Isekai wa Smartphone to Tomoni – Capítulo 42

O Chifre do Dragão e o Observador

Capítulo 42 – O Chifre do Dragão e o Observador.

— Mano, que cansaço! — exclamei, jogando meu corpo na grama e me esparramando em forma de estrela.

O sol nascendo no leste tava ofuscante. Já é manhã?

Depois de derrotar o dragão negro, corremos pra lá e pra cá na vila. Lindsey apagou os incêndios com magia de água, Elsie e Yae procuraram feridos, e eu curei todo mundo com magia de recuperação. (Depois me toquei que podia ter usado o mapa pra procurar “feridos” e curar todo mundo de uma vez. Burrice minha.)

Por sorte, ninguém morreu, mas a vila tava quase em ruínas. O estrago foi grande…

— Touya-dono, tá aqui — disse Lyon-san, se aproximando.

— Opa, Lyon-san, bom trabalho — respondi, ainda deitado.

— Derrubar um dragão com só quatro pessoas… Tô além de surpreso, tô é pasmo — elogiou ele.

— Parece que era um dragão jovem, não tão forte assim. Deve ser por isso — respondi, contando meio por cima o que o dragão vermelho disse.

Nesse momento, Garun-san, o capitão lobo, também apareceu.

— Touya-dono, e o dragão? O que fazemos? — perguntou ele.

— Como assim? — perguntei, confuso.

— A carcaça é um material valioso. Dá pra vender por uma fortuna. Mas como transportar… — explicou ele.

— Vender? O corpo do dragão? — questionei, surpreso.

Pelo jeito, escamas, garras, chifres, dentes e ossos podem ser usados pra fazer armas e armaduras, e a carne é considerada uma iguaria. Tudo isso vale uma grana preta. E, como fomos nós que derrotamos o dragão, o direito de decidir é nosso. As meninas disseram que deixariam comigo. Hmm, o que fazer…

— Então, vamos dar tudo pros aldeões. Vai ajudar na reconstrução da vila — decidi.

— O dragão!? Tudo!? — exclamou Garun-san, chocado.

— Touya-dono, você sabe o valor disso? Só o material vale mais de dez moedas de ouro reais! — disse Lyon-san, pasmo.

Dez moedas de ouro reais!? Tipo, mais de um bilhão de ienes!? Mano, será que fui impulsivo demais? Olhei pros lados e vi os aldeões me encarando. Droga, ouviram…

— Bom, se for pra ajudar a vila, não é grande coisa. Usem como quiserem — falei, forçando um sorriso meio travado.

Não dava pra voltar atrás agora.

— Em nome de Mismede, agradeço, Touya-dono — disse Garun-san, com um tom sério.

— Como meu pai disse, você é um cara de coração grande. Meus respeitos — acrescentou Lyon-san, me olhando com admiração.

Tava todo mundo me olhando com respeito, mas… não é isso, galera! Foi só pose, juro! Será que as meninas vão me perdoar por abrir mão de uma fortuna assim?

Usei o “espelho de transferência” (ou seja, o [Portal] disfarçado) pra trazer Olga-san, Alma e Yumina de volta. Olga-san agradeceu por derrotarmos o dragão e salvarmos a vila, mas, pra ser honesto, o fato de não ter mortos foi graças aos guardas.

Eles tavam exaustos, dormindo ao redor das carroças. Eu também queria apagar, mas um velho ferino com uma bengala se aproximou.

— Sou Solm, o chefe da vila. Obrigado por derrotar o dragão e por sua generosidade com a reconstrução — disse ele.

Ele tava falando da carcaça do dragão. Será que eu vacilei mesmo? Mas, vendo o estado da vila, eles vão precisar de toda ajuda possível. Bom, deixa pra lá.

O chefe mandou trazer algo: um objeto cônico, preto, de mais ou menos um metro. Era…

— Um dos chifres do dragão. Aceite, pelo menos isso — ofereceu ele.

— Mas… — comecei a protestar.

— Ouvi que sua arma foi danificada. Com esse chifre, você pode fazer uma nova ou vendê-lo pra comprar outra — explicou ele.

Faz sentido. Peguei o chifre e me surpreendi com o peso leve. Apesar disso, é mais duro que aço. Agora entendo como um dragão daquele tamanho consegue voar. Só materiais como hihiirokane, mithril e orichalcum são mais resistentes. Agradeci e aceitei o chifre, me afastando do chefe e dos aldeões.

Tava morto de sono. Cheguei na nossa carroça e vi Elsie, Lindsey e Yae dormindo lá dentro. Não dava pra deitar com elas, então me joguei na grama ao lado.

— Touya-san, toma uma manta — disse Yumina, trazendo uma coberta.

— Valeu, timing perfeito — murmurei, quase apagando.

