Isekai wa Smartphone to Tomoni – Capítulo 34

Condecoração de Título e as Pessoas do Palácio

Capítulo 34 – Condecoração de Título e as Pessoas do Palácio.

— Do meu pai. Ele disse para você vir ao palácio depois de ler isso — disse Yumina, entregando-me uma carta que chegou há pouco ao “Lua Prateada” por um cavalo veloz.

Olhei para a carta e senti um arrepio ruim. Não dá pra simplesmente ignorar, né?

— Por quê, agora? — perguntei, desconfiado.

— Como agradecimento por resolver aquele caso, ele quer te conceder um título de nobreza — respondeu Yumina, calma.

— Título!? — gritaram Elsie, Lindsey e Yae em uníssono, os olhos arregalados.

É, eu meio que já esperava por isso. Lembrei que o rei tinha mencionado algo assim antes. Afinal, como noivo (temporário) da princesa de um reino, eu precisaria de um status à altura. Yumina ainda não parecia pronta para anunciar nosso noivado oficialmente, mas provavelmente queria arrumar as coisas pra evitar problemas no futuro.

— Dá pra recusar? — perguntei, já imaginando a dor de cabeça.

— Pode, sim. Mas, se recusar, terá que explicar o motivo formalmente, numa audiência oficial — explicou Yumina.

— Recusar!? — as três gritaram de novo, ainda mais alto.

— Mano, vocês são barulhentas — resmunguei.

— Tá, deixa o lance do casamento de lado, mas recusar um título? Isso é jogar oportunidade fora! — disse Elsie, com aquela sinceridade brutal dela.

— Sei lá, Elsie. Ser nobre não combina comigo. Parece… complicado — respondi, coçando a nuca.

— Tornar-se nobre significa servir ao reino. É ter obrigações e responsabilidades, como governar terras — murmurou Lindsey, enquanto acariciava a cabeça de Kohaku, que estava no seu colo.

— É, exatamente. Parece uma baita encheção. Acho que vou recusar — decidi.

— E o que você vai dizer pra justificar? — perguntou Yae, curiosa.

— Hmm… Que eu me dou melhor como aventureiro, algo assim? — respondi, meio sem convicção.

Eu sabia que soava fajuto, mas não tinha ideia melhor. Pensei em inventar algo tipo “estou procurando o assassino dos meus pais”, mas isso só ia complicar mais.

— Acho que tá bom. Meu pai não vai te forçar — disse Yumina, com um leve sorriso.

— Beleza, fechou então — concordei.

Pelo visto, o rei também queria que Elsie, Lindsey e Yae viessem ao palácio. Não pra participar da cerimônia de título, mas porque ele queria conhecer as pessoas que estavam cuidando da filha dele e agradecer pessoalmente. No começo, as três recusaram, achando que era “muita honra”, mas acabaram cedendo. Afinal, ter contatos com o rei podia ser útil no futuro.

— E o Kohaku? Vai ficar aqui de boa? — perguntei ao tigre branco, que me olhou com calma.

— Se o mestre quiser, posso ficar… — respondeu Kohaku, com sua voz grave.

— Não! — gritaram as quatro ao mesmo tempo.

Caramba, rejeitado na hora!

— Não dá pra deixar o Kohaku pra trás! — exclamou Elsie, indignada.

— Seria… triste — completou Lindsey, com um tom suave.

— Ele é nosso companheiro, não é? — reforçou Yae, cruzando os braços.

— Eu cuido do Kohaku-chan, Touya-san, por favor! — pediu Yumina, com os olhos brilhando.

Nossa, o Kohaku é popular demais. Tô quase com ciúmes! Mas, como eu mesmo sei que não resisto àquele fofura, decidi levá-lo junto.

Abri um portal direto pra um dos quartos de recepção de Yumina no palácio — não o quarto onde ela dorme, mas um dos espaços usados pra receber visitas. O rei já tinha me dado permissão pra usar esse lugar antes.

Ao sairmos do quarto, uns cavaleiros de guarda nos lançaram olhares desconfiados, mas, ao verem Yumina na frente, logo se endireitaram e nos deixaram passar.

Depois de caminhar um pouco pelos corredores, Yumina abriu a porta de uma sala no fundo do palácio. Lá dentro, o rei, o general Leon e a embaixadora de Mismede, Olga-san, estavam tomando chá tranquilamente.

