Capítulo 2 – Despertar e um Mundo Diferente
Quando acordei, vi o céu acima de mim. Nuvens se moviam lentamente enquanto eu ouvia o canto dos pássaros ao longe.
Levantei-me. Não senti dor. Ao olhar em volta, vi montanhas e pradarias, parecendo uma paisagem rural.
Este é o mundo diferente, pensei.
Uma grande árvore pode ser vista ao longe. Será que aquilo perto dela é uma estrada?
— Será que se eu seguir por essa estrada vou encontrar alguém? — penso.
Decido seguir em frente e caminhar em direção à grande árvore à minha frente. Logo, a estrada se torna visível. Isso é definitivamente uma estrada.
— Agora, só preciso decidir para qual lado ir…
Paro na base da grande árvore, hesitando entre seguir à direita ou à esquerda. Hum, seria problemático se fosse uma hora à direita e oito horas à esquerda até chegar à cidade… Enquanto penso nisso, de repente, o celular em meu bolso interno toca.
Ao pegá-lo, vejo a mensagem: “Chamada: Deus”.
— Alô?
— Ah, consegui falar com você, Touya. Parece que você chegou bem — diz a voz de Deus, audível assim que aproximo o aparelho do ouvido. Embora tenhamos nos despedido há pouco tempo, sinto uma estranha saudade.
— Eu esqueci de mencionar, mas adaptei seu celular para que mapas e direções funcionem de acordo com este mundo. Use-o.
— Sério? Bem, isso me ajuda muito. Estava justamente perdido.
— Eu sabia. Poderia ter te enviado para o meio da cidade, mas achei que seria problemático se causasse alvoroço. Escolhi um lugar sem pessoas por perto, mas, por outro lado, você ficaria sem saber para onde ir.
— É, verdade.
Respondo com um sorriso irônico. Afinal, não tenho nenhum destino em mente. Não tenho lar nem conhecidos.
— Se você seguir o mapa, chegará à cidade sem problemas. Boa sorte, Touya.
— Certo. Até mais.
Após desligar a chamada, manipulo a tela do celular e abro o aplicativo de mapas. O mapa exibe minha localização atual, com a estrada estendendo-se ao lado. Essa deve ser a estrada que está bem abaixo de meus pés. Ao ajustar a escala, percebo que há uma cidade a oeste, no final da estrada. Hmmm… Reflet? A cidade de Reflet?
— Certo, então é pra lá que eu vou.
Confiro a direção no aplicativo de bússola e começo a caminhar para oeste.
Depois de caminhar um pouco, percebo que minha situação não é das melhores.
Em primeiro lugar, não tenho comida. Nem água. E quando chegar à cidade? Não tenho dinheiro. Tenho uma carteira, mas será que a moeda daqui pode ser usada? Provavelmente não. O que fazer então?
Enquanto caminhava pensando nisso, ouvi um som vindo de trás. Ao olhar para trás, vejo algo se aproximando de longe. É uma… carruagem? É a primeira vez que vejo uma carruagem. Provavelmente alguém está a bordo, mas…
É meu primeiro contato desde que cheguei a este mundo, mas não sei o que fazer. Devo pedir para parar a carruagem? Pedir carona? Poderia ser uma opção, mas decidi não fazê-lo. Por quê?
Quando a carruagem se aproxima, percebo que é incrivelmente luxuosa. Trabalho detalhado e construção robusta. Sem dúvida, é algo que nobres ou ricos andam.
Não posso simplesmente parar alguém assim e ouvir “Insolente! Vou te dar uma lição!”. Cedo espaço para a carruagem que se aproxima e me afasto para o lado da estrada.
A carruagem passa diante de mim, levantando uma nuvem de poeira. Aliviado por evitar problemas, volto à estrada e estou prestes a retomar a caminhada quando percebo que a carruagem parou.
— Ei, você! Você aí!
A porta da carruagem se abre e um cavalheiro de cabelos brancos e uma barba impressionante sai. Vestindo um lenço elegante e uma capa, um broche de rosa brilha em seu peito.
— Sim? — pergunto.
Ao ver o cavalheiro se aproximar animadamente, sinto alívio no fundo do meu coração por perceber que consigo me comunicar. Ele agarra meu ombro com firmeza e me examina de cima a baixo. Espere, o que está acontecendo? Será que estou em uma situação perigosa?
— De onde você conseguiu essa roupa!?
— Hã?
Por um momento, fiquei sem entender o que ele estava dizendo, mas o cavalheiro de barba se moveu ao meu redor, examinando atentamente o uniforme escolar que eu estava usando.
— Nunca vi um design como esse. E essa costura… como foi feito? Hmm…
Aos poucos, comecei a entender. Basicamente, este uniforme é algo raro. Provavelmente, não há roupas assim neste mundo. Então, pensei em uma ideia.
— …Se desejar, posso ceder a roupa para você.
— Sério!?
O cavalheiro de barba se animou com a minha oferta.
— Comprei essa roupa de um comerciante durante a viagem. Se quiser, posso entregá-la a você. No entanto, ficarei sem roupas se vendê-las todas, então ficaria grato se você pudesse me arranjar outras roupas na próxima cidade…
Não posso dizer que é uma roupa de outro mundo, então apresento uma desculpa improvisada. Se eu conseguir vender essa roupa e conseguir algum dinheiro, isso me ajudaria. Seria matar dois coelhos com uma cajadada só.
— Combinado! Entre na carruagem. Vou te levar até a próxima cidade. Depois, prepararei roupas novas para você e, em troca, você me venderá essa.
— Então temos um acordo.
O cavalheiro de barba e eu apertamos as mãos firmemente. Em seguida, ele me convida a entrar na carruagem, e seguimos em direção à cidade de Reflet, que fica a cerca de três horas de distância. Durante esse tempo, Zanack-san examinou atentamente a textura e as costuras do uniforme que tirei.
Zanack-san trabalha no ramo de moda e estava voltando de uma reunião naquele dia. Faz sentido que, se ele trabalha com moda, tenha essa reação.
Quanto a mim, aproveitei a paisagem passando pela janela da carruagem. Um mundo que nunca vi antes. A partir de agora, este será o meu mundo.