A pergunta repentina fez minha cabeça girar.
Como assim? A posição deste reino no mundo?
Por que ele estava perguntando isso logo pra mim? Eu não tenho como responder algo assim!
Sou só uma garotinha de oito anos, ora! … Deixando de lado quem sou por dentro, claro.
Será que isso é um teste divino pra descobrir se sou mesmo uma vilã?
Deve ser isso. Não tem outra explicação pra um Rei aparecer do nada e jogar uma pergunta dessas na minha cara.
Dei uma olhada rápida no mapa sobre a mesa.
A posição do reino de Durkis no mundo… Bem, é um grande reino, mas não exatamente um bom reino.
Li sobre isso num livro recentemente. Viu como a leitura é importante?
Será que é isso que eu devo dizer? Parece bem vilanesco, não é?
Dizer na cara do Rei que o reino dele não é lá essas coisas? Isso é o tipo de coisa que uma vilã de verdade faria!
Se eu falar isso e acabar exilada, bem… que seja. Lidar com as consequências é parte do pacote.
Afinal, eu reencarnei neste mundo pra ser uma vilã!
— Com todo o respeito, Vossa Majestade, este reino pode ser uma grande potência, mas não pode ser considerado um bom reino — declarei, endireitando a postura e encarando o Rei nos olhos.
O rosto do Rei se fechou. Normal, né? Quem gostaria de ouvir uma criança de oito anos falando mal do próprio reino?
… Mas por que o Duke-sama está com essa cara de quem tá se divertindo? Ele não é filho do Rei? Não deveria estar, sei lá, indignado?
— Em que aspectos ele não é bom? — perguntou o Rei.
Sabia que essa pergunta vinha.
Ser cercada por gênios mais velhos e interrogada pelo próprio Rei? Que tipo de tortura é essa? Mas uma vilã de verdade aguenta essa pressão!
Puxei tudo que li nos livros e juntei com minhas próprias ideias numa velocidade alucinante.
— À primeira vista, a economia parece próspera, mas isso é só aparência — comecei. — Se olharmos mais a fundo, a desigualdade entre ricos e pobres é gritante. As vilas de pobreza neste reino estão em condições deploráveis. Se considerarmos a possibilidade de revoltas, seria essencial investir mais em políticas fiscais para equilibrar isso.
O Rei arregalou os olhos. Soltou um “Humm” pensativo, acariciando a barba.
— E qual seria a solução para isso, na sua opinião? — perguntou ele.
Ainda tem mais!?
O que ele espera que uma garotinha de oito anos responda?
Uma menina comum jamais saberia lidar com perguntas tão complexas!
… A menos que ele esteja tentando descobrir se eu tenho mesmo o potencial de uma vilã.
É isso! Uma vilã de verdade teria uma resposta cruel e calculista para essa questão.
— Que tal apoiar a independência de Calbera, que está sob o domínio do reino de Lavar? — sugeri, com um tom firme.
As expressões de todos congelaram. Já vi essa cara de choque várias vezes.
— Sério, pessoal, já cansei disso. Da próxima vez que ficarem surpresos, façam uma careta engraçada, tá? — pensei, quase rindo.
— Mesmo que apoiemos a independência de Calbera, não poderíamos colocá-lo sob nossa influência — disse Gail-sama, com os olhos arregalados.
Obrigada, Gail-sama. Era exatamente essa deixa que eu queria.
— Exato. Não colocaríamos Calbera sob nossa influência — concordei.
— Então, o que você sugere? — perguntou o Rei, elevando um pouco o tom de voz.
Agora sim, hora de mostrar o que uma vilã é capaz de fazer.
Endireitei a postura novamente e encarei o Rei diretamente nos olhos.
— Nós vendemos um favor a eles — declarei.