Capítulo 11 – Primeira viagem e samurai
Há vários tipos de missões na guilda. Desde a caça a monstros, coleta, investigação, até coisas mais peculiares, como cuidar de crianças.
Depois de completar algumas missões da guilda, nossa classificação aumentou ontem. Nosso cartão ficou roxo. Não somos mais iniciantes.
Agora, podemos aceitar tanto missões roxas quanto as pretas no quadro de missões.
Mesmo assim, se baixarmos a guarda, podemos falhar, e em casos extremos, colocar nossa vida em risco. Precisamos nos manter focados.
— Norte… ruínas… caça… Mega Slime?
Li uma das missões roxas. Graças à Lindsey, consegui ler algumas palavras simples. A recompensa é… 8 moedas de prata. Não parece ruim.
— Ei, que tal essa…
— “Não.”
Fui rejeitado em uníssono. Entendi. As duas fizeram uma expressão muito desagradável, é tão ruim assim?
Aparentemente, ambas têm problemas com coisas viscosas e pegajosas.
— Além disso, essas coisas dissolvem as roupas, certo? Definitivamente não.
— Perdemos essa…
— O que acha desta? Entrega de carta na capital. Despesas de transporte pagas. Recompensa de 7 moedas de prata. O que acha?
— Sete moedas de prata, huh… Não podemos dividir igualmente entre nós três.
— Não importa, podemos usar o que sobrar em algo para todos nós.
— É verdade.
Verifiquei a missão que Elsie sugeriu. O cliente é Zanack Zenfield… Espere, este é o mesmo Zanack?
Confirmei o endereço, e sim, é o “Rei da Moda Zanack” que conhecemos. Não há dúvidas.
— Quanto tempo leva daqui até a capital?
— Hum, cerca de cinco dias de carruagem?
É uma distância considerável. Parece que será nossa primeira longa viagem. Mas na volta, podemos usar o “Gate” e voltar em um instante, então será mais fácil. Além disso, uma vez que chegarmos à capital, podemos usar o “Gate” para ir e voltar rapidamente no futuro, o que será conveniente.
— Tudo bem, vamos aceitar essa missão. Eu conheço o cliente dessa missão.
— Sério? Então está decidido.
Elsie arrancou o papel do pedido e o levou para a recepção. Depois de concluir a recepção, Elsie disse que deveríamos perguntar diretamente ao cliente sobre os detalhes do pedido.
Bem, vamos encontrá-lo então.
— Ei, há quanto tempo. Você tem estado bem?
— Agradeço pela ajuda da última vez.
Assim que entramos na loja, Zanack-san nos notou e nos chamou. Quando dissemos que viemos a pedido da guilda, ele nos levou para um quarto nos fundos.
— O trabalho consiste em entregar esta carta ao Visconde Swordleck na capital real. Ele deve saber quem sou se mencionar meu nome. Gostaria que você trouxesse uma resposta dele também.
— É uma carta urgente?
— Não é urgente, mas seria problemático se demorasse demais.
Zanack-san riu enquanto colocava uma carta em um tubo curto sobre a mesa. O lacre de cera estava selado e um selo estava impresso.
— Aqui está o dinheiro para o transporte. Coloquei um pouco a mais. Você não precisa devolver o que sobrar. Aproveite para dar uma olhada na capital real.
— Muito obrigado.
Depois de pegar a carta e o dinheiro do transporte, saímos da loja e começamos a nos preparar para a viagem. Eu cuidei do aluguel da carruagem, Lindsey comprou alimentos para a viagem e Elsie voltou para a hospedagem para pegar os itens necessários.
Uma hora depois, tudo estava pronto, e partimos em direção à capital real.
Alugamos uma carruagem. Era uma carruagem simples, sem cobertura e apenas uma área de carga, mas era muito melhor do que caminhar. Eu não sei lidar com cavalos, mas as duas são ótimas nisso. Aparentemente, um parente delas administra uma fazenda, então elas estão acostumadas a lidar com cavalos desde crianças.
Como resultado, uma delas se revezava no assento do cocheiro, enquanto eu só era sacudido na área de carga. Me sinto um pouco mal.
A carruagem avançava pela estrada, cumprimentando outras carruagens que passavam de vez em quando e seguindo para o norte.
Deixamos a cidade de Reflet e passamos direto pela cidade de Nolan. Quando chegamos à cidade de Amanesk, o sol estava se pondo.
Vamos encontrar uma estalagem nesta cidade hoje. Espere um pouco.
Se eu pensar bem, posso usar o “Gate” para voltar a Reflet, ficar na “Lua Prateada” e começar de novo daqui amanhã, não é?
Quando compartilhei minha ideia com as duas, fui imediatamente rejeitado. Ah, é mesmo?
Elas disseram que eu estaria perdendo a diversão da viagem.
— Ficar em uma cidade desconhecida, visitar lojas desconhecidas e dormir em lugares desconhecidos é o melhor. Você não entende, né?
