Kuma Kuma Kuma Bear Volume 5 – Capitulo 100

A Ursa é Desnecessário?

KUMAYURU E KUMAKYU me acordaram de manhã, e eu me encontrei abraçada ao Kumayuru. Provavelmente tinha me agarrado no grandão sem perceber enquanto dormia. Agora sim, um sono confortável.

Mas Kumakyu ficou um pouco emburrada porque eu tinha abraçado o Kumayuru. Isso não parecia justo—quero dizer, eu estava dormindo, não tive culpa, e eu realmente não precisava daquilo logo cedo. Mas, por outro lado, Kumakyu parecia tão miserável com aqueles olhões fofos que prometi que dormiríamos juntas naquela noite. Com isso, mandei os dois embora por enquanto.

Cliff e Milaine já estavam tomando café da manhã quando cheguei ao salão.

— Vocês dois acordaram cedo.

— O tempo é essencial — disse Cliff. — Temos muito a fazer.

— Eu até gostaria de ter dormido um pouco mais, mas estou disposta a sacrificar certos confortos se… — ela deu um bocejo pequenino — for absolutamente necessário.

— Você não dormiu bem? — Hmm. Deigha não precisava saber disso—ele poderia se culpar.

— Minha cabeça estava cheia de pensamentos — disse Milaine. — Mal consegui pregar o olho.

— Parece que o trabalho de vocês vai ser intenso — falei.

Cliff olhou para Milaine e depois para mim.

— Yuna…

— Oh, Yuna… — Milaine esfregou os olhos.

— De quem você acha que é a culpa dessa situação toda? — Cliff disse.

— Espera aí, você está me culpando por tudo isso? — Culpando por quê? Ser boa demais em ser incrível?

— Eu não diria que é sua culpa — disse Cliff com cuidado. — Mas você deveria pensar no que fez.

Hmph. Eu não concordava, mas até entendia de onde Cliff estava vindo. E não valia a pena discutir. Pois bem. Pedi uma refeição ao Deigha, sentei numa cadeira e fiquei esperando.

— Considerando tudo, este é um belo porto. Dei uma voltinha por aqui antes do café — falei.

— Mm. É difícil imaginar que havia bandidos e um kraken aqui.

Anz veio com meu café da manhã, pulando de leve e com aquele sorriso brilhante de funcionária exemplar.

— Pode agradecer à Srta. Yuna por isso. Ela trouxe paz para este porto, sabia?

Mexi desconfortavelmente na cadeira.

— Isso é exagero.

— Oh? Bem, Srta. Yuna, você vai ter que discutir isso com todo mundo do porto.

Cliff riu.

— Parece que Yuna é meio que uma heroína por aqui, hein?

Ugh, sério? Ainda dava tempo de desistir desse negócio de heroína?

Um pouco depois de terminarmos a refeição, Sei, da guilda dos aventureiros, apareceu para nos cumprimentar.

— Bom dia a todos. Dormiram bem?

— Sim, foi maravilhoso — disse Milaine. Ela ficou toda sonolenta a manhã inteira, mas bastava mudar para o modo mestra da guilda e pronto.

— Fico feliz. Se me permitem, gostaria de levá-los agora à guilda dos aventureiros. Tudo bem para vocês?

Como já havíamos terminado o café, eles não se opuseram… o que significava que, finalmente, eu tinha um tempo só meu enquanto os dois estavam ocupados com reuniões. O clima estava ótimo, então talvez eu fosse até o mar. Ou não, talvez eu fosse até a praça ver se tinham coisas interessantes à venda? Ou nah, talvez fosse a hora de falar com a Atola e ver o meu novo terreno para a casa-urso?

— Yuna, o que você está fazendo? — Cliff percebeu que eu não tinha levantado. — Nós estamos indo.

— “Nós” tipo vocês ou “nós” tipo nós?

— Acho que você sabe a resposta, Yuna — ele disse, com aquela cara de incrédulo. Nossa, era tão óbvio assim? Como as pessoas percebem essas coisas? — Nós vamos tratar de assuntos entre uma cidade e outra, sabe?