— Pai! — exclamou Yumina, correndo até ele.

— Yumina! — O rei se levantou da cadeira e abraçou a filha com força.

— Você parece bem, que alívio — disse ele, sorrindo.

— Como eu poderia estar mal ao lado do Touya-san? — respondeu Yumina, com um tom que me fez corar na hora.

— Para com isso, Yumina, é constrangedor… — murmurei, sentindo o rosto esquentar.

O rei então virou pra mim.

— Quanto tempo, Touya-dono — cumprimentou, com um aceno amigável.

— Pois é — respondi, meio sem jeito.

— E essas aí atrás são suas companheiras? Não precisam ficar tão tensas, podem levantar a cabeça — disse ele, olhando pras três.

Quando me virei, vi Elsie, Lindsey e Yae praticamente fazendo reverência no chão. Sério, igualzinho fizeram com a Suu! Com a Yumina não foi assim, mas acho que naquela vez elas tavam mais chocadas por eu ter trazido a princesa pra casa.

De repente, Olga-san apareceu do meu lado. Como sempre, suas orelhas e cauda de raposa eram hipnotizantes. Por um instante, passou pela minha cabeça uma ideia idiota: será que o pelo dela é mais macio que o do Kohaku? Sacudi a cabeça pra afastar o pensamento.

— Touya-dono, muito obrigada por tudo. Você não apenas salvou a vida de Sua Majestade, mas também é um benfeitor do Reino de Mismede. Se um dia visitar nosso país, será recebido com todas as honras — disse Olga-san, fazendo uma reverência profunda.

— Não precisa disso tudo, sério. Eu… prefiro não chamar atenção — respondi, meio sem graça.

— A Alma tá bem? — perguntei, mudando de assunto.

— Tá sim, superanimada. Se eu soubesse que você vinha hoje, tinha trazido ela — respondeu Olga-san, com um sorriso que logo se congelou.

Segui o olhar dela e vi Kohaku, que tinha nos seguido até ali.

— Touya-dono, esse tigre…? — perguntou ela, com uma expressão intrigada.

— Ah, é o Kohaku, meu tigre de estimação. Kohaku, cumprimenta aí — pedi.

— Grr — fez Kohaku, fingindo ser um filhote comum, como combinamos antes.

Não dava pra deixar ele falar, né? Um tigre falante só ia causar confusão.

Olga-san observou Kohaku, ainda com uma cara desconfiada.

— Algum problema? — perguntei.

— Não, é que… em Mismede, tigres brancos são considerados mensageiros dos deuses, seres sagrados. Dizem que são parentes da Besta Divina, o Byakko — explicou ela, hesitante.

Pensei comigo: “Parente? Kohaku é o próprio!” Lembrei que Yumina já tinha chamado ele de Rei das Feras ou algo assim. Será que é seguro levar o Kohaku pra Mismede?

De repente, senti um tapa forte nas costas. Era o general Leon. Será que esse cara só sabe se comunicar batendo nos outros?

— Touya-dono! Quem diria que você ia acabar como noivo da princesa, hein? Tu tem potencial, garoto! Que tal eu te treinar? — disse ele, com um sorriso largo.

— Ainda não sou noivo, e… dispenso o treinamento, valeu — respondi, esfregando as costas.

Treinar com ele? Acho que eu quebrava antes de ficar mais forte. Esse cara é do tipo que te cumprimenta com tapão. Não é má pessoa, mas… espera aí. Notei algo na cintura dele: um par de manoplas de bronze, rústicas, com uma aura de guerreiro calejado.

— General, essas manoplas… — comecei a perguntar.

— Hmm? Ah, tenho um treino com os militares depois. Sou lutador, então uso essas belezinhas. Como assim, nunca ouviu falar do “Punho de Fogo Leon”? — disse ele, parecendo surpreso.

— Não faço ideia — respondi, sincero.

Mas, do meu lado, alguém reagiu de um jeito bem diferente.

— Eu sei! O mestre dos punhos flamejantes, que destruiu sozinho uma quadrilha de ladrões nas Montanhas de Merisia! E também enfrentou um golem de pedra numa batalha épica! — exclamou Elsie, com os olhos brilhando.

Olhei pra cintura dela e vi as manoplas assimétricas que ela usa: uma mais arredondada à esquerda e outra angular à direita. O general notou também e abriu um sorriso.