Então, Elsie ficou perplexa comigo. Ela disse que, já que temos dinheiro para o transporte, não devemos ser mesquinhos. Será mesmo?
Decidimos encontrar uma estalagem antes do pôr do sol. Conseguimos um lugar um pouco melhor do que a “Lua Prateada”. Eu fiquei em um quarto comum, enquanto as duas ficaram em um quarto maior para duas pessoas.
Depois de decidir sobre a estalagem, deixamos a carruagem e saímos para jantar. O dono da estalagem disse que a cidade era famosa por suas deliciosas massas. Quem sabe tem ramen por aqui?
Enquanto procurávamos por algum lugar acessível para comer, ouvimos vozes discutindo do lado de fora. Havia uma multidão de curiosos, e parecia que algo estava acontecendo.
— O que está acontecendo?
Curiosos, abrimos caminho pela multidão e chegamos ao centro do tumulto. Lá estava uma jovem estrangeira cercada por vários homens.
— Aquela garota… está vestida de maneira bem diferente…
— …É uma samurai.
Respondi brevemente à pergunta de Lindsey.
Ela usava um quimono rosa claro, calças azul-marinho, meias brancas e sandálias com tiras pretas. E na cintura, duas espadas de tamanhos diferentes. Seus cabelos negros e fluidos foram cortados acima das sobrancelhas. A parte de trás estava amarrada em um rabo de cavalo e a ponta também estava cortada reta acima do ombro. Um pente discreto combinava muito bem com ela.
Embora eu tenha dito samurai, a imagem dela era mais de uma mulher elegante e moderna. No entanto, sua postura era a de uma samurai.
Cercando a jovem samurai, havia quase dez homens com olhares ameaçadores. Alguns deles já haviam sacado espadas e facas.
— Você nos ajudou muito hoje, irmã. Viemos agradecer.
— …Hmm? Não me lembro de ter ajudado vocês.
Uau, ela realmente falou “não me lembro” e “ajudado”! É a primeira vez que ouço isso ao vivo.
— Não finja que não sabe…! Você derrotou nossos amigos e acha que pode voltar para casa em segurança?
— …Ah, então vocês são amigos daqueles que entregamos aos guardas hoje à tarde. Vocês que estão errados. Vocês estavam bêbados e causando problemas durante o dia.
— Cale a boca! Ataquem!
Os homens atacaram todos de uma vez. A samurai desviou deles com facilidade e agarrou o braço de um, jogando-o no chão com um movimento suave. O homem que foi jogado no chão estava agonizando e não conseguia se mover.
Ela desviava o ímpeto do adversário, desequilibrava-o e o derrubava. Seria Aikido… ou Jiu-jitsu? A jovem samurai lançava dois ou três oponentes um após o outro, mas, de repente, cambaleou e seus movimentos ficaram lentos.
Aproveitando a oportunidade, um homem com uma espada posicionada atrás dela tentou golpeá-la. Perigoso!
— Areia, venha! Poeira cega, Blind Sand! — gritei rapidamente, tecendo o feitiço e lançando a magia.
— Ah, meus olhos…! — exclamou o homem.
Era um feitiço de cegueira causado pela areia. Não tinha muito efeito, mas era suficiente para lidar com a situação. Durante esse tempo, acertei um chute voador no homem com a espada. A samurai ficou surpresa com a intervenção repentina, mas percebendo que eu não era um inimigo, voltou sua atenção ao adversário à sua frente.
— Ah, já que estou enfiando a cara em problemas! — resmungou Elsie enquanto se lançava na batalha, golpeando com seu pesado soco de manopla. E por algum motivo, ela estava sorrindo?
Depois de um tempo, todos os homens estavam no chão. Elsie havia derrotado metade deles com prazer. Que medo.
Quando os guardas da cidade chegaram, deixamos o local nas mãos deles e nos afastamos.
— Agradeço a ajuda. Meu nome é Koko-noe Yae. Ah, Yae é meu nome e Koko-noe é o nome da minha família. — disse a jovem samurai, se curvando. Senti um certo déjà vu em sua apresentação.
— Por acaso, você é de Ishen? — perguntei.
— Sim, sou de Oedo, em Ishen. — ela respondeu.
Oedo, hein? Então era tão parecido assim?
— Eu sou Mochizuki Touya. Touya é o meu nome e Mochizuki é o nome da minha família.
— Oh, Touya-san também nasceu em Ishen!?
— Não. Eu venho de um país diferente, embora pareça Ishen.
— “Hã?” — as gêmeas atrás de mim exclamaram em surpresa. Ah, é verdade, eu disse que era de Ishen porque era mais fácil assim.
— De qualquer forma… você parecia cambalear durante a luta. Está se sentindo mal? — perguntei.
— Não, não tenho problemas de saúde, mas… uh… Sinto vergonha em admitir que perdi todo o meu dinheiro no caminho para cá, então… — ela respondeu.
Grrrrrrrr.
O estômago de Yae roncou alto. Ela corou e encolheu os ombros.
E assim, a samurai faminta chegou.