Episódio 12 – Almoço
Cheguei a um restaurante recomendado no mapa que comprei no portão. O lugar era bonito, com teto de tijolos em arco, paredes de gesso e móveis bem cuidados, apesar dos arranhões.
Esperei um pouco até ser chamado para uma mesa.
— Qual é o prato do dia? — perguntei.
— Carne cozida — respondeu o garçom, percebendo que eu não conhecia o nome do prato.
— Vou querer isso e um copo de água.
— Quer pão também?
— Sim, por favor.
Estava com fome e, sem reconhecer os nomes no cardápio, decidi rapidamente pelo prato do dia.
Logo um carrinho barulhento se aproximou e parou ao lado da mesa. Em cima, havia uma travessa de prata com um grande pedaço de carne cozida, cebolas e cenouras.
O garçom cortou a carne na hora, regou com o molho e serviu. Outro garçom trouxe pão e água.
Olhei ao redor e vi que muitas pessoas estavam comendo o mesmo prato.
O pão vinha acompanhado de três molhos diferentes, que as pessoas usavam para dar um sabor especial à carne.
A carne estava macia e sem cheiro forte. Já a parte que eu não reconhecia era gelatinosa e igualmente saborosa. Decidi não usar minha habilidade de avaliação para confirmar que era uma parte interna.
O pão estava um pouco seco, mas ao molhar no molho da carne, ficava muito bom.
Satisfeito, deixei o restaurante. Por um momento, achei que a sugestão do mordomo seria um prato de cordeiro, mas guardei isso pra mim.
Apesar dos contratempos, consegui cumprir meus objetivos para o dia e até consegui informações extras. Consegui o contato de dois estabelecimentos que, sem recomendação, seria difícil fazer compras.
A jovem de cara séria estava bem? Espero que sim. Ela sempre respondia às minhas perguntas, mesmo que a ordem de prioridades dela fosse um pouco estranha. Mas era uma boa pessoa.
Na livraria, achei que poderia olhar os livros livremente, mas os funcionários perguntavam quais eram meus interesses e traziam os livros para eu ver.
Um dos primeiros livros que me mostraram tinha uma mensagem escrita logo na primeira página: “Se roubar ou danificar, será amaldiçoado!”.
— Antigamente, os livros eram tesouros raros — explicou o atendente. — Por isso, muitos têm maldições escritas, como aquelas em cavernas de ilhas piratas.
— Algumas têm efeito, mas se comprar aqui, não precisa se preocupar — disse ele, tentando me tranquilizar.
Comprei livros sobre construção e poções mágicas. Queria um de história, mas os preços eram absurdos.
Ao comprar, ganhei um par de luvas brancas para manusear os livros.
Embora o papel não fosse de boa qualidade, era comum na região. Dizem que se não for encadernado, o texto desaparece em um ano, algo atribuído a travessuras de espíritos.
Os livros encadernados são a única forma de preservar o conteúdo. Dizem que quando um autor escreve um livro, um espírito se liga a ele, e se amarmos os livros, eles nos dão seu conhecimento. Isso faz com que livros de magia sejam ainda mais valiosos.
Deixei a capital e voltei para casa. Ah, esqueci de passar na loja ‘Ramo dos Espíritos’.
Verifiquei como estava Lishu e preparei o jantar. Basicamente, coloquei vegetais e carne em uma panela e deixei cozinhando na lareira.
Enquanto esperava, levei uma cadeira para perto da janela e comecei a ler. A luz das velas é fraca, então aproveitei a luz do dia, que dura até cerca das oito horas nesta época do ano.
Quero transformar um celeiro em uma sala de poções, e se possível, expandir a casa. Sem ter que se preocupar com terremotos, é um pouco mais fácil.
Antes disso, talvez devesse fazer uma lâmpada. Não tenho álcool como combustível, mas tenho óleo de canola. Talvez usar vidro ou metal polido como refletor fique mais claro que velas.
— Luz — conjurei um pequeno feixe de luz mágica. Funciona como uma lâmpada, mas ainda quero uma lâmpada de verdade.
Na ilha, não tinha materiais suficientes para fazer tudo que queria. Quando me mudei, só pensava em cozinhar, mas agora quero tornar as coisas mais práticas.
Por enquanto, planejo caçar um urso com chifres de mentirinha, visitar a guilda de alquimia para aprender mais e ajudar fazendeiros para ver como usam as plantas.
Fiz amizade com a família Dinosso. Eles me ensinaram a cuidar de animais e a fazer queijo. Também ajudei a reconstruir um celeiro, e meu talento para produção foi útil.
Como agradecimento, eles assaram um porco para mim. Dei a eles um vinho e biscoitos que comprei na capital, que eram muito doces para o meu gosto, mas eles adoraram. Aqui, doces são raridade.
Na próxima vez, devo ajudar na preparação dos alimentos de inverno.
Vou aproveitar para juntar materiais para terminar a reforma. Madeira e materiais grandes atraem atenção, então vou comprar em outra cidade.
Vidro e ferro, se encontrar barato, vou estocar. É mais fácil comprar garrafas quebradas do que matéria-prima para vidro.
Quero deixar tudo confortável antes do inverno, quando o tempo é instável. Na ilha, o inverno era uma preocupação constante, mas aqui estou mais relaxado e animado.
Preciso planejar como vou passar o tempo durante o inverno.
Vamos apoiar o autor! Clique no coração para mostrar seu apoio. (É necessário estar logado)
Notas de Tradução:
Anathema: Uma palavra grega que significa “amaldiçoar” ou “excomungar”. No contexto, refere-se a livros com maldições escritas para proteger seu conteúdo.