— Boa, garota! Tu também é lutadora, né? Raro ver mulher no ramo. Que tal? Quer participar do treino mais tarde? — convidou ele.

— Sério!? Tô dentro! — respondeu Elsie, quase pulando de animação.

Enquanto eles conversavam, o rei se aproximou de mim.

— Então, Touya-dono, sobre o título… — começou ele.

— Agradeço a oferta, mas… acho que não é pra mim — respondi, tentando ser educado.

— Eu imaginava que diria isso. Mas, sabe, um rei que não recompensa o cara que salvou sua vida fica mal na fita. Então, pelo menos quero mostrar que tentei te dar o título. Claro, se quiser aceitar, melhor ainda — explicou ele, com um tom meio brincalhão.

Entendi o lado dele. Ser rei deve vir com um monte de aparências pra manter. Estava quase sentindo pena, quando, de repente, a porta se abriu com um estrondo.

— Ouvi dizer que o Touya-san tá aqui! — gritou uma voz.

Era Charlotte-san, mas… nossa, que diferença! O cabelo verde-jade tá todo bagunçado, as olheiras tavam ainda piores que da última vez, e os olhos, vistos pelos óculos que fiz pra ela, tavam vermelhos e assustadores. Ela veio na minha direção com passos rápidos, tipo um predador.

Antes que eu pudesse fugir, ela agarrou minha jaqueta com uma mão e, com a outra, me mostrou uns copos com moedas de prata.

— Touya-san! Esses óculos! Pode me arrumar mais uns dois ou três!? Eu te ensinei sobre o “Transfer”, lembra!? Por favor! — disse ela, com uma urgência que me deu arrepios.

— Tá, tá, ajudou mesmo, mas… por quê? — perguntei, tentando entender.

— Por quê? Porque não dou conta de traduzir tudo sozinha! Tem limite, sabe!? Não acaba nunca! Você tem ideia de quantos textos são!? Quantos!? — gritou ela, repetindo a última frase como se eu fosse o culpado.

— Mano, calma aí! E não era você que tava tentando me fazer traduzir isso antes? — retruquei, mas logo vi que discutir com ela naquele estado era perda de tempo.

Pra evitar mais confusão, peguei os copos e as moedas, usei [Modelagem] e [Encantamento] e criei mais três óculos de tradução.

— Valeu! — disse Charlotte-san, arrancando os óculos da minha mão e já saindo correndo, tão rápido quanto entrou.

— Charlotte, cuida bem desses óculos. Se caírem nas mãos do Império, vai ser um problemão — avisou o rei.

— Entendido! — gritou ela, sumindo pelo corredor como um furacão.

— Que diacho foi isso? — murmurei, ainda atônito.

— Essa Charlotte… Desde que conseguiu esses óculos, não sai do laboratório. Tá se matando de trabalhar. Se continuar assim, vou ter que pedir pro Touya-dono usar [Recuperação] nela — brincou o rei, balançando a cabeça.

Pelo visto, sem querer, eu criei uma eremita viciada em trabalho. Ela deve ser do tipo que esquece o mundo quando tá focada em algo.

— Aquela era… a Charlotte-sama, a maga da corte? — murmurou Lindsey, olhando pra porta, ainda chocada.

— Entendo o que você tá sentindo. Não parece mesmo a maior feiticeira do reino — comentei.

— Queria conversar sobre magia com ela… que pena — disse Lindsey, desapontada.

— Melhor não. Se falar com a Charlotte agora, ela te prende por meio dia falando de magia espiritual antiga e te arrasta pra experimentos. Espera ela se acalmar — aconselhou o general, rindo.

— Bom, temos que preparar a cerimônia de concessão. Touya-dono, precisamos escolher uma roupa pra você usar no dia — disse o rei, batendo palmas.

Duas criadas apareceram de uma porta lateral. Ai, que saco…

— Lindsey, Yae, vocês vão fazer o quê? Ficar aqui? — perguntei.

— Vou ver o treino da mana — respondeu Lindsey.

— Eu também, de gozaru — disse Yae.

— Beleza. Yumina vai cuidar do Kohaku, então vou resolver isso rapidinho — falei, já me preparando pra seguir as criadas.

Fui levado pra outra sala pra escolher a roupa, torcendo pra que essa história de título não me desse mais dor de cabeça.

 

Comentar

Options

not work with dark mode
Reset