SERÁ QUE DEU CERTO?
Consegui uma porção enorme de ovos, então decidi tentar fazer pudim.
Abri a geladeira, sentindo o ar frio no rosto. Uma fileira de pudins me encarava. Peguei um deles, levei até a mesa e experimentei.
— Delicioso…
Comi tudo em instantes. Minha colher parecia ter vontade própria. Voltei à geladeira e peguei outro. Quando percebi, já tinha devorado dois pudins inteiros — que eu tanto sonhava em comer há tempos.
Foi então que Fina e Shuri chegaram.
— Chegamos, Yuna!
— Sentem-se aí e esperem um pouquinho.
— Então… qual era a comidinha gostosa que você falou?
Chamei as duas porque queria testadoras oficiais.
— É uma sobremesa que eu fiz usando ovos.
Coloquei um pudim gelado diante de cada uma. Elas pegaram as colheres e provaram.
— Está tão bom… — murmurou Fina.
Enquanto isso, Shuri já enchia a boca com colheradas rápidas.
— Shuri, não coma tão rápido.
— Mas tá muito bom…
Elas abriram um sorrisão.
— Fico feliz que tenham gostado.
— Tá uma delícia, Yuna! Eu nem sabia que dava pra fazer algo tão gostoso com ovos.
— Bem, esse é só um protótipo. Me avisem se acharem que está doce demais ou de menos.
— Não tem nada de errado. Tá doce e delicioso.
— Muito bom mesmo!
Shuri parecia triste ao lamber a colher vazia.
Então fui até a geladeira e trouxe mais dois pudins pra elas.
— Esses são os últimos, hein.
Coloquei na mesa e as colheres voltaram a trabalhar. Enquanto isso, guardei os outros pudins no meu armazenamento de urso.
Depois que comemos e nos despedimos, fui até o orfanato para o próximo teste de sabor oficial.
Ao chegar no galinheiro ao lado do orfanato, vi as crianças trabalhando, cuidando das aves. Cumprimentei todos e entrei.
— Bem-vinda, Yuna — disse a diretora. Algumas meninas estavam preparando o almoço.
— Vim em má hora?
— De forma alguma. Se puder, gostaria que almoçasse conosco.
Como ela fez questão de me convidar, aceitei humildemente.
As crianças se sentaram no refeitório espaçoso, esperando pacientemente enquanto os pratos eram servidos. Quando tudo estava pronto, disseram em coro:
— Agradecemos a você, garota-urso, por esta refeição!
— Ainda estão fazendo isso? — perguntei.
— Podemos comer assim graças a você. Não podemos esquecer isso.
Antes, o agradecimento era: “Agradecemos a você, Yuna, por esta refeição.” Mas era constrangedor demais, então pedi que parassem. Mesmo assim, eles não desistiram.
— É porque somos gratos a você, Yuna.
— É porque comemos muito por sua causa.
— É porque comemos comidinhas gostosas por sua causa.
— Temos roupas bonitas por sua causa.
— Temos uma casa quentinha por sua causa.
— Dormimos em camas aconchegantes por sua causa.
— …Por sua causa, Yuna.
Como ainda era embaraçoso ouvir meu nome em toda refeição, chegamos a um meio-termo: agradecer à garota-urso. Ainda assim, era bastante constrangedor.
O almoço era só pão com sopa de legumes, mas as crianças pareciam muito felizes. Ver isso me fazia sorrir. O que era estranho. Nunca pensei que seria alguém assim — especialmente porque no Japão eu nunca ajudei ninguém. Mesmo tendo dinheiro, nunca doei.
Enquanto observava as crianças, algumas terminaram de comer. Então saquei os pudins do meu armazenamento.
— O que é isso? — perguntou uma menina.
— Um doce que fiz com os ovos das aves que vocês cuidam com tanto carinho. É bem gostoso.
Comecei a distribuir os pudins. Guardei uma porção pra diretora e pra Liz, é claro.
— Nossa! Isso tá muito bom!
— Delicioso!
— Só tem um pra cada um, então comam devagar, hein.
As crianças adoraram.
— Yuna, isso tá maravilhoso — disse Liz.
— Obrigada. É o resultado do esforço de vocês ao criarem aquelas aves. O pudim foi feito com os ovos delas.
— Sério?
— Vender tudo seria um desperdício.
— Ovos são incríveis, né? Viram dinheiro… ou essas delícias doces.
— Seria ótimo ter mais algumas aves e mais ovos…
Se tivéssemos mais, eu poderia fazer várias coisas sem me preocupar com o estoque.
— Vamos trabalhar duro pra isso.
— Se ficarem sobrecarregados, me avisem. Dou um jeito.
— Pode deixar. Por enquanto estamos bem, as crianças estão se dedicando.
Enquanto conversava com Liz, vi que todos os copinhos de pudim já estavam vazios. Perguntei o que acharam, anotei os comentários e então deixei o orfanato.