, um dançando, um com espada, um comendo peixe, um lambendo mel e até um dando abraço de urso.

Depois disso, fui para as paredes: ursos descendo das paredes, subindo pelas colunas, afiando as garras nos cantos. Como se chama um grupo de ursos mesmo? Uma alcateia? Um… ursing?

Karin desceu do andar de cima.

— Yuna, o que você tá fazendo?

— Ursos — respondi.

Karin olhou ao redor para os chibis espalhados pela loja.

— É, não dá pra negar. E são fofos. Se encontrasse esses ursos na floresta, não teria medo. — Ela cutucou um. — Você acha que vamos ter clientes?

Bem, era uma loja nova, num local desconhecido e com uma culinária não familiar. Dava pra entender a preocupação.

— Acho que virão. Pedi uma campanha de propaganda de impacto. E com os pães da Morin, pizza, pudim, batatas fritas e chips… estamos bem.

— Os chips e batatas estavam deliciosos. Ah, e o queijo combinava bem com o pão.

Assenti vagamente.

— Estou meio preocupada com nosso estoque de queijo. Pode não ser o suficiente pra atender à demanda.

Precisávamos de queijo pro pão e pra pizza, então usávamos muito. Também me preocupava com a batata.

— Onde você compra o queijo?

— De um velho do queijo. Ele veio vender na capital.

— Espera, ele não é da capital?

— Tá tudo certo. Perguntei onde ele mora. Se precisar, vamos até a vila do queijo.

— E as batatas?

— Devem ser entregues ao orfanato no mês que vem, mas se precisar, eu mesma busco.

Sair era um saco, então esperava que as batatas chegassem no prazo. Segundo Fina, às vezes vendedores de batata vinham à cidade. Pedi pra Tiermina acompanhar isso. Se tudo desse certo, venderíamos tudo a tempo do próximo lote.

Planejamos a inauguração para daqui a dez dias. A placa e os uniformes ficariam prontos a tempo. Estava bombardeando a guilda de mercadores e de aventureiros com panfletos. Tudo preparado.

Agora era só contar com o trabalho das crianças.

Todo mundo ficou maluco com as estátuas de urso. Milaine até pediu que eu fizesse uma perto da placa. Não consegui dizer não, então esculpi um urso agarrado à beirada da placa.

Às vezes parecia que Milaine era quem realmente administrava a loja, com toda a iniciativa dela nas burocracias e negociações. Ela providenciou louças, utensílios e até ingredientes com desconto. Não conseguia negar nada pra ela. Não que eu me importasse, considerando o quanto ela ajudava, mas eu me perguntava como andava o trabalho real dela.

Sempre que perguntava, ela respondia:

— Tudo isso se encaixa nas atividades da guilda de comércio, então sem problema.

As crianças ficaram eufóricas quando os uniformes chegaram. Fizemos extras e até para Fina e Shuri, que ajudariam.

Ensinei as crianças a fazer contas e memorizar os nomes e preços dos pratos. Depois, aprenderam a cozinhar e ensaiamos como atender os clientes. Meu exército alegre de órfãos se dedicou aos estudos sem reclamar.

E de repente, chegou o dia da inauguração. Todos estavam nervosos. As crianças se mexiam inquietas, espiando pela porta. Acho que só eu e Morin não estávamos surtando.

Quando deu o horário de abertura, abrimos as portas e… ninguém.

— Ninguém veio — disse Karin, olhando pra entrada. Nenhum sinal de vida.

— Bem, acabamos de abrir.

As crianças ficaram desapontadas depois de se empolgarem tanto.

Será que não anunciei o bastante? Pelo menos pedi pra Milaine e Helen colocarem mais panfletos nas guildas. Até amigos nossos ajudaram.

Um tempo depois, o primeiro cliente finalmente chegou.

— Então… aham. Olá.

Era o mestre da guilda dos aventureiros, ajeitando a gravata.

— Bem-vindo.

Normalmente, as crianças atenderiam, mas como era o mestre da guilda, decidi ser a anfitriã.

— Que lugar curioso você tem aqui — disse, observando a loja cheia de ursos e crianças vestidas de urso.

— Está exagerado demais?

— Quer dizer os ursos por dentro e por fora? Vão causar estranhamento, sim, mas também devem atrair gente por curiosidade.

Bom, com certeza chamavam atenção. Esperava que o urso segurando pão deixasse mais claro que era uma padaria.

— Então, o que vai querer?

— Alguma recomendação?

— Pizza, hambúrguer e pães são refeições. Batatas são lanches. Pudim é sobremesa. Consulte seu estômago.

Montamos um sistema de pedidos no balcão dos fundos, onde também se retirava a comida. Teriam que esperar um pouco pela pizza, claro.

— Entendi. Nesse caso, vou querer pizza. A Helen disse que era boa.

— E pra beber?

— Suco de oran.

Ele finalizou o pedido e pagou. Poucos minutos depois, Morin assou a pizza e as crianças a levaram direto.

— Isso é pizza? — O mestre da guilda a olhou como se fosse uma cena de crime glutínica. Então assentiu, aceitou o prato e o suco, e foi até uma mesa.

— Que comece — disse baixinho e… deu uma mordida. Depois outra. E outra. A inércia venceu. — Oh céus, que maravilha!

Num piscar de olhos, devorou a pizza inteira e tomou todo o suco.

— Fico feliz que tenha gostado.

— Sim, sim. E os outros pratos? São bons também?

— Isso só você pode decidir. Cada um tem seu gosto.

— Certo. Como faço pra pedir mais?

— Volte ao balcão e peça como da primeira vez.

— Glorioso.

Ele se levantou e pediu um hambúrguer. Saboreou cada mordida e, ao sair, parecia irradiar luz.

Mais tarde, começaram a vir mais pessoas. Talvez só tivéssemos aberto num horário ruim. Mas, com o horário de almoço se aproximando, os clientes aumentaram.

Provavelmente graças ao mestre da guilda e à Helen, um grupo de aventureiros apareceu. Alguns riram das estátuas, mas se calaram ao levar um olhar da Ursa Sangrenta e fizeram seus pedidos em silêncio—pizza e pão. A Ursa Sangrenta recomendou chips e batatas. Eles obedeceram.

Depois de comerem, saíram satisfeitos e a maioria não estava mais apavorada comigo.

Em seguida, vieram clientes seguindo as dicas da Milaine e dos panfletos. Nada mal, né?

Quer dizer… foi mais que isso. Em vez de menos movimento depois do almoço, a clientela só aumentava. Os clientes do almoço espalharam a notícia.

As estátuas de urso chamavam atenção, os pães traziam os clientes, e o pudim multiplicava tudo por 1,75. Fiz trezentos pudins, mas logo começaram a acabar.

Mesmo com ovos mais baratos, pus um preço alto no pudim. Não adiantou: os clientes (especialmente garotas) compravam um atrás do outro. Ninguém respeitava o limite de um por pessoa—alguns pegaram até três ou quatro.

E então veio a hora do rush pós-aventura. O mestre da guilda e Helen se superaram na propaganda. Os pudins acabaram, e muitos clientes decepcionados saíram da loja.

O pão também esgotou, e mesmo com as crianças ajudando Morin a assar mais, não dava conta. Até Fina teve que entrar em ação.

Comecei a ajudar no atendimento, caso algo desse errado. Karin e as crianças não aguentariam a fome de pudim dos aventureiros famintos.

Eu queria deixar o pessoal comer depois do almoço, mas nem isso conseguimos. Sem ingredientes suficientes pra servir o jantar, encerramos o dia mais cedo.

 

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