Episódio 2 – Para onde fui parar?
Atualmente, estou cuidadosamente ajeitando meu novo lar nas montanhas. Para garantir a alimentação, instalei algumas armadilhas de pesca que estão funcionando bem. Consegui pescar peixes facilmente e até capturei alguns caranguejos, o que trouxe uma boa variação no gosto. O segredo está em usar restos de peixe como isca nas armadilhas.
Preparei seis cestos, feitos de vime e galhos finos, que deixei no rio e no mar. A pesca é mais fácil assim do que com uma vara, que sempre achei complicado. Os peixes, que parecem trutas, são abundantes tanto no mar quanto no rio. Quanto aos caranguejos, eu não sabia se eram venenosos, mas, como não senti nada de errado no dia seguinte, continuei comendo despreocupado.
Gostaria de ter mais conhecimento sobre as plantas e animais daqui para saber o que é seguro comer. Há muitos cogumelos, mas não me arrisco a prová-los sem ter certeza.
Sentia-me um pouco melhor agora que tinha alimentação e água garantidas. Assim, decidi melhorar minha cama improvisada, que estava desajeitada e cheia de buracos. Comecei elevando o chão, pois a água da chuva entrava, mesmo tendo cavado valas ao redor. Isso só ajudava até certo ponto. Então, levantei o solo e, para manter o lugar aquecido, coloquei pedras grandes e planas sobre o chão, permitindo que o calor do fogo passasse por baixo delas.
Construi uma nova parede externa de pedras e barro ao redor da parede de madeira, para me proteger dos animais selvagens que senti rondando à noite. Nada muito grande, talvez um javali ou uma raposa. Usei sacos plásticos, que originalmente seriam para o lixo de um festival de fogos, como janelas para deixar a luz entrar, já que só dependia do fogo para iluminação.
Sobre utensílios, comecei com cascas de árvore para fazer panelas e agora estou fabricando cerâmicas simples. Uma pedra achatada tem sido útil para grelhar caranguejos. Pescar com cestos me dá tempo livre para outras coisas. Não me aventurei a caçar animais terrestres, pois não sei como lidar com eles.
No topo da montanha, já nevou. Estou tentando fazer peixe e algas secas para o inverno, mas não estou confiante. A pesca está ficando difícil com o frio e o sol não é mais tão forte.
Para o sal, deixo algas secar com água do mar. Mas acabei me acostumando ao gosto suave da comida sem sal. Fiz um abrigo para secar a lenha e, embora esteja sem roupa para trocar, consegui improvisar um banho no rio, jogando pedras quentes na água para aquecê-la.
De repente, uma bola de luz do tamanho de uma bola de vôlei apareceu, gritando algo como “Desculpa!”. Paralisado pelo fenômeno, só consegui ouvir a luz dizer que fui envolvido em uma invocação de herói e que este mundo não era o meu.
— Quero voltar! — gritei, ainda sem entender direito a situação.
A luz, que parecia uma antiga entidade divina agora enfraquecida, explicou que fui trazido aqui para manter o equilíbrio entre os mundos. Heróis são humanos à beira da morte, trazidos para salvar este mundo de um colapso espiritual.
Logo, outras entidades, todos antigos deuses ou espíritos poderosos, apareceram. Fui informado de que, por um acidente, fui trazido ao invés de um dos heróis planejados.
— Bom, já que você está aqui, quem você quer que seja seu protetor? — perguntou uma das figuras, me explicando que eu teria que escolher alguém para me conceder habilidades e proteção.
Surpreso com todos os novos rostos, eu só conseguia pensar em como estava feliz por finalmente não estar mais sozinho, mesmo que a situação toda fosse um grande acidente.
Agora preciso decidir qual deles será meu protetor neste novo mundo.
Nota de tradução: ‘Heróis’ são humanos escolhidos de outro mundo, geralmente em seus últimos momentos de vida, para serem trazidos para este mundo e ajudar a restaurar o equilíbrio espiritual. Eles recebem habilidades especiais e são guiados por espíritos protetores.