Fui Teletransportado para o Meio de uma Montanha – Episódio 7

Guilda dos Comerciantes

Episódio 7 – Guilda dos Comerciantes

Decidi ir à floresta, mesmo sem escolta. Segundo o guia do aventureiro, logo na entrada da floresta, é comum aparecerem coelhos mágicos. Existem coelhos com e sem chifres. Todos os monstros têm chifres, mas os mais fracos têm chifres tão pequenos que parecem grãos de feijão, então são chamados de sem chifres. Parece que, com minha habilidade, não corro perigo com os sem chifres, então vou tentar.

Saí da cidade mostrando minha identificação de aventureiro ao guarda do portão. O caminho era de terra batida, mas logo começou a ter grama, e depois de uns trinta minutos andando, se transformou em um campo. Um verde suave com flores amarelas aqui e ali.

A grama, que chega até os joelhos, esconde os coelhos. Mas, com minha habilidade de exploração, consigo saber onde estão.

Primeiro sinal: um coelho comum. Segundo sinal: outro coelho comum. Terceiro sinal: mais um coelho comum. Esses coelhos são como o logo da revista PLAYBOY, a reprodução deles é insana. Mesmo tão perto da cidade, ainda não foram extintos para consumo.

Continuo avançando, tomando cuidado com as tocas de coelho, e perto da floresta avisto um sem chifres. Quando os animais se tornam monstros, chifres crescem, os olhos escurecem e suas partes de ataque ficam mais fortes.

Se não estiverem em bando, um adulto consegue vencer um coelho sem chifres. E aqui estou eu, um adulto de quinze anos.

Como não tem ninguém por perto, resolvi usar minha técnica Espada Cortante. O coelho percebeu minha presença, mas, diferente dos normais, ele está vindo na minha direção. Checo se não há tocas de coelho por perto e avanço.

Consigo ver bem os movimentos do coelho, até mesmo contar os pequenos chifres na testa dele. Um golpe de espada e pronto.

Parece que, apesar das variações, posso lidar bem com esses coelhos monstruosos. Ao entrar mais na floresta, o número de coelhos comuns diminui. Este é realmente um bosque mágico.

Os coelhos com chifres são um pouco mais fortes, mas a diferença não é tão grande. Bem, se um desses me acertar com um golpe de cabeça, o chifre pode me perfurar, dependendo do lugar pode ser fatal.

Aproveito para praticar com a espada, eliminando os coelhos com chifres. Tudo é cortado facilmente, então basta golpear direto, não importa se acerto o chifre ou o crânio.

Talvez eu deva praticar com uma espada comum também? Está fácil demais, já estou ficando preocupado.

Mesmo com uma espada comum, é a mesma coisa. Será que minha força é exagerada ou os ossos desses animais são mais frágeis? Pelo guia, os coelhos não parecem ser tão moles…

Devo ter a mesma capacidade de um herói, por isso está assim. Ainda assim, estou começando a duvidar se estou usando a espada corretamente. Seria ótimo se alguém pudesse me mostrar como se faz.

Quero vender os coelhos, mas parece complicado na guilda de aventureiros, então vou tentar a guilda dos comerciantes. Fiz o sangramento pendurando-os em uma árvore, mas vamos ver se está bom.

Parece que minha habilidade de resistência mental está funcionando bem. Na ilha, achava que mal poderia lidar com peixe, mas vejo que estou me saindo bem.

Acostumado a comer carne embalada, não tinha muita noção do que era tirar uma vida, mas os coelhos são monstros, então isso meio que alivia a consciência.

Focado em caçar, até esqueci do almoço. Não consigo me animar para comer agora. Abater os bichos está tranquilo, mas desmembrá-los é outra história.

Abro o saco que levei nas costas e coloco os coelhos. Está bem cheio, mas dá para carregar. Parece que virei um Papai Noel macabro, mas tudo bem.

Sou realmente forte, seria ótimo se fosse assim na ilha.