Peguei a manta, me enrolei e, aquecido, apaguei na hora.

 


 

Acordei com o rosto de Yumina me encarando, contra o fundo do céu. Ainda meio grogue, percebi uma sensação macia sob a cabeça. Peraí, isso é… um travesseiro de colo!?

Rolei pro lado rapidinho, escapando. Desde quando tava assim!? Levantei e vi aldeões e guardas acordados me olhando com sorrisinhos calorosos. Mano, que vergonha! Ser colocado no colo de uma garota na frente de todo mundo! Não vou mentir, até que foi legal, mas a vergonha ganha disparado!

— Acordou? — perguntou Yumina, sorrindo.

— Tava dormindo bem, hein? — disse Elsie, aparecendo.

— Parecia bem à vontade — acrescentou Lindsey.

— Tava com uma cara de felicidade, de gozaru — completou Yae.

Um arrepio subiu pela minha espinha. Virei devagar e vi as três paradas atrás de mim, com sorrisos gentis… mas os olhos delas não tavam sorrindo. Pera, elas tão bravas?

— Hã… aconteceu alguma coisa? — perguntei, hesitante.

— Nada, ué — responderam as três em uníssono.

Mano, isso é mentira na cara dura! Por que tão com essa cara de quem comeu e não gostou?

— Chega, chega. Janken é uma competição sagrada, sem ressentimentos, né? — interveio Yumina, batendo palmas.

— Tá, eu sei… — murmurou Elsie.

— Hmm… — resmungou Lindsey.

— Que pena, de gozaru… — disse Yae, desviando o olhar.

Pera, elas fizeram um janken? Pra quê?

— Touya-dono, hora de se preparar pra partir. Precisamos reportar isso na capital — disse Olga-san, chegando com Garun-san.

Aproveitei o clima estranho pra fugir pro lado da carroça, sentindo os olhares delas nas minhas costas. Ignorei.

— Kohaku, rolou algo enquanto eu dormia? — perguntei por telepatia.

— Bom, digamos que… teve uma briga de garotas, sabe? — respondeu ele, evasivo.

— Hã? — retruquei, confuso.

Não entendi, mas Yumina parecia de boa, enquanto as outras tavam de mau humor. Melhor resolver isso. De repente, tive uma ideia. Fui até a casa do chefe da vila e negociei “aquilo”.

 


 

Na carroça, finalmente aliviado, vi que Elsie, Lindsey e Yae tavam de bom humor. No pulso de cada uma, incluindo Yumina, brilhava um bracelete prateado. Usei [Modelagem] pra transformar umas peças de prata que comprei do chefe (paguei direitinho) nesses braceletes, que dei de presente como agradecimento pelo dia a dia.

No começo, elas ficaram surpresas, mas aceitaram felizes. Pelo jeito que olhavam os braceletes, acho que gostaram. Só o sorrisinho meio bobo delas que me deixa meio preocupado…

— Olga-san, quanto falta pra capital? — perguntei.

— Uns dois dias até Berjue. Talvez seja bom comprar uma arma no caminho — sugeriu ela.

— Hmm, verdade — concordei.

Garun-san disse que o chifre do dragão daria uma arma foda se feito na capital. Mas ficar sem arma até lá é meio tenso. Só com magia eu me viro, mas fico inseguro. Pera, e se eu usar [Modelagem] pra fazer uma arma com o chifre? Não, se der errado, perco material valioso…

— Por dois dias, magia já resolve. Não vou comprar uma arma qualquer agora. Na capital deve ter coisa melhor — decidi.

— Ah, lembrei! O chefe da vila me deu isso — disse Olga-san, tirando algo embrulhado em pano da bolsa.

Era uma faca preta de lâmina única, com uns 20 cm, levemente curvada.

— O que é isso? — perguntei.

— Não é sua? Disseram que tava cravada no olho do dragão — respondeu ela.

Era a faca que acertou o dragão! O chefe recuperou. Fui passar pra Yae.

— Toma, Yae — ofereci.

— Não é minha, de gozaru — disse ela, confusa.

— Então da Elsie…? — perguntei.

Também não era. Lindsey, óbvio que não. Então, de quem é essa faca? Tinha mais alguém lá? Alguém nos ajudou? Parece que não é inimigo, já que nos salvou, mas…

— Kohaku, tinha mais alguém lá? — perguntei por telepatia.

— Sim, senti duas presenças nas árvores. Não pareciam hostis, então achei que eram aldeões — respondeu ele.

Então alguém tava nos observando durante a luta. Por quê? Lembrei que, em Langley, senti alguém nos vigiando. Será a mesma pessoa?

Olhei a faca, mas não tinha nada de especial. Guardei-a, já que não tinha bainha. Quem será esse cara?

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