Rekiaku – Capítulo 15

— Vender um favor…? — murmurou Eric-sama, com uma expressão de quem não tinha entendido nadinha do que eu disse.

Já Albert-nii-sama, Gail-sama, Duke-sama e o Rei pareceram captar o significado das minhas palavras.

Como esperado, pessoas inteligentes realmente pensam rápido.

— O maior recurso de Calbera é o ouro — expliquei. — Se vendermos um favor a eles e estabelecermos comércio, nosso reino sai ganhando. Com esse ouro, podemos fortalecer a economia e reduzir a desigualdade entre ricos e pobres.

Uma ideia dessas jamais passaria pela cabeça de uma santa! A heroína, com aquele jeitinho de boazinha, também não pensaria nisso. Se tudo correr como planejado, vai surgir um atrito inevitável entre mim e ela.

Estou no caminho certo para me tornar a melhor vilã de todas!

— Entendo — disse o Rei, me encarando com um brilho de… expectativa? Que olhar é esse?

— Em outras palavras, nessa sua ideia não há nenhuma gota de compaixão… — começou ele.

— Não há, Majestade — interrompi, com um sorriso radiante e uma resposta cortante. — Uma vilã não tem espaço para compaixão.

Tudo o que faço é pelo meu próprio interesse.

— Foi uma conversa muito interessante — disse o Rei, sorrindo com suavidade antes de se levantar.

— Também me diverti muito conversando com Vossa Majestade — respondi, fazendo uma leve reverência. Se me permite dizer, minhas reverências são impecáveis.

Até pouco tempo atrás, eu mal sabia o básico de etiqueta, mas percebi que isso não seria suficiente para uma vilã de respeito. Então, estudei feito louca. Uma vilã precisa ter gestos perfeitos — uma reverência malfeita é motivo de chacota, e ser ridicularizada é a última coisa que quero.

Depois que o Rei saiu da sala, soltei um suspiro de alívio.

Quase morri do coração.

Minha performance como vilã deve ter tirado nota máxima, com folga!

— Ficou nervosa? — perguntou Duke-sama, me olhando com uma expressão gentil.

Definitivamente pai e filho. Ele tem traços do Rei. Uma dupla de galãs, hein?

Se bem me lembro, no jogo, Alicia era super desprezada por Duke-sama. Todo aquele carinho e atenção dele eram exclusivos da heroína. Será que as coisas vão mudar a partir de agora?

— Sim — respondi, com um meio sorriso amargo, mas logo me arrependi.

Que mancada! Uma vilã nunca se abala, nunca fica nervosa! E também não dá sorrisos tímidos — quando sorri, é com tudo!

Droga, fiz de novo. Sempre acabo relaxando no último segundo.

Saldo do dia: zero a zero. O caminho para ser uma vilã perfeita ainda é longo.

Mas, pensando bem, parece que o Rei veio mesmo só pra me avaliar. Só não entendo por que na mansão do Finn-sama. Bom, deixa pra lá, isso não importa.

— Tá cansada, né? — disse Finn-sama, com aquele sorriso brilhante. — Tem um chá da tarde rolando no jardim dos fundos, vamos pra lá agora!

Ele pegou minha mão e me arrastou até o jardim.

… Mentira. Meus olhos brilharam ao ver uma mesa repleta dos meus doces favoritos. Só de olhar, já sentia a boca salivar.

O aroma doce me chamava. Será que posso comer?

Como se lesse minha mente, Finn-sama sorriu e disse:

— Sirva-se à vontade!

Com um convite desses, não vou me fazer de rogada.

Peguei uma montanha de biscoitos e pedaços de bolo. Depois de usar o cérebro a mil por hora, eu precisava repor o açúcar!

E, meu Deus, estava tudo uma delícia! Tão bom que podia comer pra sempre.

Sei que é meio deselegante, mas não resisto à tentação de comida.

Sem me importar com os olhares ao redor, continuei enfiando doces na boca.

Isso é a felicidade suprema. O encontro com o Rei foi só um aquecimento — o verdadeiro evento do dia é este chá!

E, quem sabe, vendo eu me empanturrar de doces, as pessoas podem estar pensando que sou uma garota dominada pelos desejos. Isso é ser vilã! Uma vilã de verdade vive mergulhada nas suas vontades.

Um chá da tarde desses é simplesmente perfeito. Como dizem, é matar dois coelhos com uma cajadada só!

Sem perceber, eu estava com um sorrisinho bobo no rosto.

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