Eu até falei sobre as vilas de pobreza na frente do Rei, mas… qual é a situação real delas agora?
Pensando bem, é meio irresponsável da minha parte mencionar algo assim sem nem ter ido ver com meus próprios olhos.
Como dizem, ver é melhor do que ouvir. Acho que deveria dar um jeito de ir até lá.
Mas meu pai nunca deixaria. O que eu faço?
Nem minha mãe, que é tão gentil, nem meus irmãos, que são superprotetores, concordariam com isso.
É o tipo de lugar que uma nobre jamais visitaria em circunstâncias normais.
Quando saio, normalmente meus irmãos estão comigo, e, se estou sozinha, Rosetta me acompanha…
Não tem jeito. Vou ter que ir escondida, sem ninguém descobrir.
Comecei a traçar um plano minuciosamente.
Sair no meio da noite seria o ideal, mas com certeza os guardas me pegariam.
Ah, se eu pudesse virar uma pessoa invisível…
… Isso! Não preciso virar uma pessoa invisível, basta me transformar em outra coisa!
… Mas o problema é que eu ainda não sei usar magia. Não consegui encontrar o livro certo pra aprender.
Vamos ver… A vila de pobreza fica depois da cidade, lá no fundo de uma floresta, né? É longe pra caramba.
Espalhei um mapa sobre a mesa.
… Peraí. Parece que a floresta atrás desta mansão leva diretamente à vila de pobreza. É um atalho e tanto!
Não parece haver um caminho certinho, mas não é impossível chegar lá.
Mas, se bem me lembro, a vila de pobreza tem uma barreira mágica que impede a entrada pela floresta.
Será que alguém com mana consegue atravessar essa barreira?
Não sei. Não posso perguntar pra ninguém, e o tal livro de magia continua sumido. Que caminho cheio de obstáculos!
Chegou a hora de arriscar. Se eu não conseguir passar pela barreira, é só procurar outro jeito.
Vale a pena tentar… Então tá decidido: vou atravessar a floresta e chegar à vila de pobreza!
Mas vai levar um tempo danado, então ir a cavalo não é uma opção… E, mesmo que eu soubesse cavalgar, não tem estrada na floresta, então seria inútil de qualquer jeito.
Acho que o jeito é sair de casa bem cedo.
Se eu for dormir às nove da noite e sair logo depois…
São uns dez quilômetros. Se eu correr, com o meu preparo físico atual, devo levar mais ou menos uma hora.
Isso me dá um tempinho razoável pra ficar na vila de pobreza, né?
E, de quebra, correr dez quilômetros é um ótimo exercício. Pra uma garota de oito anos, minha resistência já é bem acima da média, não é?
Uma vilã precisa se destacar em tudo.
Assim, poderei até zombar da heroína quando a hora chegar.
Decidi que ia passar o resto do dia lendo até a noite chegar e me dirigi à biblioteca.