Entro na cidade, surpreendendo o guarda, e sigo para a guilda dos comerciantes. Se não negociar pela guilda de aventureiros, só resta vender por conta própria, mas para isso preciso de uma licença de comerciante. Esta licença não é algo que a guilda de aventureiros possa garantir.

— Com licença, gostaria de vender monstros que cacei e preciso de uma licença de comerciante. Como faço o procedimento?

O interior da guilda dos comerciantes é mais iluminado e tem mais mesas que a dos aventureiros. Deve ser pela quantidade de papelada.

— Você possui algum documento de identificação?

— Sim — mostro meu documento de Cavaleiro Livre.

— Muito obrigado. Lembre-se que algumas vezes a guilda de aventureiros pode oferecer melhores preços.

— Entendi.

Eles compram até o que não precisam, caso haja muitos monstros por perto.

— Além da venda dos monstros, tem interesse em abrir uma loja?

Respondo às perguntas e, após preencher um formulário, eles produzem os documentos necessários.

— A licença vai demorar um pouco, mas… Aqueles são para venda?

— Sim, são coelhos com e sem chifres.

— Deseja vendê-los diretamente para a guilda ou prefere que apresentemos possíveis compradores?

Vender diretamente para a guilda tem uma taxa a cada vez, mas é menos complicado. Já as apresentações de compradores têm uma taxa única, mas lojas diferentes compram partes específicas, como pele, carne ou chifres.

— Prefiro vender diretamente para a guilda.

— Certo, leve este documento até o prédio ao lado na janela 10 para a avaliação.

O atendimento é bem formal, mas isso é bom. Esse documento substitui a licença, permitindo que eu faça a avaliação dos monstros.

O prédio ao lado é um armazém para carroças, com uma grande entrada em arco. Entrego a bolsa no balcão 10. Esse é o balcão para avaliação de monstros não processados. Rapidamente, os coelhos são retirados, pendurados numa plataforma ao fundo e desmembrados diante de mim.

Às vezes, quando um monstro morre, um espírito pode deixar uma joia no coração, conhecida como pedra mágica. Por isso, a desmembragem é feita à vista. Essas pedras são valiosas, então sempre verifique antes de abandonar uma carcaça.

Nenhuma pedra mágica apareceu, mas elogiaram o estado das peles. Perguntaram como eu conseguia acertar a cabeça com precisão. O pagamento será feito após a emissão da licença, então volto ao balcão original para a papelada. O saco foi gentilmente lavado e seco, uma cortesia deles.

Recebo os documentos, a licença e o pagamento pelos coelhos. A licença é de bronze, num formato circular com um furo para cordão. Os documentos ficam em casa, a moeda eu carrego comigo.

Para abrir uma loja na cidade, é necessário ter licença de ferro ou acima e se associar à guilda correspondente, como de ferreiros ou padeiros.

Os documentos de identidade seguem o mesmo princípio, com a cópia sendo feita na prefeitura mediante pagamento e selo com brasão. No meu caso, eu próprio faço a autenticação.

Meu brasão é um lobo com asas, dentro de um escudo. O lobo simboliza liberdade e segurança. É um cachorro, mas fica entre nós.

Os documentos da guilda de aventureiros são três plaquetas, sem papéis. Refletem o estilo de vida nômade e informal dos aventureiros, mas não são identificações oficiais, dependem da reputação da guilda. Em cidades onde a guilda tem pouco prestígio, se pode até ser ignorado.

Uma plaqueta é guardada pela guilda, as outras duas ficam com a pessoa. Se morrerem, uma das plaquetas serve para que alguém informe à guilda.

A licença de bronze é para quem faz comércio de itinerante, não pode usar carroças para transportar mercadoria, salvo exceções. É mais usada por moradores vendendo presas e ervas.

Bem, vou aproveitar a noite para experimentar as delícias locais.

Nota de Tradução: PLAYBOY é uma famosa revista para o público adulto conhecida mundialmente por seu logo com um coelho.

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