— Sim, eu sei.

— Você acha que não faz parte desse tipo de discussão?

A resposta era para ser sim. O que eu poderia acrescentar ao trabalho administrativo de uma cidade?

— O que você está dizendo? — Cliff suspirou. — Você vai supervisionar as negociações. Se você não estiver lá, o que faremos?

Desde quando eu estava supervisionando qualquer coisa?!

— Milaine? — Ela tinha que saber que isso era uma péssima ideia, certo?

— Você é a única entre nós que conhece este porto. Precisamos de você. Eu realmente duvido que eles mintam, mas precisamos da sua experiência.

— Em negociações — disse Cliff — é fácil falar das coisas boas. Mas ninguém quer mencionar problemas difíceis ou verdades desconfortáveis. Com você aqui, vai ser mais difícil eles tentarem esse tipo de estratégia.

Aquilo era verdade mesmo? Eu não via as pessoas daqui como esse tipo de gente. Mas Cliff e Milaine não conheciam os moradores, então fazia sentido para eles.

Relutante, acompanhei.

Quando chegamos à guilda dos aventureiros, os funcionários nos levaram para a mesma sala em que eu tinha me encontrado com os anciãos pouco tempo antes. Atola e três velhos estavam sentados, com uma nova pessoa junto deles. Quando salvei o Damon nas montanhas, ele tinha apresentado esse cara da guilda de comércio como sendo um dos bons. O nome dele era Jeremo.

Atola nos pediu para sentar, e começamos.

— Agradecemos por terem vindo até Mileela com tão pouco aviso. Eu jamais imaginei que o lorde de Crimonia viria pessoalmente.

— Ela me pediu, afinal — disse Cliff, mas eu não lembrava de ter pedido nada disso. Só entreguei a carta e expliquei a situação. Disse que ele podia vir se tivesse tempo livre, mas…

— Além disso — continuou Cliff — parece que ela tomou atitudes imprudentes e completamente sem bom senso, então não havia possibilidade de eu delegar algo tão delicado a um subordinado.

Milaine concordou.

— Concordo plenamente com Cliff.

Quanta grosseria. Tudo que fiz foi derrotar um kraken e cavar um túnel.

— Antes de começarmos — disse Atola — vamos às apresentações. Sou Atola, mestra da guilda dos aventureiros. Atualmente, estou ajudando com assuntos relacionados ao porto.

— Vocês já sabem quem eu sou, mas por formalidade: sou o lorde feudal da cidade de Crimonia, Cliff Fochrosé. Não se preocupem com formalidades demais—já estou acostumado a ignorar essas coisas.

Foi aí que ele olhou para mim. Muito rude, meu senhor.

Milaine levantou-se.

— Sou Milaine, a mestra da guilda de comércio de Crimonia. Peço desculpas pelo escândalo causado pela guilda de comércio deste porto.

Os três velhos se apresentaram. Por fim…

— Eu sou Jeremo, trabalho na guilda de comércio e… não faço ideia do motivo de estar aqui.

— Você veio como representante da guilda de comércio — disse um dos velhos.

— Eu? Representante?

— Exato. A partir de agora, tomará ordens da mestra Milaine, da guilda de comércio de Crimonia.

— Por quê eu?

Outro velho falou:

— Você estava distribuindo peixes para famílias necessitadas e escondendo dos seus superiores, não estava?

— Vocês sabiam?

— Muitas casas estavam com cheiro de peixe grelhado, e a maioria não tinha meios de comprar algo tão luxuoso.

— Mas isso não quer dizer que fui eu.

— Não subestime nossa rede de informações.

— Então vocês… sabiam do que eu fazia?

— Doía-nos ver a comida indo só para os ricos.

Um dos bons, como Damon disse. Jeremo não apenas reclamou—ele agiu, mesmo escondido.

— Como as pessoas o admiram — disse outro — chamamos você aqui como representante.

— Sim. Para reunificar a guilda de comércio, precisamos de alguém em quem possamos confiar.

Jeremo concordou, mesmo contrariado.

— Acho que isso basta para as apresentações — disse Cliff. — Não temos muito tempo, então vamos continuar a discussão.

