Ao descer da carruagem, uma enxurrada de luz ofuscante invadiu meus olhos.
— Então é aqui a mansão do Finn-sama!?
Não é à toa que chamam de magia da luz, nunca vi uma mansão brilhar tanto assim.
— Meus olhos estão ardendo — murmurei. — Um óculos de sol seria ótimo, mas duvido que exista algo assim neste mundo.
— Al, Henri, Alan! Bem-vindos!! — exclamou um garoto sorridente, correndo em nossa direção.
— Alicia, obrigado por vir! — disse ele, com um sorriso radiante. — Eu queria muito conversar com você, então pedi ao Alan para te trazer.
Finn-sama falou isso com uma expressão tão alegre que não pude evitar pensar: É esse sorriso que conquista todos os shotacons do reino, não é? Que brilho!
— Agradeço pelo convite, Finn-sama — respondi, segurando levemente a saia e fazendo uma reverência.
Finn-sama insistiu que eu não precisava ser tão formal, que era pra relaxar, mas uma vilã nunca baixa a guarda, não importa a situação.
Fomos guiados até a sala de visitas. Pelo visto, meus irmãos já estiveram aqui antes, porque não pareciam nada surpresos.
— Entrem, por favor — disse Finn-sama, abrindo uma grande porta com um gesto cortês.
Ele pode até ter cara de menino, mas é um verdadeiro cavalheiro, pensei, agradecendo antes de entrar.
Na sala, sentados em sofás ao redor de uma mesa, estavam Curtis-sama, Eric-sama, Gail-sama e Duke-sama.
O que é isso? Será que agora vão me incluir no grupinho deles?
— Isso não vai dar certo — murmurei para mim mesma. — Uma vilã não anda em turma.
Sobre a mesa, havia um mapa. Um mapa? Para quê? Será que já estão planejando meu exílio internacional?
Tentei lembrar se fiz algo tão grave assim. Se eu causei problemas sem nem perceber, então já sou uma vilã de respeito, não é? Pensei, quase orgulhosa. Que carreira curta, mas brilhante.
— Fique à vontade — disse Finn-sama, com aquele sorriso reluzente.
À vontade? Nesta situação? Impossível.
De repente, um toc toc ecoou na porta, seguido pelo som dela se abrindo lentamente.
Senti um arrepio congelar minha espinha.
Meus olhos não acreditavam no que viam. Não pode ser.
— Por que o Rei está aqui? — sussurrei para mim mesma. — Não é um impostor, é?
Não, era ele mesmo. A presença majestosa era inconfundível.
Meus irmãos baixaram a cabeça em respeito. Eu, meio atrasada, fiz o mesmo.
Calma aí, será que cometi um crime tão grave que o próprio Rei veio me julgar?
— Ergam as cabeças — ordenou uma voz grave e cheia de autoridade.
Obedecemos. Mesmo com a idade avançada, ele ainda era incrivelmente belo. Seus olhos, um pouco mais escuros que os de Duke-sama, transmitiam uma inteligência quase intimidadora.
— Você é Alicia, não é? — perguntou ele, com um leve sorriso que exsudava confiança.
Um sorriso de adulto… tão sereno e encantador.
— Boa tarde, Vossa Majestade — respondi, repetindo a reverência que fiz para Finn-sama.
— Já ouvi falar de você — disse ele.
— De mim…? — Minha voz saiu rouca de surpresa.
— Posso fazer algumas perguntas? — perguntou, com um tom calmo, mas penetrante.
Sem entender bem o que estava acontecendo, apenas assenti.
— Sim, Majestade.
O Rei sentou-se no sofá, e meus irmãos o acompanharam, sentando-se também.
Opa, peraí, só eu fiquei de fora?
Fiquei de pé, observando a cena. O Rei deu uma olhada no mapa antes de virar aqueles olhos sábios na minha direção. Senti como se ele estivesse me testando.
— Alicia, como você enxerga a posição deste reino no contexto do mundo? — perguntou.