Espera aí, e a minha apresentação? Eu era o quê, peça decorativa? O urso de pelúcia na sala? Todo mundo tinha se apresentado, menos eu. Era como chegar no fim das apresentações da sala e, bem quando achava que era minha vez, alguém dizia: “Pronto, acabou”. Acabou? E eu? E meus sentimentos?!

— Segundo a carta — continuou Cliff — vocês querem se unir ao meu território?

— Sim. Em troca, gostaríamos de ficar sob sua proteção. Pedimos ajuda se algo acontecer ao porto.

— Como o caso do kraken?

— Sim.

— Deixe-me começar dizendo que um kraken não é um monstro fácil de derrotar. Esta garota-urso aqui simplesmente desafia toda a lógica — Cliff apontou para mim. Como assim ninguém ensinou boas maneiras para ele?! Apontar é feio.

— Sim, entendemos isso. Não achamos que aparecerá outro. Mas supondo que algo semelhante aconteça e a situação se torne crítica… gostaríamos de sua promessa de fornecer alimentos e suprimentos.

— Comida, é? — Cliff repetiu. — Vocês têm noção da distância entre Crimonia e este porto?

— Bem, ah…

Os representantes de Mileela ficaram quietos. Difícil não ter essa noção. Transportar comida demandaria tempo e mão de obra. Eles murchariam antes de cruzar uma montanha ou dar a volta longa.

— Era uma piada — Cliff disse, começando a rir. Milaine acompanhou.

Atola, Jeremo e os três velhos pareciam não entender por que o lorde estava rindo no meio das negociações.

— Temos um entendimento sobre suprimento de comida — Cliff explicou. — Se o porto tiver escassez, daremos apoio. Porém, se Crimonia também tiver escassez, não posso prometer nada. Está tudo certo assim?

— Claro. Nosso porto só teria escassez se não pudéssemos ir ao mar. Não acho que isso aconteceria ao mesmo tempo em que Crimonia.

— Concordo. Então vamos deixar claro: se Crimonia tiver falta de comida, vocês nos ajudarão.

— Sim.

O alívio tomou conta da sala.

— Mas como vamos transportar a comida? — perguntaram.

Normalmente seria um problema, mas…

— Isso não será um problema. Graças a esta ursinha aqui — disse Cliff, dando tapinhas na minha cabeça. Eu conseguia ver os pontos de interrogação na cabeça de todos, exceto nós três.

— Esta ursinha — continuou Cliff — fez um túnel até Crimonia.

— Ei, você não pode simplesmente contar iss—

Mas antes que eu terminasse a frase, alguém interrompeu:

— Um túnel?

— Lorde Cliff?

Atola e os outros ficaram chocados. Difícil culpá-los—era muita informação.

— Isso é verdade, Yuna?

— Bem — murmurei — mais ou menos.

Eu realmente tinha cavado o túnel para trazer a Anz até Crimonia… e para facilitar o envio de frutos do mar para meu estoque.

— Sim — disse Cliff — nós viemos por esse túnel.

— Você… não está brincando?

— Suponho que pareça uma piada — disse Cliff — mas é verdade. Com um cavalo rápido, dá para chegar em um dia. Não sabemos quanto tempo uma carroça levaria, mas não seria muito mais.

— Então não precisamos mais nos preocupar com comida — acrescentou Milaine.

— Vamos espalhar o boato de que o túnel sempre existiu — continuou Cliff — então, por favor, mantenham em segredo sua construção e a participação da Yuna.

— Mas por quê?

— Se alguém souber que Yuna fez isso, aparecerão pessoas pedindo que ela faça túneis para eles também. Isso causaria uma grande confusão para nossa Yuna. Imagino que vocês não queiram isso, certo?

No fim das contas, Cliff realmente estava cuidando de mim.

— Bem… — murmurou um dos velhos.

— Claro — completou Atola.

— Então, por favor, mantenham isso entre nós.

— Entendido.

E assim, Atola e os outros concordaram com a proposta de Cliff.

 

Comentar

Options

not work with dark mode
Reset